Descrição da Exploração
Este caso aparece numa exploração de 800 porcas em ciclo fechado situada numa zona de França com baixa densidade suína.
A exploração encontra-se claramente dividida em duas partes: zona de partos e zona de transição-engorde. Se bem que as duas partes só se encontrem separadas várias dezenas de metros, o maneio está totalmente separado, utilizando duas equipas de pessoal diferentes.
A exploração realiza um maneio em 20 bandas com desmame às 3 semanas.
A substituição realiza-se a cada 6 semanas com primíparas F1 que são alojadas numa quarentena separada dos outros pavilhões.
Utiliza-se alimentação líquida que se fabrica na própria exploração.
Aparecimento do Caso
Este caso aparece numa exploração de 800 porcas em ciclo fechado situada numa zona de França com baixa densidade suína.
A exploração encontra-se claramente dividida em duas partes: zona de partos e zona de transição-engorde. Se bem que as duas partes só se encontrem separadas várias dezenas de metros, o maneio está totalmente separado, utilizando duas equipas de pessoal diferentes.
A exploração realiza um maneio em 20 bandas com desmame às 3 semanas.
A substituição realiza-se a cada 6 semanas com primíparas F1 que são alojadas numa quarentena separada dos outros pavilhões.
Utiliza-se alimentação líquida que se fabrica na própria exploração.
Dados Zootécnicos
Antes de realizar a visita in situ, o veterinário estuda os seguintes dados da exploração:
Resultados técnicos
Reprodução | Fertilidade | 93% |
Indice de partos | 90% | |
Nascidos totais | 14,2 | |
Nascidos vivos | 13 | |
Desmamados | 11,5 | |
Transição-Engorda | GMD transição | 450 g/d |
GMD engorda | 770 g/d (30-110 kg) | |
Mortalidade transição | 1,5% | |
Mortalidade engorda | 8,5% |
Estatuto sanitário das primíparas F1
Actinobacillus pleuropneumoniae 1-9-11 e 2 |
Indemnes
|
PRRS |
Indemnes
|
Aujeszky |
Indemnes
|
Peste suína |
Indemnes
|
Mycoplasma hyopneumoniae |
Indemnes
|
Lawsonia intracellularis |
Portadoras
|
Resultados dos controles realizados no matadouro
Pulmões: pontuação média de 3,5/28 mas com um 5% de pleuresia.
Pontuação para os focinhos: 4/20.
Plano de profilaxia actual
Vacinação porcas |
Primíparas: Rinite (2) + Parvovirus (2) + Mal Rubro (2) + Colibacilose (2) Porcas: Doses de rappel para Rinite + Parvovirus + Mal Rubro + Colibacilose |
Vacinação leitões |
Desde há 2 anos que se realiza a vacinação contra Mycoplasma ao desmame. |
Prevenção antibiótica leitões |
Após o desmame incorpora-se na água de bebida uma associação de colistina + tilosina durante 5 dias |
Visita à Exploração
Durante a visita realizam-se as seguintes observações:
Pavilhão de partos
|
Pavilhão de transição-engorda
Até 21 dias post-desmame | |
|
|
Dos 21 dias post-desmame aos 70-77 dias de vida | |
|
|
Dos 70-77 dias de vida ao final da engorda | |
|
Conclusões após a Visita e Medidas Tomadas
Segundo as observações realizadas, existem várias patologias presentes na exploração:
Patologias | Indices |
Patologia respiratória de tipo APP ou Pasteurella | Historial da exploração e resultados no matadouro, |
Patologia digestiva de tipo ileite ou colite | diarreias, necropsias anteriores, estatuto positivo das primíparas para Lawsonia, PMWS, … |
Patologia devida a circovirus tipo 2 | dermatite e nefropatia |
Para não atacar todos as frentes e propôr uma profilaxia realmente difícil decidiu-se, pôr em contacto com os animais na fase de transição e engorda, 12 leitões sentinela com o objectivo de detectar a patologia aguda principal e estudar a circulação dos principais patógenos.
Acompanhamento das Medidas
No dia 0 introduzem-se 12 leitões sentinela de 28 dias de idade com o seguinte estatuto sanitário (exploração de origem):
Aujeszky | Indemne |
Peste suína | Indemne |
PRRS | Indemne |
Mycoplasma | Indemne |
APP | Indemne (APX4 nos reprodutores) |
Pasteurella multocida | Indemne |
Lawsonia | Incerto (sem ileite diagnosticada mas com algumas serologias positivas no final da engorda) |
Circovirus tipo 2 | Sem evidências de PMWS mas com serologias positivas |
Dia 0 a 1 mês: adaptação às baterias
Observa-se reacção num único animal sentinela com início de atraso no crescimento, presença de tosse e um aspecto mais anémico em comparação com os demais porcos. Decide-se necropsiar o animal doente observando unicamente lesões no aparelho respiratório com ligeira atrofia dos cornetos (pontuação 3/20) e presença de pus enquanto que não há nada a destacar em relação aos pulmões.
