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Ora bem, a colheita já foi feita e, segundo as últimas estimativas, ela não foi boa mas sim excelente quanto a rendimentos e, conforme as zonas, também em qualidade. Os números são já conhecidos mas devo destacar que no cereal branco (cevada, trigo, centeio… todos os cereais exceptuando o milho) estamos com record em Espanha, superando os vinte milhões de toneladas. Mesmo com a descida de hectares, dedicados ao milho, o record histórico continua a ser o do ano 2013, ainda que por pouco. Relativamente à campanha anterior estamos a falar de uns cinco milhões a mais e a tudo isso deve ser somado o milhão e meio de toneladas de excedente em cevada desta campanha. Resumindo, por agora, cereal não vai faltar.
Além de tudo o que foi dito, é a primeira vez, que eu me lembre, que em plena colheita há oferta de trigo e cevada no porto até à nova colheita e a preços competitivos. Todo isso se traduz numa grande prudência por parte dos compradores no momento de tomar decisões de compra, sobretudo a prazo.
Por agora, é oferecido trigo, colheita velha, sobre o porto, a cerca de 167 euros, a posição de Agosto/Dezembro está à volta dos 165, e inclusive abaixo, e a posição Janeiro/Maio a 169. Quanto à cevada, as ofertas sobre o porto estão por volta dos 155 euros a posição Agosto/Dezembro e dos 160 euros a de Janeiro/Maio. São preços muito atraentes e que condicionam de maneira directa os preços de colheita, independentemente de haver, por parte dos operadores, ou poder haver, vontade de reter mercadorias, porque entendem que, a estos preços, possa ser uma operação rentável por pouco que o mercado reaja (e ainda mais tendo em conta que a poupança e os saldos não são premiados pelo mercado). O problema pode ser que a boa colheita em Espanha seja representativa da boa colheita na Europa e por isso as ofertas de trigo e cevada no porto para toda campanha.
Quanto ao milho, de momento segue o seu caminho sem prestar atenção aos preços das matérias concorrentes ainda que tenha cedido nos preços situando-se no porto sobre os 176/178 para revenda, já que os importadores falam de preços de reposição acima dos 180 euros colheita velha e dos 177 euros a posição de Novembro/Janeiro e 180/179 euros para conseguir a posição de Fevereiro/Maio. Logicamente os compradores primam pela sua ausência, se exceptuarmos as compras para cobrir as necessidades imediatas (poucas) ou os interesses que possam ter os importadores com base nos preços de reposição. De tudo o que foi focado, à que juntar, pelo menos no norte de Espanha, que tanto a cevada como o trigo e o milho têm que competir com as ofertas sobre destino que chegam de França, e eles ainda não estão em plena pressão de colheita.
Resumindo, diria que o prudente é continuar a seguir o mercado de perto e ter muito presente que os preços são tentadores pelo menos para as posições distantes, além disso vai sair o relatório USDA (considerado dos mais importantes) e já se vê o que é que nos trás.
Ainda que pareça mentira, o mundo da proteína está imune a tudo isto, pelo menos a soja, que está actualmente a cerca dos 432 euros e parece que os fundos não estão dispostos a soltá-la, pelo menos até chegar à próxima colheita dos EUA em Agosto/Setembro. Juntando ao facto de que, possivelmente, este é o preço máximo deste mês, já se operou cerca dos 400/415 euros, não obstante ninguém previa que estivesse a estas cotações. A colza foi cedendo e situou-se em cima dos 245-250 euros sobre porto e 250 sobre destino zona Barcelona/Girona, mesmo assim não despertou interesse. O girassol de alta proteína também está fora, cotando acima de 255 euros sobre porto. Há que ter em conta que, com a mudança de formulação, sobretudo a substituição de milho por cevada e trigo, a incorporação de proteína na ração desceu.
30 de Junho
