31 de Janeiro de 2020
Após uma ligeira descida de 3 cêntimos no início da segunda quinzena de Janeiro, a cotação da Bolsa do Porco manteve-se no final do mês, sinal de que o mercado caminha para a estabilidade após os atrasos gerados pelos feriados das Festas de Natal e Ano Novo. Os pesos continuam elevados, mas o peso vem diminuindo a pouco e pouco de semana para semana.
Em toda a Europa, com excepção da França, onde as greves causam enormes problemas nos transportes de animais para abate e de carne para os pontos de venda, os restantes mercados europeus apresentam alguma estabilidade com descidas menores no início da quinzena e estabilidade no final do mês (tal como em Portugal), havendo até uma subida na Dinamarca.
Esta inversão de tendência de descida das cotações acontece em função da reabsorção dos atrasos no abate de porcos na U.E. e porque se espera que, com o final das comemorações do Ano Novo chinês, haja uma retoma nas compras de carne de porco na europa por parte da China.
Os chineses regressam ao mercado onde necessitarão comprar muita carne, mas não a qualquer preço. As empresas chinesas começam a “apertar” nos preços de compra da carne e teremos que aguardar para ver de que forma esse “aperto” se irá reflectir no preço dos porcos na Europa.
Não devemos esquecer que, após a assinatura do acordo de nível 1 entre os estados Unidos e a China, os norte-americanos irão possibilidades de continuar a vender carne de porco para aquele país, mas com taxas aduaneiras mais baixas e favoráveis á sua carne de porco. Em todo o caso, os norte-americanos em conjunto com os brasileiros e os canadianos não têm capacidade de, por si só, abastecerem o mercado chinês. Portanto, a China vai continuar a comprar na U.E. que é a zona comercial onde consegue ter grandes quantidades de carne de porco e com elevados padrões de qualidade e de segurança alimentar, para abastecer o seu mercado.
Segundo dados da Mercolérida, o total do efectivo suinícola chinês no final de 2019 era de 310 milhões de cabeças, menos 120 milhões de cabeças do que em Dezembro de 2018 que é o equivalente ao efectivo total de Espanha, Estados Unidos e Canadá todos juntos. Portanto, a China vai continuar a ter de comprar carne de porco nos mercado internacionais em 2020, só não a quer comprar tão cara como em 2019.
Em todo o caso, e para além do acordo comercial dos EUA com a China, neste momento existem outros dois factores que podem criar entropia e desequilibrar, não apenas o mercado europeu do porco mas todo o mercado mundial:
- um é mais interno da U.E. e tem que ver com a possibilidade de aparecer algum foco de PSA na Alemanha (já foram detectados javalis positivos na Polónia a apenas 12km da fronteira alemã)
- o outro ainda é uma total incógnita para todos e prende-se com a evolução da epidemia de coronavírus na China (e no mundo).
Quanto ao primeiro, não se nota o mercado alemão muito nervoso quanto à possibilidade do aparecimento de algum foco de PSA no seu país o que denota que, quiçá, os alemães já tenham negociado com a China a zonificação do seu país para o caso de aparecer algum foco de Peste em território alemão. De qualquer forma, e a bem da fileira suinícola europeia, esperemos que não apareça nenhum caso de Peste na Alemanha.
Apesar destas incógnitas, e caso nenhuma delas se venha a verificar, a tendência normal do mercado é para evoluir favoravelmente nas próximas semanas já que se espera ao aumento das vendas de carne para a China e a consequente redução de oferta de porcos para abate e dos seus pesos em função do aumento da procura.
Em Espanha a cotação baixou 0,027€/kg PV (-0,036€/kg carcaça) para 1,42/kg PV (1,893€/kg carcaça) nesta quinzena. Os pesos começaram a baixar (apenas 200g) e continuam cerca de 2kg acima dos pesos do ano passado na mesma semana.
Na Alemanha, a cotação baixou 0,04€/kg carcaça para 1,82€/kg carcaça. No mercado alemão há a ideia de que as descidas acabaram já que o mercado caminha para o equilíbrio da oferta com a procura já que tem havido uma forte redução da oferta de porcos para abate. O peso médio baixou 300g em carcaça. O mercado interno está bastante parado, mas os alemães esperam que a China dê um forte impulso ao seu mercado.
Na Holanda a cotação desceu 0,07€ para 1,87€/kg carcaça. O mercado encontra-se equilibrado porque apesar da oferta de porcos ser elevada, os matadouros conseguem absorvê-la sem problemas de maior.
Na Bélgica a cotação desceu 0,03€/kg PV para 1,24€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação subiu 0,07€/kg carcaça para 1,85€/kg carcaça. O mercado da carne começa a animar-se após o Ano Novo chinês, mas os dinamarqueses anteciparam fecharam contratos com muita antecedência para evitar os problemas de redução de vendas nessa altura. Agora o mercado europeu da carne começa a animar-se e os dinamarqueses esperam bons resultados e bons preços daqui em diante.
Em França a cotação voltou a descer 0,104€/kg carcaça na primeira quinzena do mês, sendo a cotação em 1,46/kg carcaça. Os pesos desceram 600g para 97kg (+250g que na mesma semana de 2019). Há muita dificuldade em abater porcos devido aos problemas nos transportes em França fruto das greves. O mesmo problema se coloca com o transporte de carne para os pontos de venda. Com todas estas dificuldades, é natural que haja fortes descidas de preço prejudicando a fileira francesa da carne de porco. Aguardemos para ver como será o mercado francês após o fim das greves.
Apesar das descidas de Janeiro e de algumas incógnitas que pairam sobre o mercado, o mercado do porco está bem e recomenda-se. As perspectivas para 2020 são boas e veremos se se confirmam.