O caso deste mês apareceu numa exploração de ciclo fechado com 300 porcas situada na Bretanha francesa, zona com uma elevada densidade suína. A exploração tem um maneio em 7 bandas cada 3 semanas (40 porcas/banda) e desmama aos 28 dias.
As doses de sémen são adquiridas no exterior, tal como as primíparas de substituição que entram livres de Aujeszky, PRRS e Actinobacillus pleuropneumoniae (B1 S2, 9 e 11).
Estatuto sanitário da exploração
Aujeszky |
indemne
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PRRS |
positiva (estável)
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Actinobacillus pleuropneumoniae |
positiva (B1S2)
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Streptococcus suis |
positiva
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Rinite |
positiva
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Mycoplasma hyopneumoniae |
positiva
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Profilaxias efectuadas
PRRS |
Vacinação em massa das porcas cada 4 meses Vacinação dos leitões entre as 6-7 semanas de vida |
Mycoplasma hyopneumoniae | Vacinação com 2 doses à la 1ª e 4ª semanas de vida |
Outras vacinações realizadas nos reprodutores: parvovirus, mal rubro, rinite, colibacilose e clostridiose. |
Aparecimento do caso
O suinicultor decide por-se em contacto com o veterinário após detectar um importante aumento da mortalidade tanto na lactação como nas baterias desde há aproximadamente 6 meses devido ao aparecimento de artrites num elevado número de leitões de entre 2 a 7 semanas de vida.
Estas artrites aparecem de forma súbita e os tratamentos curativos mostraram-se pouco eficazes.
Visita à exploração
O veterinário visita toda a exploração:
Quarentena | |
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Gestantes | |
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Maternidade | |
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Baterias | |
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Engorda | |
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O veterinário decide recolher 2 leitões na lactação não tratados e que se encontram no início do problema. Os animais são levados vivos para laboratório.
Resultados das análises
As análises realizadas nos 2 leitões não permitem isolar nenhum germen de forma que o veterinário pede ao suinicultor se pode enviar outros 2 leitões já que aparecem novos casos de artrite.
15 dias mais tarde as an´lises dos outros 2 leitões dá os seguintes resultados:
1º leitão (3 semanas) não tratado
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2º leitão (3 semanas) não tratado
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Aspecto externo | Coxeira | Coxeira |
Cavidade abdominal | Nada importante a destacar | Nada importante a destacar |
Cavidade torácica |
- Pulmões, pleuras: pleuropneumonia - Coração: pericardite fibrinosa |
- Pulmões, pleuras: pleuropneumonia - Coração: pericardite fibrinosa |
Articulações |
-Poliartrites purulentas húmero-radiais -Baínhas com aspecto fibroso |
-Artrite purulenta húmeroscapular -Bainhas com aspecto fibroso |
Bacteriologia |
Isolamento de Streptococcus suis 7 a partir de: - sangue do coração - pulmões - articulações - pericárdio |
Isolamento de Streptococcus suis 7 a partir de: - sangue do coração - articulações |
Realiza-se um antibiograma da bactéria isolada, dando o seguinte resultado:
Aminósidos | |
Gentamicina (10 UI) |
Sensível
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Betalactâmicos Aminopenicilinas | |
Amoxicilina |
Sensível
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Betalactâmicos de 3ª geração | |
Ceftiofur |
Sensível/font>
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Quinolonas de 1ª geração | |
Flumequina |
Resistente
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Fluoroquinolonas | |
Enrofloxacina |
Resistente
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Marbofloxacina |
Intermédio
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Fenicóis | |
Florfenicol |
Sensível
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Sulfamidas e associação | |
Trimetoprim + sulfamidas |
Sensível
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Tetraciclinas | |
Doxiciclina |
Resistente
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Tetraciclina |
Resistente
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Medidas propostas
Prevenção vacinal | |
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Prevenção médica | |
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Evolução do caso
Evolução das perdas na lactação
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A curva da evolução das perdas na lactação mostra uma inflexão a partir do início do tratamento antibiótico preventivo nos leitões de 15 dias de vida. Há menos variações entre as bandas mas as perdas nos nascidos vivos são ainda elevadas (>10%).
