A legislação europeia determina que o corte de caudas não pode ser feito de forma rotineira (Diretiva 2008/120 / CE). No entanto, isso ainda é praticado regularmente em muitos países europeus, assim como em países fora da Europa.
A Federação dos Veterinários da Europa (FVE), a Associação Europeia de Gestão de Saúde Suína (EAPHM), juntamente com a Comissão Europeia, realizaram um estudo sobre esta prática e também sobre o fornecimento de material de enriquecimento em 24 países europeus.
Resultados
Foram recebidos um total de cinquenta e sete inquéritos utilizáveis de 24 países. Em média, 77% dos porcos eram submetidos a corte de caudas de forma rotineira. Na Finlândia, Noruega, Suécia, Suiça, menos de 5% dos porcos são submetidos a esta prática. Segundo os inquiridos, 67% dos porcos receberam materiais de enriquecimento adequados. A formação dos veterinários, o seu papel na consultoria ao produtor e a realização de uma avaliação mais pormenorizada das mordeduras de caudas foram avaliadas mais positivamente nos países que interromperam o corte de caudas de rotina que nos países que não o fizeram. Iniciativas como a formação por parte das autoridades nacionais para fomentar o abandono do corte de caudas e o registo de presença de mordeduras de cauda no matadouro foram identificados como dois dos elementos que contribuíram para o êxito em promover a cria de porcos sem corte de caudas.
Conclusão
Em muitos dos países europeus, o corte de caudas rotineiro é ainda uma prática habitual, o que pressupõe uma violação da legislação europeia. Para eliminar esta prática de forma rotineira, é necessário aumentar a consciencialização e a informação sobre os factores de risco e evitar a presença de mordeduras de caudas. O conhecimento cada vez maior sobre as razões pelas quais as iniciativas nacionais voluntárias fracassam, assim como sobre as medidas de sucesso tomadas por alguns países para tornar possível a produção de porcos com caudas intactas, devem ser acessíveis para toda a comunidade produtora de porcos da UE. A comunidade veterinária tem um importante papel a desempenhar na sensibilização, na promoção da transferência de conhecimento e identificação dos factores de risco e soluções a nível de exploração em benefício da saúde e bem-estar dos porcos.
Nancy De Briyne, Charlotte Berg, Thomas Blaha, Andreas Palzer and Déborah Temple. Phasing out pig tail docking in the EU - present state, challenges and possibilities. Porcine Health Management 2018, 4:27. https://doi.org/10.1186/s40813-018-0103-8