A resistência aos antimicrobianos (AMR), das bactérias, e a morbilidade e mortalidade humanas associadas está a aumentar.
Uma investigação internacional quantificou e caracterizou os grupos de genes de resistência adquiridos (resistomas) de 181 explorações de porcos e 178 explorações de aves de nove países europeus (Bélgica, Bulgária, Alemanha, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Holanda e Polónia), sequenciando mais de 5.000 Gb de ADN utilizando metagenómica.
O estudo identificou a presença de 407 genes de resistência a antibióticos nos mais de 9.000 animais analisados.
Foi quantificada a AMR adquirida utilizando a base de dados ResFinder e uma segunda base de dados construída para este estudo, que consistia em genes de AMR identificados através da análise do ADN ambiental.
Os resistomas encontradas em porcos e aves foram muito diferentes em abundância e composição. Houve um efeito significativo do país sobre os resistomas, mais em porcos que em aves. Foram observadas maiores cargas de AMR em porcos, enquanto que os resistomas em aves foram mais diversos. Foram detectados vários genes AMR críticos recentemente descritos, incluidos mcr-1 e optrA, cuja abundância diferia tanto entre espécies hospedeiras como entre países. Foi observado que o nível de AMR total adquirido estava associado ao uso de antimicrobianos específicos no gado de cada país e que os países com padrões de uso comparáveis tinham resistomas semelhantes. No entanto, os genes AMR determinados funcionalmente não eram associados ao uso total de drogas.
Também é relevante a homogeneidade dos resultados obtidos nas amostras de porcos onde, na maioria deles, foram encontrados genes de resistência a tetraciclinas, macrólidos, betalactámicos e aminoglicósidos. Pelo contrário, nas amostras de frangos, os resultados obtidos foram muito heterogéneos encontrando-se também genes de resistência aos mesmos antibióticos, mas em quantidades muito diferentes entre as amostras analisadas.
Patrick Munk, et al. Abundance and diversity of the faecal resistome in slaughter pigs and broilers in nine European countries. Nature Microbiology 2018. DOI: 10.1038/s41564-018-0192-9.