Evolução das perdas nas baterias:
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Do mesmo modo, enquanto que a taxa de perda nas baterias foi muito variável e alta (4,6% de média) antes de Março de 2008, verificou-se uma descida na curva após a introducção do tratamento (2,5 % de perda em média, apesar de uma primeira banda tratada "má").
Fracasso da vacinação
Os leitões da primeira banda procedentes de porcas vacinadas e não tratados de forma preventiva com ceftiofur não apresentaram artrite, mas, pelo contrário, a segunda e a terceira banda apresentaram um recrudescimento das artrites.
A vacinação não é efectiva. O veterinário visita de novo a exploração e recolhe novas amostras.
Enviam-se para o laboratório 8 leitões não tratados (3 de 21 dias e 5 de 40 dias).
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O suinicultor informa o veterinário que, por outro lado, as artrites aparecem vários dias depois da vacinação contra o micoplasma (na maternidade e baterias).
Novos resultados das análises
3 leitões (3 semanas) não tratados
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5 leitões (6 semanas) não tratados
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Aspecto externo | Coxeiras | Coxeiras |
Cavidade abdominal | Nada a destacar | Nada a destacar |
Cavidade torácica | Nada a destacar | Nada a destacar |
Articulações |
Poliartrite purulenta Articulações de ombro e bacia |
Poliartrite purulenta Articulações de ombro e bacia |
Bacteriologia |
Isolamento de Staphylococcus aureus nas articulações |
Isolamento de Arcanobacterium pyogenes nas articulações dos 5 leitões |
Histologia | Em curso | Em curso |
Conclusão
Os gérmenes isolados realmente não são específicos de artrite nos leitões.
Trata-se pois, provavelmente, de gérmenes ambientais inoculados nos leitões durante os cuidados após o nascimento ou então durante a vacinação contra micoplasma.
Medidas propostas
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Comentários
O presente caso apareceu numa exploração de ciclo fechado com 300 porcas situada na Bretanha francesa, zona com uma elevada densidade suína. A exploração realiza o maneio em 7 bandas cada 3 semanas (40 porcas/banda) e desmama aos 28 dias.
O suinicultor decide por-se em contacto com o veterinário após um forte aumento da mortalidade tanto na lactação como nas baterias devido ao aparecimento de artrites num elevado número de leitões de entre 2 a 7 semanas de vida.
Finalmente descobre-se que se trata de um caso de artrites devidas a gérmenes ambientais inoculados aos leitões durante os cuidados após o nascimento e durante a vacinação contra o micoplasma.
As razões do fracasso da autovacinação
Existem dois pontos, segundo o veterinário, que podem explicar o fracasso da vacinação:
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Sem embargo, decidiu-se manter o Streptococcus suis 7 como a causa provável dos problemas já que este germen também se descreve neste tipo de patologia e em segundo lugar, já que tinha sido isolado em cultivo puro das articulações.
Origem do problema e medidas tomadas
Os gérmenes isolados nas últimas amostras remetidas ao laboratório realmente não são específicos de artrites em leitões e portanto, pouco documentados.
O veterinário crê que estes gérmenes se introduziram através dos cuidados realizados aos leitões após o parto e é por esta razão que se tomam medidas higiénicas gerais de reforço (dupla desinfecção e detecção e tratamento das descargas vaginais após o parto, já que podem ser uma fonte de contaminação...). Por outro lado tenta-se limitar o número de injecções passando da vacinação contra micoplasma em duas doses para uma vacinação monodose.
Contudo, cabe assinalar que a maioria das práticas correctas de higiene já se estão a aplicar na exploração (uso de boas doses de desinfectante, caudas cortadas a gás, castração com bisturi com desinfecção adequada da ferida, mudança das agulhas ...) e por último devemos comentar que as injecções já eram poucas visto que o suinicultor utiliza ferro por via oral.
O conjunto destas medidas, associadas a um tratamento antibiótico preventivo aos 10 dias de vida, são suficientes por agora para conter os problemas.