A publicação do DL 135/2003 do bem-estar animal porcino levou à conceção de novos sistemas de alimentação para minimizar os efeitos negativos da gestação em parques sobre os parâmetros reprodutivos e de comportamento das porcas.
Nos próximos artigos vamos ver os conselhos de Jordi Ventura e Sara Ruiz sobre as melhores estratégias de maneio alimentar das porcas gestantes em sistemas que nos permitem controlar individualmente a ingestão de ração.
Sara Ruiz
Alimentação em jaulas de livre acesso
Com este sistema de alimentação a porca entra numa box de gestação, com uma porta que se fecha depois de a porca ter ocupado o seu lugar.
É possível instalar diversos tipos de boxes (porta basculante, hidráulica, tipo cesta), em todos eles um cubículo de acesso livre vai proporcionar um fácil acesso aos animais e proteger a porca de outros animais que queiram aceder ao cubículo.
Recomendam-se grupos entre 6 e 30 porcas e fornecer ração uma vez por dia. Quando uma porca está doente ou tem uma condição fisíca desfavorável, o ideal é bloquear o seu lugar e ajustar individualmente a sua alimentação.
A principal vantagem deste sistema é que ele permite um racionamento indivídual e um controlo da ingestão por porca. É um sistema que se adapta facilmente às explorações atuais e permite uma fácil inspeção dos animais por parte do suinicultor.
As desvantagens mais importantes são o excesso de mão-de-obra para o seu controlo e a necessidade de dispor de um espaço por porca superior ao sistema tradicional.
Jordi Ventura
Muito fácil para a porca e para o suinicultor. É o sistema a que as porcas melhor se adaptam e que menos mudanças de maneio e supervisão acarreta para o produtor.
A única novidade para a porca é que tem que procurar a jaula livre entre um grupo de jaulas ocupadas (aprendem rapidamente).
Para o suinicultor nada muda. Tem que verificar que todas as porcas vêm comer e, aproveitar quando elas ainda estão nas jaulas para verificar que cada uma comeu a sua ração, fazer tratamentos, ecografias bem como os trabalhos relacionados com os retornos e cobrições.
Ao não poder ajustar os dosificadores de forma individual é essencial agrupar as porcas em função da sua condição corporal em cada grupo e isso leva-nos a não fazer grupos excessivamente grandes.
Acho que é o único sistema em que o nível de concorrência para comer é nulo e em que cada porca pode comer a sua ração sem ser perturbada.
É o sistema mais caro, porque envolve a aquisição de jaulas de auto-captura e porque em remodelações pode envolver requisitos de espaço muito maiores. A porca necessita de 2,5 a 3 m atrás da jaula para sair comodamente. Em parques de uma linha de jaulas: 2m da jaula + 3m atrás * 0,6 ⇒ 3m2/porca. Se pensarmos em parques com duas filas de jaulas traseiro-com-traseiro, deixando uma distância de 3,5m entre os traseiros já não temos esse problema.
O custo das novas jaulas de auto-captura continuam muito elevados mas em alguns países europeus a interpretação sobre como manter as jaulas atuais abertas por trás é um pouco diferente da de Espanha. Quando entram para comer fecham-se todas de uma vez com sistemas de captura muito simples para voltar a abrir logo depois de comer. Deste modo responde-se ao grande desafio de reduzir a zero a concorrência pela ração, mas exige-se um compromisso por parte do produtor que é possível que alguns não estejam dispostos a assumir.