Sobre este animal se realiza también una bacteriología cuyos resultados son los siguientes:
- Isolamento de Haemophilus parasuisno nariz, traqueia, bronquios e amígdalas
Antibióticos |
Interpretação (*)
|
||
S
|
I
|
R
|
|
* Aminósidos | |||
Gentamicina (10 UI) |
X
|
||
Espectinomicina |
X
|
||
* Betalactâmicos-Aminopenicilinas | |||
Amoxicilina |
X
|
||
* Betalactâmicos-Cefalosporinas | |||
Ceftiofur |
X
|
||
* Vários | |||
Tiamulina (indicação CEVA) |
X
|
||
* Fluoroquinolonas | |||
Marbofloxacina |
X
|
||
Enrofloxacina |
X
|
||
* Macrólidos | |||
Tilosina |
X
|
||
Espiramicina |
X
|
||
Tilmicosina |
X
|
||
* Macrólidos Lincosamidas | |||
Lincomicina |
X
|
||
* Fenicóis | |||
Florfenicol |
X
|
||
* Quinolonas de 1ª geração | |||
Flumequina |
X
|
||
* Sulfamidas (associação) | |||
Trimetoprim + sulfamidas |
X
|
||
* Tetraciclina | |||
Doxiciclina |
X
|
||
Tetraciclina |
X
|
- Isolamento de Bordetella bronchiseptica no nariz
Antibióticos |
Interpretação (*)
|
||
S
|
I
|
R
|
|
* Aminósidos | |||
Gentamicina (10 UI) |
X
|
||
Espectinomicina |
X
|
||
* Betalactâmicos-Aminopenicilinas | |||
Amoxicilina |
X
|
||
* Betalactâmicos-Cefalosporinas | |||
Ceftiofur |
X
|
||
* Vários | |||
Tiamulina |
X
|
||
* Fluoroquinolonas | |||
Marbofloxacina |
X
|
||
Enrofloxacina |
X
|
||
* Macrólidos | |||
Tilosina |
X
|
||
Espiramicina |
X
|
||
Tilmicosina |
X
|
||
* Macrólidos Lincosamidas | |||
Lincomicina |
X
|
||
* Fenicóis | |||
Florfenicol |
X
|
||
* Quinolonas de 1ª geração | |||
Flumequina |
X
|
||
* Sulfamidas (associação) | |||
Trimetoprim + sulfamidas |
X
|
||
* Tetraciclinas | |||
Doxiciclina |
X
|
||
Tetraciclina |
X
|
- Isolamento de Streptococcus suis tipo 7 no nariz
Exames complementares:
’ Circovirus tipo 2 mediante PCR em diferentes orgãos: Negativo
’ Lawsonia intracelullaris ao nível do ileon: Negativo
Dia 30: primeiro controle serológico dos sentinelas (inclui sentinela doente)
Agente patógeno |
Resultados
|
Número
|
APP 1-9-11 |
Negativo
|
12/12
|
APP2 |
Negativo
|
12/12
|
Mycoplasma hyopneumoniae |
Negativo
|
12/12
|
Haemophilus parasuis |
Negativo
|
10/12
|
Duvidoso
|
2/12
|
|
Lawsonia intracellularis |
Positivo
|
3/12
|
Duvidoso
|
3/12
|
|
Negativo
|
6/12
|
Fim do Acompanhamento
O acompanhamento dos sentinelas dura 4 meses.
Período compreendido entre o dia 1 e 3 meses: fim das baterias e início da engorda
Durante este período um animal sentinela apresentou sintomas de sindroma da reduão do crescimento e anemia morrendo ao cabo de vários dias, ocorrendo durante o período de engorda dois meses e meio após a entrada. Não se efectuou nenhuma necropsia mas segundo o suinicultor, os sintomas observados correspondiam aos registados na exploração.
Período compreendido entre o 3º e 4º mês: final da engorda
Um novo animal sentinela, com sintomas de emagrecimento (não come) e palidez, morre ao cabo de uns dias. Segundo o suinicultor, os sintomas observados foram semelhantes aos detectados no primeiro sentinela que morreu um mês antes.
Necropsia realizada ao segundo sentinela 24 h após a morte
O animal apresentava aspecto pálido, sindroma da redução de crescimento mas às 24 h não estaba inchado.
Aparelho respiratório | Pulmão |
Algumas lesões de pneumonia sobre os lóbulos apicais (4/28) Edema interlobular visível apesar de terem passado 24 h post-mortem Gânglios traqueobronquiais reactivos |
Nariz | Atrofia dos cornetos (6/20) | |
Outros orgãos |
Lesões importantes no baço: zonas com necrose Gânglios inguinais médios reactivos Coloração dos rins similar a nefrite Sem lesões no ileon e intestinos apesar das 24 h post-mortem |
|
|
|
|
A presente tabela faz pensar em lesões de circovirose e rinite. Devido ao tempo passado entre a morte e a necropsia não se realizou nenhuma análise complementar.
