17 de Janeiro de 2020
Arranca o ano de 2020 e, consequentemente, o mês de Janeiro com uma descida significativa da cotação dos porcos de 0,05€/kg carcaça na Bolsa do Porco. Em todo o caso, e apesar de significativa, a descida não é preocupante visto que se o preço recebido pelos produtores andar em redor dos 2 euros por quilograma de carcaça. É de notar que as cotações se encontram 45-50 cêntimos acima das cotações do início de 2019.
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Esta descida é natural e normal, não só porque a mesma é habitual nesta altura do ano fruto da redução do consumo interno português e europeu, mas também devido ao aumento do peso dos porcos em função da redução dos abates devido aos feriados das Festas de Natal e Ano Novo.
Mais oferta de porcos para abate e com mais peso, numa altura em que há alguma redução de consumo desequilibra o mercado a favor da procura e quando há mais oferta do que procura, os preços descem. Foi isto que se passou em todo o mercado Europeu.
Em todo o caso, a amplitude das descidas foi muito maior nos restantes países europeus, tendo mesmo chegado a 10 cêntimos nalguns deles, como veremos adiante.
Apesar destas fortes descidas, perspectiva-se um muito bom ano de 2020 dado que a China continuará a ter que comprar carne de porco ao exterior, apesar da recuperação do seu efectivo reprodutor. Estima-se que estará em falta metade do seu efectivo, segundo informa a Mercolérida, o que representa 25% da produção de porcos a nível mundial.
Todavia, não nos poderemos esquecer que a Peste Suína Africana está muito perto da fronteira alemã (a cerca de 20km) e caso apareça algum foco de PSA naquele país, não sabemos de que forma irá afectar as exportações alemãs e todo o restante mercado europeu. Situação preocupante e a seguir de perto.
No que diz respeito às futuras compras chinesas, após a assinatura do acordo comercial com os Estados Unidos, anteontem (15 de Janeiro), temos que esperar para ver que quantidade de carne de porco a China irá comprar nos EUA e também que movimento terão as compras de carne de porco no Brasil e no Canadá, tendo sempre por base que a U.E. é o único mercado onde os chineses poderão comprar em quantidade e qualidade para fornecer as necessidades do seu país.
Daqui podemos inferir que o mercado da carne de porco (e o mercado do porco no seu todo) se manterão fortes e pujantes em 2020, apesar de não se pensar que o mercado chinês atinja as loucuras de preços a que chegou em 2019, com os porcos de abate a serem pagos a 5€/kg.
Em Espanha a cotação baixou 0,043€/kg PV (-0,057€/kg carcaça) para 1,447/kgPV (1,929€/kg carcaça) nesta quinzena. Os pesos subiram quase 1,5kg desde a semana antes do Natal, o que é o habitual em anos anteriores. Os produtores espanhóis não sentem grandes dificuldades em abater os seus porcos visto que a capacidade de abate instalada em Espanha é grande e consegue absorver toda a oferta. A pontual maior oferta de porcos para abate é fruto de uma menor procura de carne por parte da China e da pressão que os compradores deste país estão a fazer para a comprarem mais barata e ainda da perda de margem dos matadouros na venda da carne que os “obriga” a pressionar os preços de compra dos porcos.
Na Alemanha, a cotação desceu 0,09€/kg carcaça para 1,86€/kg carcaça. O mercado alemão tem uma abundante oferta de porcos para abate, com pesos bastante elevados o que levou a uma forte correcção no preço, a que se junta a descida de 8 cêntimos da quinzena anterior (no final do ano). A exportação para a China está lenta e espera-se que melhore para final deste mês.
Na Holanda a cotação desceu 0,10€ para 1,94€/kg carcaça. Neste momento a oferta de porcos é superior às necessidades do mercado e à capacidade de abate, daí a descida. As vendas de carne também estão complicadas e o seu preço desceu 12-14 cêntimos em quilograma o que levou à descida da cotação dos porcos. Esta justificação não colhe junto dos suinicultores holandeses visto que a carne se valorizou 20-25 cêntimos em Dezembro e os produtores não foram beneficiados com este aumento. Veremos como seguirá esta “braço-de-ferro”.
Na Bélgica a cotação desceu 0,07€/kg PV para 1,27€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,78€/kg carcaça. O mercado está em linha com a situação dos anos anteriores. Há redução do consumo de carne de porco no início do ano, o que retira alguma fluidez nas vendas de carne e no abate de porcos. Há maior oferta de carne de porco actualmente no mercado dinamarquês, mas mesmo assim é bem menor do que a que existia o ano passado na mesma altura.
Em França a cotação voltou a descer 0,069€/kg carcaça na primeira quinzena do mês, sendo a cotação em 1,564/kg carcaça. Os pesos subiram 800g para 97,6kg (+600g que na mesma semana de 2019). Os abates regressam à normalidade e crê-se que rapidamente os pesos começarão a descer restabelecendo os fluxos normais de abate e de venda de carne, até porque começaram as promoções de início de ano nos supermercados franceses, promoções essas que são habituais em todos os inícios de ano.
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Estamos na altura em que as vendas de carne de porco se encontram mais “pesadas” e sem grande fluidez. Espera-se que após o final de Janeiro o mercado regresse à sua normalidade permitindo que as cotações se possam manter em níveis elevados.