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“Porcas fantasma” e os outros 8 erros mais frequentes ao processar dados (1/2)

Nesta primeira parte tratam-se os dados atrasados e os impossíveis, as porcas que já não estão na exploração mas continuam efectivas no programa de gestão e as taxas de partos de 100% em nulíparas.

Actualmente praticamente todas as explorações usam programas informáticos de gestão de dados produtivos. Estes programas são ferramentas muito úteis tanto para facilitar o trabalho diário como para monitorizar e analisar os dados da exploração. Mas, para que possam cumprir a sua função, é essencial o tipo de dados que se utilizam, a sua fiabilidade e processamento.

É muito frequente cometer alguns dos seguintes erros:

1. Processar dados atrasados. És um dos erros mais frequentes e que gera um primeiro problema com os relatórios de controlo do trabalho (listas de trabalho, fichas de porcas, avisos de animais atrasados, etc.). Essa informação é valiosa se for recebida a tempo, caso contrário perde muito do interesse. Além disso, pode ser ainda pior quando é necessário analisar um problema e não se têm os dados que explicam essa situação, já que não foram introduzidos nem processados quando eram necessários. É uma situação muito frequente e muito frustrante para o produtor e o veterinário.
 

2. Processar dados impossíveis. É denominado controlar a integridade da base de dados. Em certos casos, há pacotes de software que permitem a introdução de dados improváveis ou mesmo impossíveis, sendo, talvez, esta a causa mais frequente de se gerarem análises tendenciosas ou enviesadas para diferentes variáveis (taxa de partos, desmamados por porca ou por porca e ano, dias não produtivos, etc.).

Naturalmente, convém eleger um software que NÃO permita a introdução deste tipo de informação. As mais frequentes são:

  • Parto ultrapassado>125 das. É praticamente impossível um parto a partir desse momento pelo que porcas nessa situação devem ser observadas e de seguida eliminadas.
  • Nascidos totais = 0. É obviamente impossível. Tende a confundir-se com nascidos vivos = 0, algo que certas vezes pode acontecer
  • Intervalo desmame – cobrição > 65 d. Geralmente não se deixam passar mais de 3 cios depois do desmame para efectuar a cobrição. Quando isto acontece é geralmente uma porca perdida ou já eliminada da exploração, pelo que também é um filtro de utilidade.
  • Idade à primeira cobrição > 400 d. Apesar da tendência para cobrir porcas com mais idade nos últimos anos, +400 dias não é uma idade possível de cobrição, tanto pelas razões anteriores (o mais provável é que a porca já não esteja na exploração) como porque se esta está ainda presente, o seu uso como reprodutora não é nada recomendável.
  • Desmamados na vida >135. É um número na prática impossível porque teria que ter feito adopções durante um mínimo de 6 partos desmamando a 24. Corresponde normalmente a erros na introdução do número de desmamados.
  • Causa de abate ‘anestro’ após ter anotado uma cobrição. Este erro aproxima-se de uma área diferente como é o das causas de baixa mal registadas ou pouco específicas e costuma gerar um grau de confusão tão elevado que na prática torna a informação inútil. Deve ser adicionado outro conceito a essa abordagem como é a que, ainda estando bem registadas, cada exploração usa a sua própria nomenclatura (‘morte súbita / ataque cardíaco / morte repentina, etc.).

Porcas fantasma

3. Manter as ‘porcas fantasma’. Denominam-se assim as porcas que são eliminadas fisicamente da exploração (por morte ou envio para o matadouro) mas não se dão baixa no software. Assim, a partir desse momento, continuam a acumular a sua "presença", que é apenas virtual, e enviesam os cálculos feitos com base no censo ou com base em cobrições, partos ou desmames, dependendo do momento em que são dadas como baixa. Convém procurá-las e dá-las como baixa periodicamente com base principalmente em dias sem actividade ou ultrapassados desde um acontecimento determinado.

Porcas lactantes não desmamadas desde 50 dias
Identidade Parto Genéticas Dias desde Pavilhão-Sala-Cela
3261 7 GEN2 70 FARROW-2-7
5440 1 GEN2 67 FARROW-9-5
3158 8 GEN2 65 FARROW-2-11
Porcas desmamadas não cobertas desde 50 dias
Identidade Parto Genéticas Dias desde Pavilhão-Sala-Cela
3058 8 GEN2 129 E-E
3083 8 GEN2 129 E-E
5076 2 GEN2 129 E-E
5325 1 GEN2 129 E-E
3356 6 GEN2 98 E-E
3419 6 GEN2 70 E-E
2148 1 GEN2 70 E-E
5395 1 GEN2 70 E-E
1391 9 GCG1 70 E-E

Figuras 1 e 2. Exploração que tem porcas paridas ou desmamadas desde há mais de 50 dias sem nenhum acontecimento posterior.

 

4. Taxas de partos de 100 % em nulíparas. Há explorações onde as porcas são adicionadas ao efectivo quando têm o primeiro parto, o que explica esse índice. Ainda que a situação mais frequente é adicionar ao efectivo as porcas à primeira cobrição, ambas as situações são indesejáveis já que não permitem conhecer nada da porca durante o periodo prévio, pelo que se perderá informação valiosíssima em relação ao periodo de adaptação, influência da idade à primeira cobrição e inclusive perdas de gestação em nulíparas, que por outro lado costuma ser o grupo mais afectado para esse indicador.

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