12 de Fevereiro de 2016
Ao fim de 3 anos a Bolsa do Porco voltou a ter cotação de referência para os porcos em Portugal. A cotação fixada nesta primeira quinzena de Fevereiro foi de 1,22€/kg carcaça a que corresponde uma subida de 0,06€/kg carcaça. Portanto, voltou a haver subida da cotação em Portugal, dando sequência ao que já se vinha a passar desde o início deste ano. No último mês (de meados de Janeiro a meados de Fevereiro) a subida indicativa dada pela Bolsa do Porco foi de 0,14€/kg carcaça.
Contudo, estas subidas sucessivas da cotação na Bolsa do Porco não têm sido seguidas na sua plenitude pelo mercado. Ou seja, os produtores de porcos portugueses vendem os seus porcos abaixo da cotação indicativa de 1,22 €/kg. Atrevo-me mesmo a dizer, vendem bastante abaixo dessa cotação de referência.
Por outro lado, e apesar de todas as movimentações dos suinicultores nestas últimas semanas, continuam as promoções da carne de porco na grande distribuição. A carne de porco continua a ser o “chamariz” dos consumidores por parte da grande distribuição. Carece de justificação como se consegue vender carne de porco, ao público, a preços de 1,38€/kg (pá com osso), 1,79€/kg (costeletas mistas e entremeada sem entrecosto), 1,89€/kg (bifanas), 2,49€/kg (entrecosto). Quem é que ganha dinheiro na fileira do porco com preços de venda ao público desta ordem? A produção e a indústria não serão, certamente.
A pouco e pouco os pesos vão diminuindo e o mercado vai-se tornando mais fluido. De todas as formas, uma maior fluidez será necessária para permitir qua a cotação suba mais e de uma forma mais consistente. O contributo maior para a fluidez do mercado terá que ser dado pela exportação para Países Terceiros. Portugal “perdeu”, por dificuldades económicas desses mercados, Angola e a Venezuela como clientes para a carne de porco Nacional. Será necessário, com a maior urgência possível, que sejam autorizadas exportações portuguesas de carne de porco para a China e o Japão.
Em Espanha, a cotação de Lérida subiu 0,016€/kg PV (cerca de 0,021€/kg carcaça) ficando a cotação em 0,967€/kg PV (cerca de 1,289€/kg carcaça). Os pesos começaram a baixar e desde o início do ano já reduziram 1,2kg apesar de continuarem a ser mais elevados do que há 1 ano atrás.
Segundo dados do Mercolérida, os abates continuam em máximos históricos (em Novembro de 2015, pela primeira vez, ultrapassou 1 milhão de porcos por semana) mas apesar do elevado volume de abates, o consumo de carne de porco em Espanha continua estabilizado e as ofertas de porcos continuam a ser bastante altas apesar de serem inferiores às ofertas das primeiras semanas do ano. Oferta superior à procura não permite subidas significativas na cotação.
Para “desenrolar” o mercado espanhol será necessário que passem as festividades do Ano Novo chinês de forma a que a China regresse ao mercado para comprar carne de porco e que o mercado alemão comece a dar um sinal positivo no que à subida do preço dos porcos diz respeito.
A Alemanha manteve a sua cotação em 1,31€/kg carcaça nesta quinzena. Os pesos continuam a baixar muito lentamente (peso médio 96,2kg) o que indica um certo equilíbrio oferta-procura. As vendas de carne estão paradas e isso traz marasmo ao mercado.
Contrariamente ao que é usual acontecer, nesta quinzena, a Holanda e a Bélgica tiveram um comportamento idêntico entre si, mas díspar do comportamento do mercado alemão. Assim, a Holanda desceu 0,05€/kg carcaça, fixando-se a sua cotação em 1,20€/kg carcaça. A Bélgica também desceu a sua cotação 0,04€/kg PV fixando-se em 0,86€/kg PV.
A Dinamarca manteve a sua cotação em 1,17€/kg carcaça nesta primeira quinzena de Fevereiro estando expectante em relação às compras do mercado asiático que irão retomar o seu caminho normal
A França também subiu a sua cotação. A subida foi de apenas 0,009€/kg carcaça e a cotação, para porcos equivalentes a 50% de músculo, fixou-se em 1,107€/kg carcaça. Os pesos voltaram a baixar nesta quinzena mais 200 gr mas continuam à volta dos 95kg de carcaça o que é demonstrativo da elevada oferta de porcos.
A situação do mercado português continua bastante gravosa para os produtores. É necessária e urgente a subida da cotação dos porcos ao produtor mas esta só poderá acontecer se o mercado o permitir. A continuarem as promoções da carne ao “preço da uva mijona” dificilmente haverá condições para que os porcos possam subir significativamente. Veremos o que nos reservam as próximas semanas, quer em Portugal quer no resto da U.E.