É amplamente aceite que a nutrição é o principal factor que influi na deposição de lipídios e ácidos gordos em animais monogástricos. Além disso, vários autores relataram que o teor de ácidos gordos poliinsaturados (AGPIs) na dieta, poderia afectar os perfis de ácidos gordos do tecido muscular e do tecido adiposo resultantes, influenciando as características da carne.
Portanto, com a finalidade de proporcionar aos consumidores produtos de carne de porco de alta qualidade, o objectivo do presente estudo foi investigar os efeitos do ratio nos ácidos gordos poliinsaturados n-6: n-3 presentes na dieta, no rendimento do crescimento, perfis lipídicos sanguíneos, composição de ácidos gordos da carne, características da carcaça e qualidade da carne em porcos de acabamento.
Foram utilizados, para isso, um total de 72 porcos [(Landrace × Yorkshire) × Duroc] com uma média inicial de 51,59 ± 1,59 kg de peso vivo num teste de 10 semanas para avaliar os efeitos de diferentes proporções na dieta de AGPIs n-6: n-3. Os porcos foram aleatoriamente distribuidos por 3 tratamentos com 6 réplicas e 4 porcos por parque. Os animais foram alimentados com dietas baseadas em milho - bagaço de soja, formuladas substituindo o bagaço de soja por óleo de linhaça para atingir um ratio de n-6: n-3 de 5:1, 10:1 e 15:1, respectivamente.
Como resultado, o rendimento do crescimento, as características da carcaça e os parâmetros de qualidade da carne (cor da carne, avaliação sensorial, perdas por cocção, perdas por gotejamento, pH, área muscular de longissimus e capacidade de retenção de água) não foram influenciados por nenhum dos ratios n-6: n-3 estudados. No entanto, em relação aos valores sanguíneos, os porcos alimentados com a dieta com uma relação n-6: n-3 AGPIs de 5:1 tiveram valores menores no soro de colesterol total, colesterol LDL e triglicéridos. Quanto à composição de ácidos gordos da carne, as concentrações de n-3 AGPIs, incluindo C18:3N-3, C22:5N-3 e C22:6N-3 foram melhoradas nos músculos longissimus dorsi dos porcos alimentados com a dieta com uma relação n-6: n-3 AGPIs de 5:1. Além disso, nos porcos alimentados com a dieta n-6: n-3 AGPIs com um ratio de 5:1 diminuiram as concentrações de n-6 (C18:2N-6 e C20:4N-6) dos músculos de longissimus dorsi.
Em conjunto, diminuir a relação n-6: n-3 na dieta para 5:1 pode ser benéfico para os perfis lipídicos no sangue, e para melhorar o valor nutricional da carne de porco, sem efeito adverso sobre o rendimento do crescimento e os parâmetros de qualidade da carne que estão relacionados com a aceitação do consumidor.
Liu, W. C., & Kim, I. H. (2018). Effects of different dietary n-6: n-3 PUFA ratios on growth performance, blood lipid profiles, fatty acid composition of pork, carcass traits and meat quality in finishing pigs. Annals of Animal Science, 18(1), 143-154. https://doi.org/10.1515/aoas-2017-0026