Para o ano 2050 está previsto aumento de entre 60 a 70% no consumo de produtos de origem animal. Este aumento exigirá enormes recursos, sendo a alimentação o maior desafio, tendo em conta a limitada disponibilidade de recursos naturais, as alterações climáticas em curso e a competição alimentos-rações-combustível. Os custos das matérias-primas usadas na fabricação de rações convencionais, tais como as farinhas de soja e de peixe, são muito altos e a sua disponibilidade no futuro irá ser limitada. A criação de insectos pode ser uma das possíveis soluções. Ainda que se tenham realizado alguns estudos sobre a avaliação de insectos, larvas ou farinhas de insectos como ingredientes na dieta de algumas espécies animais, este campo ainda está por aprofundar. O presente estudo reúne e sintetiza a informação disponível sobre as cinco principais espécies de insectos estudados (larvas de mosca soldado negra, larvas de mosca doméstica, larvas da farinha, gafanhotos, grilos e farinha de bichos-da-seda).
O conteúdo em proteína bruta destes recursos alternativos é alto, entre 42 a 63%, e também o conteúdo de lípidos (até 36%), possivelmente poderiam ser extraídos e utilizados para diversas aplicações, incluindo a produção de biodiesel. As concentrações de ácidos gordos insaturados são altas na farinha de larvas de mosca doméstica, larvas da farinha e grilo doméstico (60-70%), enquanto as suas concentrações nas larvas de mosca soldado negra são menores (19-37%). Os estudos confirmaram que a palatabilidade para os animais destas fontes de alimento alternativas é boa e é possível substituir na ordem de 25 a 100% da farinha de soja ou de peixe em função das espécies animais às quais se destine. À excepção da farinha de bichos-da-seda, as outras farinhas de insectos são deficientes em metionina e lisina, de forma que a sua suplementação na dieta pode melhorar tanto o rendimento dos animais como os índices de substituição da farinha de soja e farinha de peixe. A maioria das farinhas de insectos são deficientes em Ca e também se requere a sua suplementação na dieta, especialmente para animais em crescimento e galinhas poedeiras. Os níveis de Ca e ácidos gordos nas farinhas de insectos podem ser melhorados mediante a manipulação do substrato sobre o qual são criados os insectos.
Harinder P.S. Makkar, Gilles Tran, Valérie Heuzé, Philippe Ankers. State-of-the-art on use of insects as animal feed. Animal Feed Science and Technology. Volume 197, November 2014, Pages 1–33. DOI: 10.1016/j.anifeedsci.2014.07.008