O abate de porcos pesados optimiza as altas taxas de ganho de peso conseguidas pelos animais seleccionados e reduz os custos de funcionamento tanto para as explorações suínas como para os matadouros.
No entanto, a fase de engorda é muito cara para os criadores de porcos, especialmente devido ao alto volume de alimento requerido e a uma pior eficiência alimentar. Existe falta de informação no que respeita ao nível recomendado de energia neta (EN) para porcos pesados, especialmente nos alimentados com dietas com pouca proteína bruta (PB).
O objectivo deste estudo foi investigar diferentes níveis de EN em dietas com redução de PB (que se complementou com aminoácidos) e o seu efeito sobre o comportamento alimentar, o rendimento e as características da carcaça de porcos pesados (100-130 kg). Para isso, um total de 65 machos castrados (100 ± 6,0 kg de peso corporal) foram distribuídos por grupos experimentais num desenho de blocos completos aleatoriamente com o peso corporal inicial como critério de bloqueio. Foram usados 5 tratamentos em função do nível de EN (2300, 2388, 2475, 2563 ou 2650 Kcal EN/kg), com 13 porcos por tratamento (alojados individualmente) sendo o animal a unidade experimental. As dietas foram formuladas com base em milho, bagaço de soja e sêmea de trigo e foram proporcionadas durante 32 dias. Os níveis de PB foram semelhantes entre as dietas e aproximadamente 2% abaixo das necessidades (13,9%). Os porcos foram pesados no início e no final da experiência. As visitas aos comedouros, o tempo e a quantidade de alimento consumido por refeição foram registados através de estações de alimentação automáticas. Foi calculado o consumo diário de alimento e foi avaliado o comportamento alimentar. No final da experiência, os porcos foram abatidos para avaliar as características das carcaças.
Os níveis de EN não afectaram o consumo médio diário de ração, mas influenciaram no comportamento alimentar. Os porcos alimentados com as dietas de 2388, 2475 e 2563 kcal EN/kg realizaram menos consumos diários em comparação com aqueles alimentados com as dietas com 2300 e 2650 kcal EN/kg. Portanto, estes animais ocuparam os comedouros durante menos tempo diário em comparação com os alimentados com 2300 e 2650 kcal EN/kg. O consumo médio diário de EN aumentou linearmente com o aumento de EN na dieta, no entanto, o ganho médio diário não diferiu entre os tratamentos dietéticos. A eficiência alimentar mostrou uma relação quadrática com maiores níveis de EN. A eficiência alimentar dos porcos alimentados com 2563 kcal EN/kg não diferiu dos alimentados com 2388 e 2475 kcal EN/kg, mas foi 9% maior que nos tratamentos com 2300 e 2650 kcal EN/kg. Em relação à carcaça, nem a profundidade nem a área do lombo diferiram significativamente quando os níveis de EN da dieta aumentaram de 2300 para 2650 kcal EN/ kg. No entanto, foi observado um efeito linear sobre o rendimento da carcaça quente e uma tendência para um efeito quadrático para o peso da carcaça quente, espessura da gordura dorsal e percentagem de carne magra.
Em conclusão, com base nos níveis de EN usados neste estudo, os níveis de 2388, 2475 e 2563 kcal EN/kg deram lugar aos melhores resultados para porcos pesados alimentados durante 32 dias com dietas baixas em PB, já que os animais ocuparam os comedouros durante menos tempo e mostraram uma maior eficiência alimentar.
Fracaroli, C., Perondi, D., dos Santos, L. S., da Silva, W. C., Veira, A. M., & Hauschild, L. (2017). Net energy levels of reduced crude protein, amino acid-supplemented diets for heavy pigs. Livestock Science, 205, 43-49. https://doi.org/10.1016/j.livsci.2017.09.014