Quando os porcos em crescimento aumentam o seu peso vivo (PV) a digestibilidade da energia também aumenta e pode diferir entre as raças de porcos ou entre linhas seleccionadas para critérios diferentes da digestão. No entanto, pouco se sabe acerca da variabilidade na digestibilidade da energia dentro de uma linha ou de uma raça de porcos, especialmente quando são alimentados com dietas fibrosas. As variações na composição da dieta, tecnologia de alimentos, PV ou raça, podem afectar os coeficientes de digestibilidade de nutrientes e energia. Por tudo isto, para este estudo foram utilizados 20 machos castrados Large White em crescimento procedentes de quatro varrascos (cinco por porco) e de três a quatro fêmeas por porco. Dos 25 kg até ao abate estes porcos foram distribuidos individualmente em jaulas de digestibilidade e foram alimentados com uma dieta única, com um alto conteúdo de fibra (18% FND). A dieta experimental continha 0,90 g de lisina digestível por MJ de energia neta. As medições prolongaram-se durante 10 semanas sucessivas e começaram quando os porcos alcançaram pelo menos 30 kg de PV até aos 95 kg de PV. Foi registada a energia fecal aparente, azoto e digestibilidade da matéria orgânica. Todas as semanas, as fezes foram recolhidas durante 5 dias e registado o consumo de alimento de matéria seca durante os mesmos dias.
Todos os coeficientes de digestibilidade se viram afectados pelo periodo (P <0,001) com um aumento contínuo e linear ao largo do tempo ou com PV. A digestibilidade de energia aumentou em 0,6 pontos por cada 10 kg de aumento de PV; este valor mais alto é possivelmente dependente do alto conteúdo de FND da dieta. A taxa de aumento não foi afectada pela origem do porco (P> 0,05). Os coeficientes de digestibilidade foram afectados pela origem do porco (P <0.005; para a energia), com cerca de 2 pontos de energia entre os extremos (81,7% vs. 79,5%) e não houve interacção notável entre a origem do porco e o periodo.
Em conclusão, este estudo confirma o aumento da digestibilidade da energia com o aumento de PV; este aumento sería independente dos antecedentes genéticos. Os resultados também sugerem que a digestibilidade da energia e a digestão em geral dependeriam da variabilidade genética heredável em porcos em crescimento. Estes resultados preliminares sugerem a possibilidade de seleccionar os porcos em crescimento para uma maior eficiência digestiva quando as dietas são altas em fibra. Os mecanismos implicados nas diferenças genéticas da digestão (microbiota, estrutura e fisiologia intestinal genómica, etc) merecem mais estudos.
J. Noblet, H. Gilbert, Y. Jaguelin-Peyraud and T. Lebrun 2013. Evidence of genetic variability for digestive efficiency in the growing pig fed a fibrous diet. Animal, 1-6. doi:10.1017/S1751731113000463