Descrição da Exploração
Exploração de ciclo fechado de 250 porcas situada numa zona de forte densidade suína da Bretanha francesa com maneio em 7 bandas cada 3 semanas e desmame aos 28 dias. As doses de sémen são obtidas na própria exploração. Em relação ao alimento, também se fabrica na exploração. As primíparas de substituição são adquiridas no exterior certificadas como indemnes para o PRRS.
Distribuição dos pavilhões
Características dos pavilhões
Pavilhões
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Características | |
Maternidades
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M1 |
– 10 lugares de porcas em lactação |
M2 | – 60 lugares de porcas em lactação | |
Gestantes
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G1 |
– 140 lugares de porcas gestantes, 4 vsrrascos |
G2 | – 70 lugares de porcas gestantes | |
Baterias
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PD1 |
– 740 lugares sobre grelha total (parques de 30 leitões) |
PD2 | – 400 lugares sobre grelha total (parques de 30 leitões) | |
Engorda
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E1 | – 700 lugares de engorda sobre grelha total, alimentação líquida (parques de 15 porcos) |
E2 | – 400 lugares de engorda sobre grelha total, alimentação líquida (parques de 15 porcos) | |
E3 | – 400 lugares de engorda sobre grelha total, alimentação líquida (parques de 15 porcos) |
Profilaxias realizadas:
PRRS: | |
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Mycoplasma: | |
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Aparecimento do Caso
Após a detecção, no mês de Agosto de 2008, de lesões de pleuresia no matadouro e presença de dispneia em porcos a partir de 100 kg sem mortalidade, o suinicultor decide entrar em contacto com o veterinário.
Exames
Resultados dos controlos no matadouro:
Pneumonia |
Pontuação média: 4,5/28 % pulmões superiores onde = 8 : 25% |
Pleuresia | % pulmões afectados : 32,5% |
As amostras de pulmões são recolhidas no matadouro e isola-se Actinobacillus pleuropneumoniae (B1S2) sensível à associação trimetoprim/sulfamidas.
Exames serológicos:
Recolhem-se amostras de sangue de porcos de crescimento/engorda de 14, 17, 20 e 26 semanas de vida (8 para cada idade) e realizam-se serologias para PRRS (ELISA IDEXX) e Mycoplasma (ELISA IDEXX) enquanto que para as amostras de porcos de 26 semanas de vida se realiza também ELISA para Actino 2.
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Conclusão a partir dos resultados dos exames | |
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Medidas Propostas
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Evolução do Caso
Graças ao tratamento a situação estabiliza-se rapidamente mas aos 4 meses (Dezembro 2008), o suinicultor volta a por-se em contacto com o veterinário já que se constata um aumento importante da mortalidade no início da engorda com sinais respiratórios (tosse e dispneia).
Visita à Exploração
1. Porcas
Não se observa uma degradação dos resultados no efectivo de porcas. Mas observam-se algumas porcas com febre com presença de tosse e dispneia. .
2. Baterias/Engorda
O seguintes sinais observam-se há um mâs (princípios do mês de Dezembro) se bem que se tenham agravado durante os últimos dias:
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Exames Complementares
Necropsias
Realizam-se necropsias a 2 leitões de 25 kg (10-11 semanas de vida).
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Exames serológicos
Recolhem-se amostras de sangue de 15 leitões de 10 a 11 semanas de vida (1 a 2 por parque da banda de leitões necropsiados apresentando tosse e dispneia desde há 10 dias) assim como de porcos de engorda com 14 semanas.
Conclusões
A exploração é fortemente instável contra l PRRS, a circulação é precoce (final das baterias) e corresponde com a presença de sinais clínicos (tosse, dispneia, diminuição do apetite e mortalidade).
Actinobacillus pleuropneumoniae B1S2 é em parte o responsável pelos sintomas observados mas é a interacção com o PRRSV a que provavelmente explica a severidade dos sinais clínicos.
Medidas Tomadas
Estabilizar a exploração contra o PRRS | |
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Medidas contra Actinobacillus pleuropneumoniae | |
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Comentários
O caso que nos ocupou este mês e que trata de uma infecção por Actinobacillus pleuropneumoniae B1S2 e PRRSV apareceu numa exploração de ciclo fechado de 250 porcas situada numa zona de forte densidade suína da Bretanha francesa com maneio em 7 bandas cada 3 semanas e desmame aos 28 dias. As doses de sémen obtêm-se na própria exploração, bem como a alimentação que também se fabrica aí mesmo. As primíparas de substituição adquirem-se fora e estão certificadas como indemnes para o PRRS.
A infecção por Actinobacillus pleuropneumoniae B1S2, em parte responsável pelos sintomas observados mas em interacção com o PRRSV provavelmente explicam a severidade dos sinais clínicos.
Sobre a etio-patogenia
As doenças respiratórias do porco são complexas e frequentemente resultam de uma "associação de maus factores".
O conceito de "iniciador" e de "oportunista" descrito entre outros por Pommier et al (2006) permite clarificar o presente caso:
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Na perspectiva de uma visão a longo prazo, é necessário actuar primeiro contra o iniciador (plano de estabilização do PRRS) e reduzir ao mínimo os efeitos do oportunista (antibiótico TMP-sulfa).
Nota: Actinobacillus pleuropneumoniae também pode causar doença por si mesmo, não há garantia de que o seu papel na patologia dos animais desapareça com a estabilização do PRRS (neste caso propõe-se reforçar as medidas contra A. pleuropneumoniae). Contudo, é essencial, na nossa opinião, tratar primeiro do PRRS neste caso.
Sobre a circulação do PRRSV
Observa-se uma forte recirculação do PRRS nas baterias/engorda mas provavelmente também na maternidade (porcas com febre, tosse e dispneia) entre os primeiros exames realizados (Agosto de 2008) e os efectuados 4 meses depois (Dezembro de 2008).
As possíveis razões da recirculação são:
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Sobre o plano de estabilização
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