O presente estudo descreve a resposta reprodutiva e metabólica de porcas alimentadas com dois níveis ração entre os 3 e os 35 dias pós-cobrição (PC) da segunda gestação. Depois de inseminadas, 37 porcas foram distribuídas por um dos tratamentos experimentais: 1) Controle: 2,5 kg/dia de uma ração de gestação; 2) Alimento Extra: 3,25 kg/dia de uma ração de gestação (+30%). Foram registados os pesos das porcas, a espessura da gordura dorsal e a espessura do lombo no momento do parto, ao desmame e no começo da experiência, no dia 14 após inicio do tratamento e no final da prova. Foram recolhidas amostras de sangue para analisar a progesterona, hormona Luteinizante (LH), glucose e insulina, factor de crescimento 1 da insulina (IGF-1), ácidos gordos não esterificados e ureia. Aos 35 dia PC as porcas foram abatidas e foi recolhidos o trato reprodutor para avaliar as características do ovário dos embriões e da placenta.
As porcas sobrealimentadas ganharam mais 5,4 kg de peso e tinham mais 0,9mm de espessura de gordura dorsal e eram no geral mais pesadas no momento do abate por comparação com as porcas do grupo controle (193 vs. 182 kg, P = 0,06). Não foram identificadas diferenças no ganho de músculo ao nível do lombo. O tratamento experimental também não afectou a sobrevivência embrionária, a qual foi de 72,1 ± 3,9% no grupo Controle e 73,4 ± 3,2% nas porcas que receberam a alimentação extra, resultando respectivamente em 15,9 ± 0,9 e 15,7 ± 0,7 embriões vivos. Não foram encontradas variações devidas aos tratamentos dietéticos nas características dos ovários, embriões nem ao nível das placentas. Os perfis de progesterona durante o primeiro mês de gestação e as características de LH no dia 14 PC não foram diferentes entre tratamentos. A concentração de progesterona foi menor (P<0,05) às 3 h depois da refeição por comparação ao nível obtido antes da refeição entre os dias 7-11 depois do primeiro incremento de progesterona no grupo com alimentação extra e entre os dias 8-10 depois do primeiro incremento de progesterona nas porcas do grupo controle. No dia 15, as concentrações de glucose pré-prandial e de insulina não foram distintos entre tratamentos, o pico de insulina foi alcançado mais tarde (48 vs. 24 min) e em maior concentração nas porcas sobrealimentadas que nas porcas do grupo controle. Além do mais a área por debaixo da curva (AUC) glucose teve tendência a ser menor (-171,7 ± 448,8 vs. 1257,1 ± 578,9 mg/6,2 h, P = 0,06, respectivamente) nas porcas que receberam alimentação extra por comparação com as que receberam a dieta controle. A concentração de IGF-1 não foi diferente entre tratamentos mas a concentração de NEFA foi menor nas porcas sobrealimentadas do que nas porcas do grupo controle (149,5 ± 9,2 vs. 182,4 ± 11,9 µm/L, respectivamente, P = 0,04) e a concentração de ureia teve tendência a ser mais alta nas porcas com alimentação extra do que nas porcas controle (4,3 ± 0,1 vs. 3,9 ± 0,1, respectivamente, P = 0,13). Não foi possível relacionar nenhum dos parâmetros metabólicos com as medidas reproductivas.
Em conclusão alimentar as porcas com 30% de alimento extra do 3º ao 35º dia da segunda gestação aumentou o ganho de peso e resultou numa concentração de NEFA mas não afectou a progesterona, LH ou IGF-1 nem as características do embrião ou da placenta.
LL Hoving, NM Soede, H Feitsma, B Kemp. 2012. Embryo survival, progesterone profiles and metabolic responses to an increased feeding level during second gestation in sows. Theriogenology, 77: 1557–1569. doi:10.1016/j.theriogenology.2011.11.024