O ambiente fetal pode conduzir a alterações pós-natal permanentes no metabolismo da descendência relacionados com a regulação do apetite, deposição de gordura e composição das fibras musculares. Neste estudo, utilizando um modelo suíno, combinaram-se, por um lado a alimentação da porca (restringida, controlo ou alta) e por outro a condição corporal (baixa adiposidade ou alta adiposidade) durante a gestação para investigar como a gordura dorsal (EGD) e o nível de alimentação interagiam e influenciavam o crescimento da descendência. No estudo também foram investigados ditos factores sobre os ciclos reprodutivos seguintes das porcas. Foi posta a hipótese de que o efeito sobre o crescimento da descendência estaria composto pelos níveis de stress maternal e a composição do leite.
Para isso foram utilizadas um total de 68 porcas magras (EGD aproximadamente de 8mm) e 72 porcas de alta adiposidade (EGD aproximadamente de 12mm) que foram seleccionadas com 22 semanas de idade. No dia 25 de gestação, as porcas de cada grupo de condição corporal foram distribuídas segundo o seu peso e data prevista de parto e alojadas aleatoriamente em um dos três níveis de alimentação: (a) restringido (1,8 kg/d), (b) controlo (2,5 kg/d) ou (c) alto nível de alimentação (3,5 kg/d), até ao dia 90 de gestação. A partir do dia 90 de gestação todas as porcas foram alimentadas com 2,5 kg/d até ao dia 110. No total foram obtidos seis tratamentos: magras e restringidas (DR), magras e controlo (DC), magras e alta alimentação (DAA), gordas e restringidas (GR), gordas e controlo (GC) e gordas e alta alimentação (GAA).
Os resultados mostraram que durante a gestação as porcas restringidas tiveram maiores níveis de cortisol e pariram leitões de menor peso que as alimentadas com níveis controlo ou altos. Esta resposta à restrição alimentar foi mais acentuada em porcas de alta adiposidade. Os leitões nascidos das porcas gordas tiveram maior ganho médio diário durante a lactação e maiores pesos ao desmame que os de porcas magras. As porcas do grupo de alto nível de adiposidade deram lugar a leitões mais pesados que as porcas controlo ou restringidas. As porcas gordas tiveram menores níveis de gorduras saturadas e maiores de insaturadas no leite ao dia 21 de lactação. Não foram encontradas diferenças quanto à relação n-6:n-3 PUFA no leite entre os grupos de magras e gordas.
Em conclusão, a condição corporal da porca influi sobre o ganho médio diário dos seus leitões até ao desmame e sobre a composição do leite. Além disso, o nível de alimentação da mãe durante a gestação altera os níveis de cortisol e a composição da gordura do leite.
Amdi, C., Giblin, L., Hennessy, A.A., Ryan, T., Stanton, C., Stickland, N.C. and Lawlor, P.G. (2013) Feed allowance and maternal backfat levels during gestation influence maternal cortisol levels, milk fat composition and offspring growth. Journal of Nutrition Science.2; 1-10. doi:10.1017/jns.2012.20