A hipótese de as matérias-primas das rações poderem servir como veículos para a propagação e transmissão de agentes patogénicos virais foi validada pela primeira vez em condições de laboratório. Para colmatar a lacuna entre laboratório e campo, este estudo avaliou se três vírus de importância em suínos poderiam sobreviver em matérias-primas para rações durante o transporte comercial de longa distância através dos Estados Unidos. Contentores com uma tonelada métrica de farinha de soja (orgânica ou convencional) e alimento composto completo foram contaminados com uma mistura de 10 ml do vírus da síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos (PRRSV) 174, vírus da diarreia epidémica porcina (PEDV) e Senecavirus A (SVA) e foram transportados durante 23 dias num semi-reboque, percorrendo 29 estados e 10.183 km. As amostras foram testadas quanto à presença de ARN viral por PCR, viabilidade do vírus em amostras de farinha de soja por bioensaio em suínos nas amostras de alimento composto completo por alimentação natural.
Foram detectados PRRSV, PEDV e VAS viáveis em farinha de soja e PEDV e VAS viáveis em alimentos compostos completos.
Em conclusão, estes resultados fornecem as primeiras provas de que os agentes patogénicos virais suínos podem sobreviver em quantidades representativas de rações e ingredientes de rações durante o transporte comercial de longa distância através dos Estados Unidos.
Dee S, Shah A, Jones C, et al. Evidence of viral survival in representative volumes of feed and feed ingredients during long-distance commercial transport across the continental United States. Transboundary and Emerging Diseases. 2022; 69: 149-156. https://doi.org/10.1111/tbed.14057