Sessenta porcas Duroc × (Landrace×Large White) com 93,5 Kg de peso vivo, foram usadas para investigar o efeito do aumento da concentração de energia neta no rendimento de crescimento e carcaça, carne e características da gordura. Os animais eram destinados para a produção de presuntos curados. Os animais foram abatidos com 130 Kg de peso, com um mínimo de espessura de gordura do glúteo médio. Foram realizados três tratamentos, com quatro réplicas cada um, baseados na concentração da energia neta na dieta (2.280, 2.350 e 2.420 Kcal/Kg). A dieta com menor concentração de energia neta foi usada como controlo. O peso individual e o consumo por curral registaram-se nos dias 0 e 42 da experiência e foram utilizados para calcular o ganho diário (ADG), o consumo diário (ADFI) e o índice de conversão (FCR) para cada réplica. O consumo de energia neta (ADNEI) também foi calculado por curral tendo em conta o conteúdo em energia neta da dieta.
Não foram detectadas diferenças no ganho diário nem na ingesta de energia, mas viu-se como diminuiu o consumo e o índice de conversão tendeu a melhorar quando aumentava a energia. Não foi observada influência do tratamento em ADNEI no final da experiência. No entanto, houve uma relação linear entre a concentração de energia neta e o consumo diário (R2=0,43; P<0,05) e o índice de conversão (R2=0,30; P<0,10), indicando reduções de 130g/d e 0,23 pontos, respectivamente, quando os níveis de energia neta foram aumentados em 100 Kcal por acima dos 2280Kcal/Kg. A espessura da gordura do glúteo médio foi maior (P<0,05) e a proporção de carcaças adequadas tendeu a melhorar quando a energia aumentou. Ainda que as concentrações de energia neta na dieta não tenham afectado o peso de nenhuma estrutura magra estudada, uma redução linear no rendimento total (presuntos+ paletas + lombos + lombinhos) foi observada quando o conteúdo de energia neta foi aumentado (R2 = 0,17, P <0,01), principalmente devido à diminuição do rendimento do presunto (R2 = 0,20, P = 0.001) e do lombo (R2 = 0,11, P<0,05) numa taxa de 0,6 e 0,2 unidades percentuais, respectivamente, por cada 100 Kcal/Kg de ração. Um aumento na concentração de energia neta de 2.280 a 2.350 Kcal/Kg tendeu a incrementar (P<0,10) a percentagem final das carcaças aceitáveis para a produção de presunto curado de alta qualidade. O tratamento teve pouco efeito sobre a carne e os ácidos gordos.
Em conclusão, e tendo também em conta o alto preço da gordura como fonte de energia, 2.350 Kcal de energia neta por Kg de ração optimizaria as respostas produtivas e de qualidade da carne em porcas quando estas são destinadas para a produção de presuntos curados.
J. Suarez-Belloch, M.A. Sanz, M. Joy, M.A. Latorre. Impact of increasing dietary energy level during the finishing period on growth performance, pork quality and fatty acid profile in heavy pigs. Meat Science (93):796 – 801. http://dx.doi.org/10.1016/j.meatsci.2012.12.006