As porcas reduzem o apetite e o rendimento durante a lactação para minimizar a produção de calor quando estão sob stress por calor, pelo que concentrar a dieta ou mesmo reduzir o conteúdo de proteína são estratégias estudadas frequentemente. Por outro lado, o uso de aromas na ração poderá ser benéfico para estimular o consumo de alimento em situações de stress por calor.
Neste estudo, um total de 300 porcas (Landrace x Large White) de diferente paridade foram alimentadas com rações com diferentes níveis de aroma durante a lactação e foi avaliado o seu rendimento produtivo e reprodutivo em condições tropicais. Usando um desenho aleatório completo, as porcas foram colocadas em 3 tratamentos dietéticos: dieta controlo (T1) e outras duas dietas com diferentes níveis de inclusão de aromas (T2 = 250 e T3 = 500 g/t) durante a lactação de 24 dias e durante o intervalo desmame-cio (IDE). As temperaturas ambiente e as humidades relativas mínimas e máximas (média) medidas diariamente foram de 17,4 °C e 34,7 °C e 38,0% e 93,8%, respectivamente.
O uso de aroma influenciou o consumo voluntário de alimento das porcas. As porcas alimentadas com o nível T3 mostraram um maior consumo que as T2 e T1 (6,60 vs. 6,02 vs. 5,08 kg/d, respectivamente). O maior nível de adição de aroma (T3) deu lugar a um consumo de alimento 9,6% mais elevado em comparação com o nível T2. As porcas T3 tiveram um número de leitões desmamados maior em comparação com as porcas T2 e T1 (13,45 vs. 13,07 vs. 12,95 leitões, respectivamente). O ganho médio diário de peso dos leitões foi também afectado pelo tratamento já que nas ninhadas procedentes das porcas T3 o ganho diário foi maior em comparação com as procedentes de porcas T2 e T1 (3,37 vs. 2,75 vs. 2,58 kg/d, respectivamente). O peso ao desmame também foi maior para os leitões de porcas T3 em comparação com as porcas T2 e T1 (7,00 vs. 6,16 vs. 5,86 kg, respectivamente). A produção diária de leite calculada foi maior nas porcas alimentadas com T3 que com T2 e T1 (12,99 vs. 9,55 vs. 8,59 kg/d, respectivamente). Não foram detectadas diferenças entre tratamentos para o intervalo desmame-cio, que foi de 4,3 dias de média. Os tratamentos influíram na frequência respiratória já que as porcas T3 tiveram uma frequência respiratória mais alta que as T2 e T1 (82,7 vs. 79,6 vs. 65,4 respirações/min, respectivamente). De forma semelhante, as temperaturas rectais para as porcas T1 mostraram valores mais baixos em comparação com as porcas T2 e T3 (38,8 vs. 39,1 vs. 39,3 °C, respectivamente).
Em conclusão, o uso estratégico de aromas na ração para estimular o consumo voluntário das porcas pode beneficiar a produção de leite e melhorar o rendimento das ninhadas, o que pode ajudar a reduzir os efeitos negativos das condições de stress térmico em porcas em lactação.
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Silva, B. A. N., Tolentino, R. L. S., Eskinazi, S., Jacob, D. V., Raidan, F. S. S., Albuquerque, T. V., Olivera, N. C., Araujo, G. G. A., Silva, K. F. and Alcici, P. F. (2018). Evaluation of feed flavor supplementation on the performance of lactating high-prolific sows in a tropical humid climate. Animal Feed Science and Technology, 236, 141-148. https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2017.12.005