4º mês: segundo controle serológico dos sentinelas ainda presentes (9 animais)
Agente patógeno |
Resultados dia 30
|
Resultados 4 mês
|
APP 1-9-11 |
Negativo 12/12
|
Negativo 9/9
|
APP2 |
Negativo 12/12
|
Negativo 9/9
|
Mycoplasma hyopneumoniae |
Negativo 12/12
|
Positivo 6/9
|
Haemophilus parasuis |
Negativo 10/12
|
Negativo 3/9
|
Duvidoso 2/12
|
Positivo 6/9
|
|
Lawsonia intracellularis |
Positivo 3/12
|
Positivo 9/9
|
Duvidoso 3/12
|
-
|
|
Negativo 6/12
|
-
|
Análise de hisopos nasais de 5 porcos sentinela presentes
Agente patógeno |
Resultados
|
Bordetella bronchispetica |
3/5
|
Pasteurella multocida no toxigénica |
2/5
|
Antibiograma de Pasteurella multocida
Antibióticos |
Interpretação (*)
|
||
S
|
I
|
R
|
|
* Aminósidos | |||
Gentamicina (10 UI) |
X
|
||
Espectinomicina |
X
|
||
* Betalactâmicos-Aminopenicilinas | |||
Amoxicilina |
X
|
||
* Betalactâmicos-Cefalosporinas | |||
Ceftiofur |
X
|
||
* Vários | |||
Tiamulina |
X
|
||
* Fluoroquinolonas | |||
Marbofloxacina |
X
|
||
Enrofloxacina |
X
|
||
* Macrólidos | |||
Tilosina |
X
|
||
Espiramicina |
X
|
||
Tilmicosina |
X
|
||
* Macrólidos Lincosamidas | |||
Lincomicina |
X
|
||
* Fenicóis | |||
Florfenicol |
X
|
||
* Quinolonas de 1ª geração | |||
Flumequina |
X
|
||
* Sulfamidas (associação) | |||
Trimetoprim + sulfamidas |
X
|
||
* Tetraciclina | |||
Doxiciclina |
X
|
||
Tetraciclina |
X
|
Diagnóstico e Conclusão
Elementos de diagnóstico
A nível clínico durante a visita à exploração:
|
Ao nível dos resultados serológicos e dos hisopos realizados sobre os animales sentinela:
e/ou e/ou |
Ao nível clínico e de lesões nos animais sentinela doentes:
|
Conclusão
Dos numerosos contaminantes em circulação, o circovirus parece ser o mais activo.
Medidas a Tomar
1. Início de um plano vacinal contra o circovirus nas porcas.
2. Reforço da prevenção respiratória contra aBordetella bronchiseptica e frente aos patógenos respiratórios Haemophilus parasuis e Pasteurella multocida durante a fase das baterias mediante tratamento com oxitetraciclina, em primeiro lugar sobre todos os animais das baterias durante 10 dias e depois banda a banda durante 15 dias nas baterias.
Uma vez efectuada esta primeira etapa (6 meses) atacar outros pontos, em particular de carácter digestivo e procurar os
elementos clínicos característicos:
- leitões com porcas "duras" e com um ligeiro atraso do crescimento a partir das baterias,
- resultados de crescimento sempre médios.
Actualmente a exploração encontra-se na fase de instauração do plano e os primeiros resultados são muito animadores.
Comentários
O caso clínico apresentado este mês, aparecido numa exploração francesa de ciclo fechado com 800 mães situada numa zona com baixa densidade suína, descreve como se evidenciou a presença de circovirus com a ajuda de leitões sentinela.
O suinicultor avisou o veterinário após detectar um aumento brusco da mortalidade na engorda, com presença de porcos pálidos que morriam de forma repentina, porcos demasiado magros que foram abatidos, animais com dificuldade respiratória que morriam de forma repentina e nos que se observava sangue ao nível do focinho e outros inchados com morte parecida à devida a enterotoxemia.
O acompanhamento clínico e serológico dos leitões sentinelas permite ajudar o veterinário a eleger quais são as prioridades sanitárias?
Tendo em conta a dificultade de propôr uma estratégia sanitária numa exploração onde existem diferentes co-infecções, a utilização de leitões sentinela apresenta-se como uma solução sedutora.
Na prática é economicamente impossível associar todas as profilaxias existentes e torna-se necessário propôr prioridades que podem evoluír ao longo do tiempo.
Tendo em conta os seguintes três elementos complementares:
|
No presente caso clínico deu-se prioridade, em primeiro lugar, à profilaxia para PCV2 e para a profilaxia respiratória no post-desmame.