Foram analisados leitões com dois dias de vida com tremor congénito moderado-severo (CT) procedentes de uma exploração espanhola, procedendo-se a recolha de soro, zaragatoas nasais e rectais e amostras de tecido para determinar o diagnóstico. As amostras foram analisadas por qRT-PCR e foi feito um estudo retrospectivo para detectar ARN de APPV utilizando uma colecção de entre 1997 a 2016.
Foi identificado o genoma de APPV com cargas de ARN altas e moderadas em diferentes tecidos dos porcos afectados por TC. Foi detectada uma alta carga de ARN de APPV nos órgãos linfóides, o que sugere que estes constituem um objectivo para a replicação do APPV. Em 89 das 642 amostras analisadas retrospectivamente (13,9%), foi detectado genoma APPV. Os casos de CT foram relacionados com a presença de APPV em leitões virémicos menores de 1 semana de idade, nos quais a carga de ARN viral foi a mais alta. Um número considerável de animais de entre 4 e 14 semanas de idade e alguns leitões de 1 semana de idade apresentaram virémia em ausência de TC, podendo actuar como portadores do vírus. O risco relativo de APPV e CT foi de 8,5 (IC 95% 5,8-12,5).
Os dados do estudo mostram que a infecção por APPV está relacionada epidemiologicamente com a TC. A análise filogenética de 1615 nucleótidos NS2-3 mostrou apenas um clado APPV definido, que agrupa as estirpes mais relacionadas filogeneticamente da Europa e China. Deste clado, há outras estirpes da Europa, E.U.A. e China. Estes dados confirmam a grande diversidade genética de APPV, já que não conseguem agrupar este virus de acordo com a área geográfica.
O APPV tem circulado em Espanha, pelo menos desde 1997, sendo a data mais precoce de detecção deste vírus em todo o mundo e sugerindo que a APPV pode estar muito dispersa.
Muñoz-González S, Canturri A, Pérez-Simó M, et al. First report of the novel atypical porcine pestivirus in Spain and a retrospective study. Transbound Emerg Dis. 2017;64:1645–1649. https://doi.org/10.1111/tbed.12699