O objectivo deste estudo foi definir os marcadores proteicos da capacidade de congelamento de sémen dos varrascos presentes na membrana espermática, com o auxílio de uma abordagem proteómica.
O sémen de catorze machos adultos foi submetido a congelamento lento e descongelamento rápido. Após o descongelamento, o vigor e a motilidade dos espermatozóides foram analisados e, com base nesses resultados, os animais foram separados em dois grupos: boa capacidade de congelamento (GFE) e capacidade deficiente de congelamento (PFE). As proteínas da membrana espermática foram extraídas e submetidas à eletroforese bidimensional. Os géis corados foram analisados por meios computadorizados para indicar manchas de proteínas diferencialmente expressas, identificadas por espectrometria de massa.
Seis animais mostraram uma boa congelação com um vigor espermático médio e uma motilidade de 2,2 ± 0,8 e 41,8 ± 22,9, respectivamente, enquanto que oito varrascos mostraram uma congelação deficiente, com 1,9 ± 0,6 e 26,8 ± 17,5 de motilidade espermática, respectivamente. Foram detectadas uma média de 263 ± 62,2 manchas por gel e 234,2 ± 54,6 de manchas presentes de forma consistente em todos os géis. As intensidades de cinco pontos foram significativamente diferentes entre os grupos. O fragmento Fc da proteína de união IgG e a lactadherina foram mais intensos no grupo PFE, enquanto que a arilsulfatase e a sub-unidade alfa 1 da proteína F-actina foram mais expressas no grupo GFE. O fragmento Fc de IgG foi maior na membrana espermática que os varrascos com congelação deficiente aglutinando o esperma e diminuindo a mobilidade. A lactadherina foi possivelmente mais alta na membrana espermática de varrascos com congelação deficiente, o que levou ao stress oxidativo do espermatozoide. A arilsulfatase A foi mais alta na membrana espermática dos varrascos com boa capacidade de congelação, desempenhando um papel no metabolismo energético posterior à descongelação. A F-actina capping alfa 1 foi maior que no esperma de varrascos com boa congelação do sémen, unindo-se aos filamentos de actina da cauda do esperma.
Com base nas suas funções e interacções com outras proteínas, concluímos que essas quatro proteínas da membrana espermática podem actuar como potenciais marcadores de congelamento de sémen de varrascos.
Daianny B.Guimarães, Tatyane B.Barros, Maurício F.van Tilburg, Jorge A.M.Martins, Arlindo A.Moura, Frederico B.Moreno, Ana C.Monteiro-Moreira, Renato A.Moreira, RicardoToniolli. Sperm membrane proteins associated with the boar semen cryopreservation. Animal Reproduction Science. Volume 183, August 2017, Pages 27-38. https://doi.org/10.1016/j.anireprosci.2017.06.005