Se bem que podem ser obtidas vantagens económicas ao usar, em rações, sub-produtos quando estes são rentáveis, o uso de elevadas quantidades de fibra dietética na fase de acabamento pode afectar negativamente o rendimento da carcaça.
Foram realizadas duas experiências para determinar o momento de terminar o uso de um alto conteúdo de fibra na dieta de porcos antes do abate que permita restaurar o rendimento da carcaça e o valor de iodo da gordura (IV) para valores semelhantes aos dos porcos alimentados de forma contínua com uma dieta à base de milho e bagaço soja.
Na experiência 1 foram usados 288 porcos (38,4 ± 0,3 kg peso corporal inicial) num estudo de 88 dias que foram alimentados com uma dieta de milho e bagaço de soja baixa em fibra do dia 0 ao 88 ou uma dieta com alto conteúdo em fibra (30% de DDGS e 19% de farinha forrageira de trigo) até aos dias 20, 15, 10, 5 ou 0 dias antes do abate, voltando depois à dieta de milho e bagaço de soja baixa em fibra. As dietas não foram equilibradas para conteúdo de energia bruta.
Os porcos alimentados de forma contínua com a dieta alta em fibra tenderam a aumentar o consumo médio diário de ração e diminuíram a relação ganho:consumo (G:I) e o rendimento da carcaça em comparação com os porcos alimentados com a dieta baixa em fibra. Além disso, os porcos alimentados com a dieta alta em fibra tiveram maior IV na gordura da papada, gordura dorsal, abdominal e pescoço em comparação com os alimentados com a dieta baixa em fibra. À medida que aumentavam os dias de retirada da dieta alta em fibra, os porcos que anteriormente se alimentavam com a dieta rica em fibra tiveram um aumento quadrático do rendimento da carcaça. Os porcos alimentados continuamente com a dieta alta em fibra tinham um intestino grosso mais pesado (percentagem de peso de carcaça quente) que os porcos alimentados com a dieta de milho e bagaço de soja. Aumentando o tempo de retirada, o peso do intestino grosso completo aumentou linearmente e o IV da gordura abdominal tendeu a melhorar.
Na experiência 2 foram utilizados um total de 1.089 porcos (44,5 ± 0,1 kg de peso corporal inicial) num estudo de 96 dias de duração com os mesmos tratamentos dietéticos que na experiência 1 com uma excepção, os porcos foram alimentados com a dieta alta em fibra até ao dia 24, 19, 14, 9 ou 0 antes do abate e depois passaram à dieta de milho e bagaço de soja. Os resultados indicaram que os porcos alimentados de forma constante com a dieta com alto conteúdo de fibra apresentaram menor ganho médio diário de peso e G:F em comparação com os alimentados com a dieta baixa em fibra. O uso de uma dieta alta em fibra e posterior mudança para uma dieta de milho e bagaço de soja baixa em fibra tendeu a melhorar de forma linear a G:I ao aumentar o periodo de retirada. Os pocos alimentados com a dieta rica em fibra reduziram a percentagem de peso da carcaça quente em comparação com os alimentados com a dieta baixa em fibra que tendia a aumentar quadraticamente à medida que aumentava o periodo de retirada.
Em conclusão, mudar de uma dieta alta em fibra para uma dieta de milho e bagaço de soja baixa em fibra até 24 dias antes de alcançar o peso de abate aumentou o rendimento da carcaça (experiência 1) ou percentagem de peso da carcaça (experiência 2) com a melhoria destacada durante os primeiros 5 a 9 dias após a retirada da dieta alta em fibra. Ainda que reduzir a fibra possa melhorar o IV da gordura, nenhuma das estratégias de retirada permitiu restaurar este índice a niveis semelhantes aos dos porcos alimentados com dietas baixas em fibra.
Coble, K. F., DeRouchey, J. M., Tokach, M. D., Dritz, S. S., Goodband, R. D., and Woodworth, J. C. (2018). Effects of withdrawing high-fiber ingredients before marketing on finishing pig growth performance, carcass characteristics, and intestinal weights. Journal of Animal Science, 96(1), 168-180. https://doi.org/10.1093/jas/skx048