Além dos parâmetros clássicos do sêmen, as provas de stress do sêmen (SST) são ferramentas úteis para avaliar a capacidade fertilizante dos espermatozoides. No entanto os estudos válidos sobre SST relacionados com a fertilidade são raros porque são necessárias várias correcções dos parâmetros comuns de fertilidade para os efeitos em fêmeas e machos. Assim durante o período de um ano foram analisados os parâmetros seminais de 260 ejaculados de 130 varrascos Pietrain, entre os 8 e 9 meses de idade num centro de inseminação artificial, assim como os 1521 registos de inseminação correspondentes a esses ejaculados. Foram recolhidos dois ejaculados consecutivos (4º e 5º) de cada varrasco e foram diluídos em diluidor de sêmen para a sua conservação. Além da avaliação de rotina, foi avaliada a motilidade dos espermatozoides depois da prova de resistência ao calor (300 minutos de incubação a 38 ºC depois de 7 dias de armazenagem a 16 ºC, HRT) e a prova de resistência ao frio (10 minutos de incubação a 38 ºC depois de 3 dias de armazenamento a 6 ºC, CRT). Foram aplicados modelos lineares generalizados (GLM) para analisar os efeitos dos seguintes indicadores de taxa de partos (FR), número de leitões nascidos totais (NTB) e nascidos vivos (NLB): exploração, paridade, dia da semana e ano x estação.
Ao nível do varrasco, os GLM revelaram efeitos significativos em FR, NTB e NLB para os indicadores de porca, número total de espermatozoides por dose, motilidade total de espermatozoides e actividade mitocondrial. Além disso, FR e NTB foram influenciados pela integridade da membrana, FR e NLB pela resistência ao frio, NTB e NLB pela morfologia dos espermatozoides e o varrasco. NLB também foi influenciado pela resistência ao calor e exploração e só NTB se viu influenciado pela produção de esperma. Os factores relacionados com o varrasco e o sêmen explicaram 9% da variação total em NTB e 7% da variação total em NLB. Só 14,2% (n=37) das amostras foram resistentes tanto ao frio como ao calor (≥65 % de espermatozoides móveis).
A resistência ao frio e ao calor foram factores dependentes e a motilidade dos espermatozoides depois da CRT e da HRT mostrou uma correlação positiva moderada. Finamente as curvas ROC demonstraram que nenhum dos SST pode ser usado como uma prova única para prever a capacidade fertilizante dos ejaculados de varrasco.
Schulze M, Mohammadpour F, Schröter F, Jakop U, Hönicke H, Hasenfuss T, Henne H, Schön J, Müller K. Suitability of semen stress tests for predicting fertilizing capacity of boar ejaculates. Theriogenology. 2021; 176: 73-81. https://doi.org/10.1016/j.theriogenology.2021.09.024.