2019 – chega ao fim o ano de todos os records

3 de Janeiro de 2020

Chegou ao fim um ano que será para recordar por parte dos suinicultores europeus, portugueses incluídos. As descidas da cotação nalguns países, em meados do mês de Dezembro, não afectam as boas perspectivas do mercado do porco para 2020.

O ano que agora termina, e no que diz respeito ao mercado Nacional, tem vários aspectos muito positivos. Desde logo o ter-se atingido o pico da cotação no mês de Dezembro. Por outro lado, o arranque das exportações de carne de porco portuguesa para os Sudeste Asiático – China, Coreia do Sul e Japão – o que permitiu criar condições para que o mercado Nacional, apesar de deficitário na produção de carne de porco, tivesse uma mais-valia importante no que diz respeito à fluidez do mercado.

Em todo o caso, agora que também se aproxima o Ano Novo chinês (25 de Janeiro) os volumes de venda de carne de porco para aquele país estão muitos levadas e já e carne já está nos contentores e a caminho da China, mas o que se tem vindo a verificar é que os chineses, após receberem a carne enviada pela Europa fazem “finca pé” para a pagarem mais barata do que haviam acordado aquando da compra. E, em muitos casos, têm levado a “água ao seu moinho”. Veremos como se comportam com a chegada dos próximos contentores.

Considerando o bom desempenho do mercado português e, principalmente, do europeu na exportação de carne de porco para os países asiáticos, principalmente para a China, creio que estas boas condições de exportação irão continuar, até porque a China não irá conseguir, tão depressa, repor o seu nível de produção interna de forma a ficar menos dependente das importações de carne de porco a nível mundial.

Todavia, há que ter em conta que nas últimas semanas de 2019, a China reviu os seus acordos comerciais com os EUA (2º maior produtor de porcos mundial atrás da China), onde foram revistas, em baixa, as taxas de entrada de carne de porco norte-americana na China. Aqui devemos ter em conta que os preços dos porcos, e da carne de porco, nos EUA estão bastante mais baixos do que na Europa e isto pode ser um factor que favoreça as compras chinesas nos Estados Unidos em detrimento das compras na Europa. Em todo o caso, os americanos não t~em carne suficiente para suprir todas as necessidades da China em carne de porco.

O extraordinário volume das exportações europeias para Países Terceiros implicou que as cotações médias deste ano, em comparação com as 2018 tivessem sido espectaculares. Senão vejamos:

Fonte: MPB.

Lamentavelmente, e como em Portugal a Bolsa do Porco não dá cotação de referência, não poderemos fazer esta comparação no mercado nacional. Por outro lado, chamo a particular atenção para que, nalguns destes mercados, nos casos de França e Dinamarca, as cotações são majoradas por bonificações de preço que são cerca de 0,17€/kg carcaça em ambos os países, valor que se deverá acrescer à média apresentada acima.

No que diz respeito ao mercado, a Bolsa do Porco subiu a cotação 0,02€/kg carcaça no início da segunda quinzena do mês e depois manteve-se estável até ao fim do ano. Os pesos continuam elevados, mas não é por isso que houve descidas na cotação dos porcos. Será natural que no início do mês de Janeiro, mês em que normalmente as vendas de carne de porco são mais fracas, as cotações desçam, mas as descidas não deverão ser acentuadas e a cotação deverá manter-se relativamente alta e bem acima do custo de produção.

Em Espanha a cotação baixou 0,015€/kg PV (-0,02€/kg carcaça) para 1,490/kgPV (1,987€/kg carcaça) nesta quinzena. Com os feriados e a consequente redução dos abates, veremos com que peso aparecerão os porcos espanhóis no início do ano. Em todo o caso, em Espanha no ano que agora termina, bateram-se records de animais abatidos, de peso médio de abate e do número de matadouros que abatem mais de 20 mil porcos por semana. São records atrás de records e que são o culminar da estratégia espanhola, definida há alguns anos atrás, que tinha como objectivo tornar a Espanha o maior país produtor de porcos da Europa. Neste momento, a Espanha é o maior produtor de porcos europeu (se contarmos apenas com o efectivo reprodutor de cada um dos países da UE) apenas ultrapassado pela Alemanha no número de porcos abate criados internamente, visto que os alemães importam cerca de 8 milhões de leitões da Holanda e da Dinamarca para serem criados e abatidos no seu país.

Na Alemanha, a cotação desceu 0,08€/kg carcaça para 1,95€/kg carcaça. A descida desta quinzena foi igual à subida da quinzena anterior. Neste momento, a oferta de porcos é elevada em relação à procura frutos dos feriados das Festas Natalícias e de Ano Novo. Veremos como começa o ano na Alemanha.

Na Holanda a cotação desceu 0,08€ para 2,04€/kg carcaça. A cotação desceu devido a alguma redução nas vendas de carne de porco para a China e pela redução dos abates no período natalício.

Na Bélgica a cotação desceu 0,09€/kg PV para 1,34€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação desceu 0,04€/kg carcaça para 1,78€/kg.

Em França a cotação desceu 0,069€/kg carcaça nesta quinzena ficando em 1,633/kg carcaça. Tendo em consideração os feriados de Natal e de Ano novo, os matadouros têm oferta mais do que suficiente para as necessidades de abate e daí a justificação da descida. Os pesos subiram 200g para 96,8kg (+500g que em 2018 na mesma semana).

Chegámos ao fim de um ano extraordinário para a produção de porcos portuguesa e europeia. Veremos o que nos traz 2020.

Para finalizar, a 3tres3 publicou a lista dos artigos mais lidos em 2019, e para minha total surpresa, um dos meus comentários de mercado foi o mais lido do ano e em função desta notícia, quero encarecidamente agradecer a todos aqueles me lêem. Faço votos para que, em 2020, este meu singelo contributo continue a aportar informações que sejam interessantes para todos os users da 3tres3 portuguesa.

Ao começar um novo Ano, desejo um excelente 2020 cheio de sucessos pessoais e profissionais a todos os meus leitores.