A produção suína actual, com uma globalização cada vez maior e, portanto, com uma forte competição, obriga os produtores a ser cada vez mais eficientes ou, o que é igual, a melhorar tanto quanto possível, os parâmetros produtivos. Um dos pontos que ajudam a alcançar altas eficiências é ter a melhor estrutura de censo. É frequentemente aceite como a melhor estrutura de censo a que tem forma de triângulo, com uma % de porcas decrescente de forma constante. Com ligeiras variações, dita estrutura de censo seria a seguinte.
De facto, esta estrutura é muito boa e ajuda a produtividade mas, será realmente a melhor? Na nossa opinião há uma estrutura melhor. Será explicada de seguida (estrutura censal B).
Em primeiro lugar, essa estrutura tem também um censo decrescente, pelo que se pode manter ao longo do tempo.
Para explicar as diferenças entre ambas, são mostradas sobrepostas, analisando, em primeiro lugar, as diferenças nas porcas jovens.
As diferenças são:
- A estrutura B tem uma menor percentagem de porcas de primeiro ciclo. Isto significa que necessita menos reposição anual para se manter, com a poupança económica a que isso leva.
- A estrutura B, apesar de ter menos porcas de primeiro ciclo, consegue ter uma maior % de porcas nos ciclos em princípio mais produtivos, 3-4. Isto é conseguido porque dita estrutura B tem menos inclinação nestes primeiros ciclos, ou seja, porque se eliminam menos porcas nos primeiros ciclos.
Este é o primeiro ponto chave desta estrutura: conseguir a menor eliminação possível de porcas jovens. E, tal como foi dito no artigo anterior desta secção (Como renovar menos e ter melhor estrutura do censo), isto deve ser conseguido não mantendo as porcas jovens "a todo o custo”, mas sim evitando o máximo possível as falhas reprodutivas e problemas que dão lugar a eliminação precoce.
Atendendo à segunda metade da estrutura do censo, a comparação é a seguinte:
A estrutura B tem mais porcas velhas que a A. Então porque é que seria a melhor?
Numa política de renovação tradicional põe-se um parto limite, no qual são eliminadas as porcas após o desmame, eliminando poucas porcas antes desse parto, e deixando muito poucas para lá desse parto. Mas o que é que acontecia se modificássemos esta política atendendo ao rendimento das porcas?
Entende-se melhor com um exemplo. Se nos fosse dado a escolher qual a porca a eliminar após o desmame, entre uma de 7º parto e uma de 4º parto, normalmente seria eleita a de 7º parto. Mas analisando a produtividade de ambas serão encontrados os resultados seguintes:
Porca | Genética | Parto | Média NT | Média de NV | Média desm. | Média int. entre partos | Média NV/ano | Média desmamados/ano |
E805 | CAM | 7 | 14,57 | 13,43 | 12,71 | 150,7 | 33,66 | 31,02 |
B191 | L1020 | 4 | 9,25 | 8,50 | 7,50 | 164,7 | 20,39 | 17,45 |
Então a pergunta para seleccionar para a renovação deveria ser mudada. Seria mais correcto perguntar:
Qual a porca com mais probabilidades de dar um maior rendimento no ciclo seguinte? No exemplo, parece evidente que a porca com mais idade tem mais probabilidade de funcionar melhor, apesar de acumular um número alto de partos.
Portanto, para conseguir essa segunda parte do censo, o que se faz é uma selecção por volta do 4º ciclo, (quando já há um historial prévio suficiente para poder decidir com base no rendimento), eliminando as piores porcas (daí a redução de censo entre os ciclos 4 e 5).
Por outro lado, e para não reduzir a idade média para a renovação, as melhores porcas são mais “espremidas”, ou seja, mantidas mais tempo na exploração.
Nas explorações onde este maneio é feito de forma adequada, o grupo de porcas velhas conseguem ter rendimentos iguais ou mesmo superiores à média da exploração.
Resumindo, o que se faz é uma selecção com base no rendimento da porca, eliminando antes as porcas menos produtivas e mantendo durante mais tempo as mais produtivas.
Esta estrutura tem vantagens sobre a tradicional em triângulo (menor reposição, mais porcas nos ciclos produtivos, melhores porcas velhas) que ajudarão a melhorar a eficiência reprodutiva.
Este é um exemplo de que não temos que dar nada por garantido, já que se podem encontrar novas vias de para melhorar em praticamente todos os aspectos da produção que nos ajudem a melhorar a eficiência, logo a capacidade de competição das nossas explorações.