Um dos parâmetros mais comummente utilizados para avaliar a eficiência na gestação de uma exploração de porcas é a taxa de partos, ou fertilidade ao parto, definida como a % das porcas cobertas num determinado período que acabam por parir. Portanto, normalmente assume-se que uma exploração com uma taxa de partos de 85% tem uma maior eficiência na gestação do que uma exploração com uma taxa de partos de 80%. Contudo, se analisamos uma árvore de produtividade (figura 1), que mostra e relaciona os distintos parâmetros que influenciam os leitões desmamados/porca coberta/ano de uma exploração, vemos que a taxa de partos está nos níveis inferiores.
Neste tipo de árvores, quanto mais abaixo está um parâmetro, menos influência tem no parâmetro geral. Portanto, a taxa de partos explica menos o rendimento na gestação do que os dias não produtivos. Com efeito, imaginemos o caso anterior, duas explorações com taxas de partos respectivas de 80% (exploração A) e de 85% (exploração B). Se outros parâmetros como o intervalo desmame-1ª cobrição, a duração da lactação ou o rendimento na maternidade fossem iguais em ambas, tenderíamos a dizer que a exploração B é mais eficiente do que a A. Contudo, se analisamos as perdas da gestação de ambas as explorações, encontramos o seguinte:
Tabela 1- Perdas na gestação por exploração
Rep. Cíclicas | Rep. Acíclicas | Abortos | |
---|---|---|---|
Exploração A | 15% | 5% | 0% |
Exploração B | 5% | 5% | 5% |
A exploração B tem menos falhas reprodutivas, mas mais tardias. Se assumimos uma média de dias não produtivos em ambas as explorações de 21 (repetições cíclicas), 35 (repetições acíclicas) e 75 (abortos), encontramos o seguinte:
Tabela 2.- Rendimento por exploração.
Média DNP por cada perda na gestação | DNPs por cada 100 cobrições | DNPs por cobrição | Intervalo entre partos | Partos/ porca/ ano | Desmamados/ porca/ano | |
---|---|---|---|---|---|---|
Expl. A | 24,5 | 490 | 4,9 | 152.9 | 2,39 | 28,68 |
Expl. B | 43,7 | 655,5 | 6,55 | 154,55 | 2,36 | 28,32 |
DNP = dias não produtivos
Nota- Assume-se para ambas as explorações 28 dias de duração da lactação, 5 dias de intervalo desmame - 1ª cobrição e 12 leitões desmamados/porca.
A exploração B, tendo uma melhor taxa de partos, tem uma menor produtividade. Este é um caso um pouco extremo, mas bastante ilustrativo de que a taxa de partos dá uma informação parcial sobre o rendimento na gestação e a sua análise exclusiva pode levar a conclusões erradas. Como se comentou anteriormente e mostra o exemplo, os dias não produtivos/porca/ano são um parâmetro muito mais global e mais fiável para analisar o ritmo produtivo de uma exploração. Contudo, enquanto a maioria dos produtores sabe a taxa de partos da sua exploração, quase nenhum sabe a média de dias não produtivos/porca/ano da sua exploração. A causa provável é que este segundo parâmetro é de cálculo difícil. Não obstante, as actuais ferramentas informáticas deverão permitir não só o cálculo do referido parâmetro, como também a sua análise pormenorizada. Como exemplo, a seguir, apresenta-se um relatório de análise de dias não produtivos.
Este relatório decompõe os dias não produtivos em 8 categorias, atendendo à classificação que definiu Dr. Koketsu (2005) e compara os dados de uma exploração ou grupo de explorações com objectivos definidos com base nas médias da base de dados da PigCHAMP Pro Europa, S.L. Este relatório indica, de maneira muito mais pormenorizada, em que pontos da exploração deveremos incidir para melhorar a eficiência na gestação, bem como aqueles em que estamos a realizar um bom trabalho.
Dada a importância que tem este artigo referente aos dias não produtivos, no próximo artigo aprofundaremos as opções de análise deste parâmetro.