As empresas de genética adaptam continuamente os seus objectivos para cobrir as necessidades dos produtores pecuários e da sociedade. Há uma procura mundial para melhorar a eficiência alimentar devido à competição pela terra, entre a produção de alimentos e ração, e também é prestada uma maior atenção a algumas das consequências relacionadas e indesejadas, como são o aumento da susceptibilidade a doenças ou os problemas comportamentais, como as agressões ou mordeduras da cauda.
O uso dos efeitos genéticos sociais (SGEs) nos programas de melhoria demonstrou ser um método de selecção muito prometedor, com potencial para melhorar tanto o bem-estar animal como o rendimento económico. Um efeito genético social é o efeito heredável de um indivíduo sobre o valor de um carácter em outro indivíduo. Ao utilizar SEGs na selecção incorporam-se tanto o efeito genético directo do indivíduo focal como o efeito genético que este tem sobre os seus companheiros de curral para o carácter valor do indivíduo focal. Tendo em conta que o alojamento em grupos é uma prática standart na engorda de porcos, o curral é a unidade de produção e é de grande importância para a produção, bem-estar e saúde do animal. Ao passo que os métodos tradicionais apenas se centravam no rendimento individual, esta estratégia pode melhorar o crescimento e o comportamento dos porcos que estão alojados em grupos. Foi conduzida uma experiência de selecção de uma geração com porcos (nulíparas e castrados) que se agruparam com base num SGE alto ou baixo para crescimento, para investigar as diferenças de comportamentos subjacentes e confirmar os resultados prévios (N = 480).
A agressividade medida pelas lesões cutâneas e as brigas durante os reagrupamentos não foi diferente entre os porcos com SGE alto ou baixo. No entanto, os porcos com um elevado SGE mostraram menos agressões após a reunião com porcos que lhes eram familiares e também mostraram menos mordeduras não recíprocas na semana posterior ao reagrupamento. Durante a última fase da engorda, os porcos com uma elevada SGE mostraram sistematicamente menos comportamento de mordeduras; 40% menos de mordeduras agressivas e 27% menos de manipulações orais dos companheiros de curral. Os porcos com uma elevada SGE também mastigavam 40% menos o material manipulável e consumiam 30% menos os sacos de juta proporcionados. Estas diferenças também foram verificadas nos danos sobre as caudas: os porcos com SGE elevada tiveram uma melhor pontuação (menos danos) ao compará-los com os de SGE baixa. Deve ser feita uma consideração sobre esta experiência de uma geração: ao seleccionar machos e fêmeas com SEGs altos e baixos, não houve diferenças significativas no crescimento das suas ninhadas. Os autores argumentam que as medidas de controlo (sacos de juta, serradura) proporcionadas para reduzir o comportamento nocivo podem ter reduzido a expressão dos SGEs sobre o crescimento e que deve ser feita mais investigação em condições comerciais.
Enquanto nos métodos tradicionais centrados unicamente no rendimento individual, a estratégia SGE poderá melhorar o crescimento e o comportamento dos porcos alojados em grupos. Os efeitos genéticos sociais oferecem a oportunidade de seleccionar melhorias no comportamento mantendo o rendimento.
Naomi Duijvesteijn, John. M. Eggert. The prospects of selection for social genetic effects to improve welfare and productivity in pigs. Proceedings of the 47th AASV Anual Meeting.