Ainda que a vitamina D3 (colecalciferol) possa ser sintetizada a partir da provitamina D 7-desidrocolesterol presente na pele dos suínos pela incidência de radiação ultravioleta, esta produção endógena geralmente não satisfaz as necessidades fisiológicas, já que os suínos costumam estar confinados em instalações de produção sem acesso à luz solar direta. Consequentemente, a ingestão de vitamina D3 na dieta é a fonte mais fiável para garantir a vitamina D necessária para uma produção suinícola com sucesso.
Após a ingestão, o colecalciferol é absorvido no trato intestinal juntamente com as gorduras sendo necessária a presença de sais biliares para a sua absorção. A vitamina D3 é transportada até ao fígado através do sistema linfático sendo finalmente depositada no tecido adiposo. No fígado, o colecalciferol é convertido em 25-hidroxi-colecalciferol (25-OH-D3) e posteriormente é hidroxilado no rim para 1,25-dihidroxi-colecalciferol (1,25- (OH)2-D3) que representa a hormona ativa. A vitamina D regula a homeostase do cálcio e do fósforo, ou seja, aumenta a absorção destes minerais no intestino delgado assim como a sua reabsorção nos túbulos renais e tem influência no processo de calcificação ao aumentar a absorção de minerais pelos ossos. Geralmente considera-se adequada uma suplementação dietética de 1.000 a 2.000 UI/kg de alimento para as diversas categorias de suínos.
Em todos os animais superiores, o resultado mais conhecido e dramático de um fornecimento insuficiente de vitamina D3 é o raquitismo. As epífises ficam aumentadas; os ossos das extremidades, da coluna vertebral e do crânio ficam deformados e frágeis. Os animais deslocam-se de forma rígida e vacilante devido à ocorrência de claudicação e debilidade muscular. Outras doenças metabólicas ósseas típicas são a osteomalácia, a osteocondrose e a osteoporose, que estão relacionadas com uma deficiência na mineralização óssea e/ou a perda de mineral ósseo em suínos de diversas idades. Os sinais mais genéricos da deficiência clínica e sub-clínica de vitamina D3 nos suínos são: inibição do crescimento, perda de peso, perda ou redução do apetite e elevada mortalidade. Para evitar estes problemas drásticos é importante suplementar a dieta com uma quantidade suficiente de vitamina D3.
É sabido, de estudos clássicos com ratos, que a vitamina D também interage com o sistema imunitário. Os macrófagos, responsáveis pela destruição dos agentes patogénicos, podem libertar 1,25- (OH)2-D3 que, por sua vez é capaz de modular outras células no sistema imunitário. Por exemplo, a 1,25- (OH)2-D3 produzida localmente tem impacto nas células T e B ativadas, favorecendo respostas específicas das células T-helper e regulando em baixa determinadas funções das células B. Para além de serem uma fonte de 1,25- (OH)2-D3, os macrófagos são também alvos potenciais para ações imuno-moduladoras deste metabolito da vitamina D. O 1,25-(OH)2-D3 ajuda a manter as populações de macrófagos ao estimular a diferenciação das células mãe mielóides para um fenotipo de macrófago. Além disso, os macrófagos exercem uma ação anti-microbiana melhorada após tratamento com 1,25- (OH) 2-D3 através do aumento da quimiotaxia de macrófagos e intensificação da morte de bactérias infecciosas por fagocitose.
Foi recentemente publicado que o colecalciferol e, mais concretamente, os seus metabolitos 25-OH-D3 y 1,25- (OH)2-D3 desempenham também um papel importante no sistema imunitário dos suínos. Esta informação merece uma atenção especial já que, na indústria suinícola as doenças infeciosas estão entre as causas mais comuns de mortalidade e, em consequência, de perdas económicas, especialmente no desmame quando os leitões são mais vulneráveis a infeções.
Um grupo de investigadores informou sobre os efeitos imuno-moduladores do 1,25-(OH)2-D3 medido como a resposta de anticorpos antígeno-específicos depois da imunização intramuscular de suínos com albumina sérica humana (HSA). O 1,25-(OH)2-D3 melhorou significativamente as respostas séricas de IgA e IgM antígeno-específicas. Também se encontraram títulos mais elevados de IgA HSA-específicos nas secreções das mucosas (saliva, fezes, e secreções nasais) dos animais tratados com vitamina D3. Além disso, o 1,25-(OH)2-D3 aumentou o número de células secretoras de anticorpos IgA e IgG antígeno-específicos nos linfonodos locais de drenagem. Num estudo posterior, estes autores observaram que a imunização de leitões com um antígeno de Escherichia coli durante o período de lactação poderá proteger duma provocação oral com E. coli e que a adição de 1,25-(OH)2-D3 melhorou esta proteção medida por uma excreção fecal reduzida de E. coli. Contudo, em condições de produção, os efeitos benéficos de 1,25-(OH)2-D3 só podem ocorrer se existir na circulação sanguínea uma concentração suficiente de 25-OH-D3 como substrato para a segunda etapa de hidroxilação. A forma mais fiável de conseguir isto, é através de uma suplementação direta de 25-OH-D3 no alimento.
Outro grupo investigou as alterações das células do sistema imunitário, que ocorrem como resultado da suplementação nutricional dos leitões desmamados com uma versão comercial hidroxilada de vitamina D3 (25-OH-D3; Hy·D). Os leitões mostraram um aumento significativo no número de células leucocitárias, que representam bio-marcadores imunológicos que se sabe estarem estreitamente relacionados com as defesas anti-microbianas, assim como uma modulação positiva da sobrevivência dos leucócitos e da capacidade fagocitária. Estas e outras descobertas indicam que a vitamina D3 desempenha um papel central na resposta imunitária dos suínos e que o 25-OH D3 pode ser uma fonte mais eficiente para melhorar o nível de vitamina D dos suínos do que o colecalciferol.