A restrição de ração provoca uma redução do consumo e do ganho diário de peso, mas melhora o índice de conversão. A redução do consumo de aminoácidos (AA) pode aumentar o consumo voluntário e o ganho sem afectar a conversão.
Geralmente, os estudos sobre a restrição de ração e reduções de AA têm-se centrado nos efeitos sobre o crescimento e a carcaça, poucos estudaram o comportamento alimentar.
O presente estudo tem o objectivo de avaliar o comportamento alimentar em porcos alojados em grupo e alimentados individualmente submetidos a restrição de ração ou em combinação com uma redução no conteúdo dietético de AA indispensáveis. Para tal, foram utilizados noventa e seis machos castrados distribuídos por 8 currais e alimentados individualmente ad libitum (AL) ou restringidos (RF) entre os 47 e os 145 kg de peso (PV). A quantidade de ração administrada aos porcos RF foi semelhante ao consumo voluntário esperado, mas limitou-se a proporções de 0,33, 0,66 e 1,00 da quantidade diária estimada em 3 intervalos de tempo, 00:01 às 8:00, 8:01 às 16:00 e 16:01 às 24:00 h, respectivamente. A partir dos 86 kg de PV, os porcos de 4 currais foram alimentados com o nível standart de AA digestíveis ileal estandarizados (CAA), enquanto que os outros currais receberam dietas com uma redução de AA essenciais (LAA) de 0,91 relativamente a CAA entre os 86 e os 118 kg BW e de 0.82 entre 118 e 145 kg de PV. Utilizando comedouros automáticos foi monitorizado o comportamento individual. Os dados foram analisados por porco e fase de alimentação com um desenho factorial de 2×2.
Durante todo o periodo experimental, a restrição alimentar resultou numa diminuição do consumo diário (7%), número de visitas (27%) e tempo de alimentação (14%), mas num aumento no consumo de alimento por visita (20%) e taxa de alimentação (10%). A redução de AA aumentou o consumo diário de alimento (7%) e tendeu a aumentar a taxa de alimentação (14%). Foi observada uma forte correlação negativa e não linear entre o consumo de alimento por visita e a frequência de visita (R2 = 0,989 a 0,876), a duração e a frequência da visita (R2 = 0,648 a 0,695) e entre a taxa de alimentação e o tempo de alimentação ao longo do dia (R2 = 0,802 a 0,707) e relações lineares positivas entre a duração da visita e o consumo de alimento por visita (R2 = 0,614 a 0,570). A taxa de alimentação individual durante o crescimento foi correlacionada positivamente com a da fase de acabamento (R2 = 0,458).
Pode-se concluir que os porcos tentam adaptar o seu padrão de alimentação para compensar uma redução na quantidade de ração ou restrição de nutrientes, por exemplo, aumentando o seu nível de alimentação, o que se pode refletir numa maior motivação pelo alimento. No entanto, os resultados do presente estudo mostram que uma mudança no nível de alimentação não é a única estratégia adoptada pelos porcos para alcançar o seu consumo de alimento desejado.
Carcò, G., Dalla Bona, M., Carraro, L., Latorre, M. A., Fondevila, M., Gallo, L., & Schiavon, S. (2017). Influence of mild feed restriction and mild reduction in dietary amino acid content on feeding behaviour of group-housed growing pigs. Applied Animal Behaviour Science.https://doi.org/10.1016/j.applanim.2017.09.020