Nas explorações de porcas reprodutoras, uma entrada correcta da reposição é chave para o controlo do vírus PRRS. A entrada de marrãs de reposição desprotegidas (ou já infectadas), que apresentem virémia à cobrição ou/e durante a gestação, poderá levar à transmissão do vírus, tanto horizontal a outras porcas, como verticalmente à sua descendência. Estes tipos de transmissão contribuem para a desestabilização da sanidade da exploração. O objectivo do programa de adaptação ao vírus PRRS é o de expor a reposição à mesma estirpe do vírus contra a qual a exploração já é imune, permitir-lhe que recupere e levar a cabo a sua introdução tranquila para junto das outras reprodutoras. Neste artigo, iremos rever os diferentes passos e tempos dos programas de adaptação que os nossos 4 veterinários especialistas em suíno da Alemanha, Estados Unidos, China e Espanha implementam nas suas regiões.
Vidal, veterinário de Vall Companys (Espanha), tem um protocolo bastante estandardizado para a entrada da reposição nas suas explorações. Trimestralmente entram grupos de marrãs, de entre 90-100 Kg, das suas unidades de criação de marrãs de reposição (GDU, nas suas siglas em inglês: gilt development unit) externas aos seus pavilhões de adaptação na exploração. Em cada uma dessas 4 entradas anuais, os animais passarão por um período de 8 semanas de adaaptação durante o qual se irão assegurar que todos os animais se expõem ao vírus modificado vacinal (MLV, nas suas siglas em inglês) e potencialmente ao vírus próprio da exploração. Este último é difícil de assegurar, como explica Vidal. Após a exposição continua um período de 4 semanas de arrefecimento. Para conseguir esta exposição completa ao vírus PRRS, a reposição receberá 2 doses de vacina MLV e, alguns dias depois da segunda dose, o grupo de reposição será exposto a porcas de refugo, fezes das maternidades e a leitões infecciosos (escolhidos) das baterias da exploração (Sítio 2).
Böhne, da Alemanha, está de acordo com este protocolo em relação à exposição da reposição a porcas de refugo e a outros animais virémicos. Ela descreveu este processo muito graficamente como “aquecer a reposição e depois arrefecê-la”.
Na América do Norte, Pitkin explicou-nos que para conseguir uma entrada da reposição trimestral é necessário um período de quarentena de 30 dias para assegurar o estatuto sanitário desejado à chegada à exploração de reprodutoras. Ela clarifica que, ainda que não sejam necessários 30 dias para o PRRS, são necessários para verificar serologicamente o estado negativo contra o micoplasma após a chegada à quarentena (foto 1). A duração do protocolo completo que ela segue (quarentena e adptação) também é de entre 10 e 12 semanas por lote de reposição. Por outro lado, Wang considerou que os protocolos de adaptação da reposição são muito mais curtos na China e que dependerão do tipo de estratégia para a inoculação do vírus que a exploração siga. Como mencionámos no nosso artigo anterior, as explorações na China com sítios externos de substituição tendem a usar inoculação de vírus vivo (LVI, nas siglas em inglês) e a adaptação é entre 3 e 4 meses. Por outro lado, Wang explicou que se a exploração tem sítios para substituição na exploração, a tendência é a de usar MLV e a adaptação poderia reduzir-se para 1 ou 2 meses. Esta é, seguramente, a grande diferença entre a experiência de Wang na China e a dos restantes veterinários de outras zonas do mundo.
Como veterinária de campo, também estava interessada em saber se o nosso grupo de veterinários aconselhava os seus clientes a avaliar o estado imunitário da reposição depois do período de adaptação e antes de as levar para dentro da exploração. Os 4 estiveram de acordo ao afirmar que isto não se faz de forma rotineira. Pitkin descreveu os sinais clínicos que a reposição pode ter durante o período de adaptação quando se realizou uma boa exposição, e estes incluem uma redução do consumo de ração, tosse e aspecto "peludo". Pela sua experiência, estes sinais são mais evidentes quando se usa LVI como método de exposição. Se não se observam estes sinais, ela aconselha os produtores a fazer um teste ELISA de soro para confirmar que a exposição se fez correctamente.
Finalmente, perguntamos aos nosso grupo de veterinários que descrevam os cenários de maneio para introduzir as porcas aclimatadas no sistema de produção principal. Wang descreveu o uso de explorações de primeiro parto na China. Nalguns sistemas de produção, o período de adaptação das porcas estende-se até ao momento da cobrição da segunda gestação. Nestas explorações de primeiro parto, a cobrição e a gestação da reposição realiza-se à parte e não se mistura com as multíparas até à segunda gestação. Nenhum dos outros veterinários mencionou este maneio nas suas regiões. Vidal explicou que, no seu sistema, a reposição é misturada com as porcas de mais partos na gestação. Assumem algumas perdas com este maneio pois é natural que hajam algumas porcas que continuem a adaptar-se durante o primeiro período da gestação. Contudo, crêem que este maneio permite produzir leitões bem adaptados durante a fase de crescimento e engorda. Böhne destacou o facto de que a maioria das suas explorações são mais pequenas que a média da Europa e que, ao trabalhar em sistemas de bandas de 3 a 5 semanas, não mantêm a reposição separada e introduzem-na em cada um dos lotes. Também destacou que estas explorações em bandas tinham uma boa estabilidade contra o vírus PRRS pois têm consideravelmente sempre menos grupos de idades de leitões.
No seguinte artigo os nossos veterinários irão descrever como medem a estabilidade contra o vírus PRRS nas suas explorações.