Os veículos e os seus condutores representam um dos maiores riscos na biossegurança no que diz respeito à transmissão de doenças às explorações de produção de suínos. Apesar de que a tecnologia de limpeza e desinfecção de camiões e reboques seja melhor que nunca, os produtores devem sempre assumir que cada carga representa um risco de infecção. Este risco é especialmente importante com os veículos comerciais que transportam animais de explorações com diferentes estados sanitários.
Quando um camião transporta animais que estão a eliminar um agente infeccioso, ele fica contaminado pelo que uma descontaminação posterior eficaz é crucial. Levar a cabo uma lavagem e desinfecção de alta qualidade é difícil e nem sempre se faz bem. Inclusive quando um veículo está descontaminado adequadamente, o risco de que o condutor introduza algum agente infeccioso de fora do camião pode ser um risco acrescentado.
Reduzir estes riscos é o objectivo de muitos veterinários e produtores. Neste artigo, centramo-nos nalguns dos aspectos chave das instalações de transferência (ou seja, cais de carga) bem planeadas e desenhadas, que se utilizam tanto para introduzir animais na exploração (ou seja, marrãs e varrascos) como para tirar (ou seja, leitões, porcos e porcas que vão para abate).
Mas, como é um cais ideal?
Localização do cais: O ideal é que o cais esteja situado no perímetro da área de tráfego controlado das instalações onde estão os porcos, para que exista a maior separação possível com a zona onde estão os animais. Por vezes, o cais está fora do perímetro das instalações da exploração. Nestes casos, os animais são movimentados por camiões internos e evita-se que os camiões externos contaminem a área adjacente à exploração. Este resultado atingiu-se em muitas explorações com o uso de cais externos e são muito práticos quando se necessita movimentar uma pequena quantidade de animais (imagem 1). A localização do cais deve permitir que o condutor do transporte de gado veja a rampa de carga enquanto faz marcha atrás.
Desenho do cais: Na produção suína, há muitos desenhos de cais que são funcionais e biosseguros. Os três pontos principais para um bom desenho são:
- Que tipo de reboques se usam? As dimensões da plataforma e da rampa de carga devem estar bem adaptadas aos reboques, para que os animais possam ser transferidos de forma biossegura. As imagens 2, 3 e 4 mostram vários tipos de camiões que servem explorações de suínos em diferentes partes do mundo.
- Que protocolos de biossegurança pedimos aos trabalhadores da exploração e aos transportadores? Os produtores não só devem informar sobre os protocolos de biossegurança durante a carga de animais aos trabalhadores e condutores dos camiõs antes da actividade, mas também deverão ter cais bem desenhados que facilitem o cumprimento destes protocolos. Os indicadores físicos do limite das zonas limpa e suja, como linhas vermelhas no solo o através de barras horizontais, que permitam o movimento dos porcos mas impeçam o movimento das pessoas, são sempre úteis para recordar os trabalhadores e os condutores dos camiões que a contaminação cruzada coloca a exploração num elevado risco de infecção (imagem 5 e 6). Nalgumas regiões, a incorporação de uma área bem desenhada para que o condutor do camião entre no reboque é uma excelente forma de evitar a contaminação da área que rodeia o cais evitando que este entre na área de carga. Como se mantém a rampa de carga limpa e correctamente descontaminada sob diferentes condições climáticas? O ideal é que as rampas de carga estejam fechadas, isoladas e possam ser aquecidas quando seja necessário. Estes aspectos de desenho tornam-se especialmente importantes em climas mais frios que impedem a efectividade dos desinfectantes e favorecem a sobrevivência dos organismos durante os meses de Inverno (imagem 7). Além disso, devem ser feitos de materiais que permitam uma limpeza e desinfecção efectivas (que incluem a secagem!!) após cada uso. A drenagem da rampa de carga deve garantir que as águas de limpeza não entram no edifício.
Objectivo do cais: Para certos tipos de explorações de produção, a biossegurança das cargas de animais pode-se aumentar com cais separados para os processos de carga e descarga. Uma análise rápida do tráfego da exploração para compreender perfeitamente como se movem os veículos dentro das instalações da exploração ajudará a concentrar-se nas áreas de maior risco de contaminação cruzada. No geral, os cais limpos para receber e para movimentar animais dentro da exploração estarão numa localização separada dos cais para animais que vão para abate (porcos e porcas de refugo). Em última instância, os dois tipos de cais dependerão do estado de limpeza dos veículos e da prioridade de manter a sanidade dos animais que necessitam ser movimentados. Num segundo artigo sobre a biossegurança dos cais, iremos discutir outras ideias sobre como realizar uma análise de tráfego na exploração e outros detalhes sobre desenhos mais comuns de cais de carga.