Com a propagação a nível mundial do vírus da peste suína africana (vPSA) e a evidência de que os alimentos compostos e/ou ingredientes podem ser vectores potenciais para a transmissão de agentes patogénicos, é fundamental compreender que papel podem ter os fabricantes de rações na propagação potencial deste vírus altamente virulento. Foi construída uma fábrica de rações à escala piloto, equipada com misturadora, elevador de alcatruzes e correspondente descarga no laboratório de Biossegurança Animal Ag. Nível-3 no Instituto de Investigação de Biossegurança na Universidade Estadual do Kansas. Foram recolhidas amostras de 18 locais diferentes do equipamento e laboratório para analisar a contaminação ambiental antes e depois da introdução da ração inoculada com vPSA. Primeiro foi fabricado um lote de ração na fábrica para confirmar que este era negativo ao vPSA; depois foi adicionado na misturadora uma ração inoculada com o vPSA e foi produzido um lote de ração com ingredientes não inoculados. Os ingredientes foram misturados e foram descarregados através do elevador de alcatruzes. Posteriormente foram fabricados mais 4 lotes de ração sem vPSA. Foram recolhidas zaragatoas ambientais depois da descarga de cada lote em locais categorizados em quatro zonas: A) superfície de contacto da ração, B) superfície sem contacto com a ração, mas a < de 3,2 pés de distância da ração, C) superfície sem contacto com a ração a > de 3,2 pés de distância da ração, D) superfícies transitórias como sapatos de trabalho. As zaragatoas foram analisadas com qPCR para o gen P72 do vPSA num laboratório BSL-3 para detectar ADN específico do vPSA. As zaragatoas recolhidas antes da introdução da ração inoculada vPSA foram negativas para o ADN do vPSA. As zaragatoas ambientais recolhidas depois da produção de ração inoculada com o vPSA deram como resultado a contaminação das zonas A-D. Os níveis de contaminação com vPSA-ADN foram reportados como valor Ct ou número de cópias genómicas (CN) por ml. Neste caso não houve evidência de interacção da zona de amostragem x lote e não houve diferença na proporção de reacções positivas ao vPSA entre a localização da amostragem ou lote de ração durante toda a experiência. Isto indica que uma vez as instalações contaminadas com o vPSA, a contaminação propagou-se rapidamente e persistiu nas superfícies ambientais, inclusive durante a fabricação dos lotes posteriores não inoculados com vPSA. As amostras de superfícies transitórias (Zona D) tiveram vPSA mais detectável (um valor Ct menor) em comparação com as outras superfícies, o que indica um alto nível de contaminação por vPSA (valores altos de CN). As amostras recolhidas depois da série de fabrico 3 tiveram vPSA menos detectável (um valor Ct maior) em comparação com as amostras recolhidas imediatamente depois da fabricação do lote de ração inoculado com vPSA, o que indica que os níveis mais baixos de contaminação por vPSA (valores baixos de CN) em repetições posteriores do processo de fabricação de rações.
Foi observada a evidência da interacção de uma zona de amostragem x lote para o número de cópias genómicas/ml. Para as amostras recolhidas depois da fabricação do lote de ração inoculado com vPSA, foi observado um menor número de cópias genómicas do vPSA/ml (maior Ct) para zaragatoas recolhidas de superfícies sem contacto com a ração a > de 3,2 pés de distância (Zona C) em comparação com as superfícies de contacto com a ração (Zona A), com outras superfícies (Zona B e D) sem evidência de uma diferença significativa. Depois das sequências de fabricação 1, 2 e 3, as amostras recolhidas das superfícies transitórias (Zona D) apresentaram um maior número de cópias genómicas do vPSA/ml (Ct Baixo) em comparação com outros locais da amostragem. Depois da sequência de fabrico 4, não houve evidência de uma diferença no número de cópias genómicas de vpSA/ml entre as localizações da amostragem.
Em conclusão uma vez introduzido o vPSA experimentalmente numa fábrica de rações o vírus disseminou-se de forma ubíqua em toda a instalação, apenas com alterações menores na frequência da detecção à medida que eram produzidos os lotes de ração seguintes.
Elijah CG, Trujillo JD, Jones CK, Gaudreault NN, Stark CR, Cool KR, Paulk CB, Kwon T, Woodworth JC, Morozov I, Gebhardt JT, Richt JA. Evaluating the Distribution of African Swine Fever Virus Within a Feed Mill Environment Following Manufacture of Inoculated Feed. Kansas Agricultural Experiment Station Research Reports. 2020; 6(10). https://doi.org/10.4148/2378-5977.8012