Com as recentes flutuações nos custos da energía, foi sugerida a substituição ou redução das principais fontes de energía reduzindo a quantidade de energia da dieta com base na incorporação de ingredientes baixos em energia, como a sêmea de trigo (ST). A ingestão de energia conduz a uma deposição de proteína até alcançar uma constante, a partir da qual é favorecida a deposição de gordura. Neste contexto, a ractopamina hidroclorada altera este padrão de deposição, através do incremento da partição da energia à adição de proteína, mediante a diminuição da lipogénese e o incremento da lipólise no tecido adiposo e incrementando a síntese de proteína no músculo. O objetivo deste estudo foi avaliar as interacções entre a densidade energética da dieta e a inclusão de ractopamina no rendimento produtivo, as características da carcaça e a qualidade da carne em porcos de engorda. Um total de 54 machos castrados (PV inicial = 99,8 ± 5,1 kg) alojados em currais individuais foram distribuidos em 1 das 6 dietas experimentais seguindo um desenho factorial 2 x 3 com 2 níveis de ractopamina (0 and 7,4 mg/kg) e 3 níveis de energia (alta (AE), 3.537; média (ME), 3.369 e baixa (BE), 3.317 kcal de EM/kg). As dietas AE foram formuladas com base em milho e soja com 4% de gordura adicionada; as dietas ME foram formuladas com base em milho e soja com 0,5% de gordura adicionada; e as dietas LE foram formuladas com base em milho e soja com 0.5% de gordura adicionada e 15% de ST. As dietas dentro de cada nível de ractopamina foram formuladas para conter o mesmo coeficiente de digestibilidade ileal de Lis:ME (0 mg/kg, 1,82; e 7,4 mg/kg, 2,65 g/Mcal de EM). O PV individual e a consumo de alimento foram registados ao princípio e ao final do estudo (d 21). No d 21, os porcos foram abatidos para a determinação das características da carcaça e a qualidade da carne.
Não foram observadas interacções entre os níveis de ractopamina e energía (P > 0,10) para nenhum dos parâmetros determinados. O PV final (125,2 vs. 121,1 kg), o ganho médio diário (GMD) (1,2 vs. 1,0 kg/d), e o índice de conversão (IC) (0,31 vs. 0,40) foram melhorados (P < 0,001) nas dietas que continham ractopamina. A ingestão de dietas BE reduziram (P = 0,001) o PV final e o GMD comparado com as dietas AE e ME. O IC foi reduzido (P = 0,005) quando as dietas ME foram comparadas com as dietas AE. Adicionalmente, o IC foi reduzido (P = 0,002) quando as dietas BE foram comparadas com as dietas AE e ME. O consumo de ractopamina aumentou (P < 0,05) o peso em quente da carcaça (PCC) (93,6 vs. 89,9 kg) e a área de músculo longisimus (ML) (51,2 vs. 44,2 cm2). O pH de ML foi reduzido (P ≤ 0,05) pelo consumo de dietas com ractopamina. O consumo de dietas BE deixou reduzido (P = 0,001) o PCC quando foi comparado com as dietas AE e ME assim como a espessura da gordura dorsal por cima da 10 costela torácica (P = 0,024). Estes dados indicam que o consumo de ractopamina melhora os rendimentos produtivos e as características da carcaça, enquanto que se apresentam um mínimo ou nenhum efeito negativo na qualidade da carne. As reduções no conteúdo de energia da dieta, pela adição de 15% de ST resultaram numa pioria do GMD, o IC e a espessura da gordura dorsal.
Não foram observadas interacções entre a ractopamina e o nível de energia neste estudo, o que indica que as melhorias obtidas estão associadas ao consumo de ractopamina e não ao nível de energia da dieta.
RB Hinson, BR Wiegand, MJ Ritter, GL Allee and SN Carr. Impact of dietary energy level and ractopamine on growth performance, carcass characteristics, and meat quality of finishing pigs . 2011. Journal of Animal Science. 89:3572-3579. http://dx.doi.org/10.2527/jas.2010-3302