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Ás portas da colheita

Com os portos cheios e perante a proximidade da nova colheita os preços dos cereais tendem à baixa. No entanto não se preveem alterações no complexo da proteína.

Que bonito é o mercado! Cada ano igual, mas sempre diferente. Estamos ás portas da colheita e todos se dedicam a especular sobre o preço no qual se fixará a cevada ou o trigo, horas de conversações mas nem uns nem outros tomam posições. Não vá acontecer que os vendedores vendam barato ou que os compradores comprem 2 ou 3 euros mais caro que o preço final. Nestes momentos o importante não é se entra ou não, o que realmente importante é ser mais esperto que o vizinho.

Em cevada foi feita alguma coisa a níveis de 215 €/ton sobre Lérida ou Vic para Junho/Setembro. Fique claro que segundo os grandes compradores, tendo em conta o preço dos restantes cereais, a estes níveis de preço, os consumos serão baixos, para não dizer mínimos. Isso quer dizer que estamos num compasso de espera, até que possamos entrever que parte da balança tem mais peso, se a má colheita e a fortaleza financeira dos agricultores ou, pelo contrário, se o medo e os preços internacionais se impõem. A estes preços é certo que a cevada poderá ser operada Junho, Julho e Agosto, mas não saberia dizer se em grandes consumos. A partir de Setembro, e pelo menos até Dezembro, posso assegurar que, com os preços actuais, o consumo será dirigido para o trigo, o milho ou o sorgo, deixando abandonada a cevada.

Mas centremo-nos no mercado actual. Os portos continuam a estar cheios e continuam a chegar barcos, principalmente de milho. Isto, junto com a proximidade da colheita faz com que os preços, inexoravelmente, tendam a baixa. O milho situa-se por volta de 222 €/ton, no porto, o trigo, vendo que apenas resta um mês, mês e meio´, no máximo, antes da colheita, cedeu até os 225 €/ton no porto e a cevada, como já comentamos, esperando situar-se.

Olhando para a nova colheita, os preços continuam parecidos, em volta de 200 €/ton para o milho, 215 €/ton para o trigo e 195 €/ton para o sorgo. Um pequeno apontamento, o preço do trigo para a nova campanha está a ser calculado tendo em conta o Levy de 12 €/ton, mas se Bruxelas decide removê-lo o preço do mesmo poderia ser mais competitivo.

Tudo o exposto faz com que o comprador esteja inactivo, esperando para ver por onde se decide decantar o mercado. Além disso, parece que a lógica indica que os preços tendem a igualar-se entre a velha e nova colheita, e tudo aponta para que se impõem os da nova (tendência à baixa). Dito isto devemos estar atentos ao Weather Market e aos movimentos dos fundos (que, pelo menos este mês de Maio, nos deram uma pausa).

Isto também é aplicável ao mercado da proteína que, de momento, e à espera das colheitas do hemisfério norte, e aproveitando as incertezas sobre a Argentina (com notícias contínuas sobre cortes na colheita) continua a escalar posições, com preços por volta dos 405 €/ton para a farinha de soja de baixa proteína. A força do dólar contribui também para estes preços altos. De momento não se preveem mudanças no complexo da proteína, pelo menos nas próximas semanas. Agora tudo dependerá das previsões de colheita dos Estados Unidos, esperemos que deem uma pausa ao mercado.

A colza segue o complexo da soja e, perante previsão de más colheitas na Europa, cotiza por volta dos 300 €/ton para a posição disponível, e 255 €/ton para nova colheita (posição Agosto-Dezembro). De momento o único que se mantem a preços semelhantes é o girassol, que cotiza entre 223-225 €/ton e além disso a previsão é que chegue em muita quantidade aos portos, sendo o melhor substituto, pelo menos para muitas rações.

Jordi Beascoechea