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Após 10 semanas consecutivas de manutenção da cotação, eis que aparecem as descidas

O total da descida foi de 0,08€/kg carcaça, tendo-se fixado a cotação em 1,746€/kg carcaça,

14 de Outubro de 2016

Após 10 semanas consecutivas sem qualquer variação na cotação da Bolsa do Porco, na primeira quinzena de Outubro apareceu a descida que se previa pudesse ter acontecido em Setembro. O total da descida foi de 0,08€/kg carcaça, tendo-se fixado a cotação em 1,746€/kg carcaça, se bem que os matadouros tenham, nas semanas anteriores à descida da Bolsa, feito alguns “acertos” nos preços pagos à produção, criando um diferencial entre o preço verdadeiramente recebido pelos produtores e a cotação da Bolsa do Porco.

Apesar do diferencial, o que implica que os suinicultores recebam abaixo da cotação da Bolsa, os preços por estes recebidos continuam a ser favoráveis ao desenvolvimento da actividade e espera-se que assim continuem por muitas semanas (inclusivamente durante o próximo ano).

Nas últimas semanas os pesos em carcaça têm aumentado em função da diminuição das temperaturas o que implicou a uma maior pressão da oferta de porcos para abate por parte dos produtores, a que se juntou a pressão de venda de porcos por parte destes últimos assim que os preços começaram a ter tendência baixista. Nada de novo que não ocorra recorrentemente todos os anos, mas que permite que a indústria possa pressionar os preços em baixa.

Em Espanha, a primeira quinzena de Outubro também foi caracterizada por uma descida, da cotação que, no seu total, foi de 0,063€/kg P.V (cerca de 0,084€/kg carcaça) ficando a cotação em 1,262€/kg PV (cerca de 1,683€/kg carcaça). Uma parte desta descida deve-se ao facto de ter havido um dia feriado em Espanha (12 de Outubro) o que afectou os abates. Outra parte da descida deve-se ao facto de os produtores pressionarem a oferta de porcos para que estes sejam abatidos antes que o preço possa descer mais e um outro factor prende-se com o aumento dos pesos, visto que há temperaturas mais amenas e os pesos começaram a aumentar (+600gr nesta quinzena em comparação com os pesos do final de Setembro), se bem que continuem 1,50kg abaixo dos pesos do ano passado.

Este factor é um sinal inequívoco que o aumento dos pesos é devido à climatologia e não ao aumento do efectivo para abate. Aliás, prevê-se mesmo uma grande redução da oferta de porcos para abates, daqui até final deste ano, nos países do Norte da Europa. Factor positivo para o mercado europeu, portanto.

Em todo o caso, o foco destas descidas situou-se na Alemanha que teve uma descida de 0,12€/kg carcaça nesta primeira quinzena de Outubro, ficando a sua cotação em 1,60€/kg carcaça já que houve um feriado na primeira semana do mês e houve alguma “retenção” de porcos pelo produtores em Setembro em função dos preços de abate serem altos e dos preços dos cereais serem baixos. Neste quadro é natural que os suinicultores não pressionem a venda dos seus porcos e os alemães não o fizeram em Setembro, mas em Outubro com o aumento dos pesos e a redução dos dias de abate devido ao feriado, a conjuntura de mercado alterou-se ligeiramente e daí a descida. Em todo o caso, espera-se que os porcos possam já retomar a subida de cotação na Alemanha para finais deste mês de Outubro.

Como é habitual, com a descida alemã os restantes mercados europeus ressentem-se e este aspecto é ainda mais acentuado na Holanda e na Bélgica, em que as suas cotações baixaram 0,06€/kg carcaça, fixando-se a cotação em 1,62€/kg carcaça e 0,09€/kg PV fixando-se a cotação em 1,11€/kg PV respectivamente.

A Dinamarca desceu a sua cotação 0,05€/kg sendo a cotação de 1,40€/kg carcaça. Os dinamarqueses referem que o preço de venda das peças para o mercado europeu foi mais baixo e daí ter havido necessidade de baixar a cotação dos porcos naquele país.

Em França a cotação baixou 0,105€/kg carcaça, fixando-se a cotação e 1,408€/kg carcaça. Os pesos subiram ligeiramente (+500g para os 93,6kg de carcaça). Segundo indica o MPB, é difícil que se possam abater mais porcos em França pois a oferta de animais é limitada e fluida. A cotação é, nesta altura do ano, mais alta 0,107€/kg do que era o ano passado nesta mesma altura e os pesos são inferiores em cerca de 1,3kg.

A U.E. espera a venda de carne para a China (os chineses andam a festejar o Festival da Luar) e quando festejam não trabalham. Assim sendo, temos que esperar que eles acabem os festejos para voltarem ao trabalho, leia-se às compras de carne na Europa.

Em todo o caso, os chineses vão comprando alguma carne aos Estados Unidos e ao Canadá e esperam que os preços da carne baixem na U.E. já que é normal que isto aconteça no mercado Europeu. A questão é que, como há menos oferta de porcos, os preços não deverão baixar tanto quanto os chineses esperavam e eles terão que vir comprar a carne europeia que, ao contrário do que acontece com a carne norte-americana, os animais são produzidos sem o uso de ractopamina e os chineses preferem comprar carne mais cara na U.E. sem ractopamina, do que a comprar mais barata nos EUA com aquele produto.

Mesmo assim, os preços que os chineses oferecem pela carne europeia são idênticos aos preços do mercado interno e, preço por preço, é preferível vender na U.E. pois os problemas logísticos são menores. Neste caso, o maior problema pode aparecer quando houver, internamente, algum excedente de carne e que seja necessário, para o vender para Países Terceiros, baixar o seu preço que, ao que parece, começa a acontecer.

Veremos o que nos reservam as próximas semanas no mercado europeu do porco.

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