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Cocktail de Verão

Rectificação de mercado e subida de preços dos cereais e da proteína.

Num copo de cocktail misturar:

  • Previsão de colheita de soja e milho record;
  • Junta-se um pouco de climatologia (wheather market em inglês, que fica sempre com mais estilo), pode ser que afecte rendimentos;
  • Juntam-se umas gotas de notícias sobre a China, que parece que vai cumprir as expectativas de crescimento de 7,5%;
  • E por último, e apenas para decorar, põem-se-lhe umas folhas de alguma coisa referente a posições curtas por parte dos fundos comerciais e não comerciais.

Agita-se bem e já está!! Cocktail de Verão com rectificação de mercado e subida de preços dos cereais e da proteína.

Mas antes de tentar perceber o que acontecerá, fazemos uma revisão do que se passou durante este mês de Agosto. O preço do milho fechou até 162 €/Tm para posição Novembro 2013/ Janeiro 2014 e 167 €/Tm para posição de Fevereiro 2014/ Maio 2014. O trigo chegou a estar cotado a 182 €/Tm para Setembro 2013 e 185 €/Tm para posições mais longas. O centeio pode fechar-se por volta de 155 €/Tm Setembro/Dezembro e a cevada, segundo os destinos, foi oferecida a 168 €/Tm.

Hoje em dia, e depois do que aconteceu nestes últimos 10 dias, o milho subiu até aos 170 €/Tm a posição Novembro 2013 /Janeiro 2014 e 175 €/Tm para a posição Fevereiro 2014/Abril 2014. O trigo recuperou até 193-194 €/Tm para a entrega Setembro, a cevada seguiu logicamente a estela da subida situando-se para entregas disponível sobre Lérida em 175 €/Tm. O centeio recuperou até 167 €/Tm para nova colheita.

Menção à parte merece a proteína, sobretudo a soja. No início de Agosto parecia que, finalmente, a soja ía oferecer a tão ansiada descida de preços, essa descida que estamos à espera faz um ano, mais ou menos! Chegou a ser cotada a 410 €/Tm para entrega Setembro e a 360 €/TM para a posição Outubro – Dezembro 2013, recuperando a 455 €/Tm (preços da manhã de 30 de Agosto) para entrega Setembro 2013 e 440 €/Tm para posição Outubro – Dezembro 2013. A subida deu-se contra o sentimento baixista do mercado, e se me perguntarem contra toda a lógica, pelo menos a minha. A situação da proteína é mais ou menos a seguinte:

  • Argentina, pela sua situação socio-política, não tem vendida 50% da colheita.
  • China parece que confirma o crescimento de 7,5% (afastando assim o medo da desaceleração da superpotência e fortalecendo as estimativas de procura de matérias-primas).
  • O final da campanha nos EUA está a ser mais complicado que o normal, ainda que já se tenha falado disso até à saciedade, a necessidade de cobrir a procura com compras de grão de soja ao Brasil e Paraguai são um factor alcista até nova colheita.
  • Para mim o principal motivo, o mercado de soja em Chicago está participado em 55% por fundos não comerciais e 45% por comerciais.
  • Graças ao sentimento baixista que impera no mercado (desde há um ano…) as coberturas para os próximos meses estão no mínimo, favorecendo com isso a especulação.

Logicamente todo esta confusão na soja repercute-se directamente na evolução dos preços da colza e girassol. A farinha de colza cotava, na semana passada, a 220-222 €/Tm, tanto para entregas disponíveis como para entregas até Dezembro 2013. Hoje o problema é encontrar oferta a 245 €/Tm, em resumo uma subida de 20-25 €/Tm numa semana… Quanto ao girassol (35% proteína) foi cotado a 208-210 €/Tm para nova colheita (entrega Outubro-Dezembro 2013) recuperando até alcançar hoje os 220 €/Tm para a mesma posição.

No meu modo de ver, no que se refere a cereais, os números de colheita a nível mundial e europeu não se alteraram, e é por isso que entendo que não podem haver grandes movimentos altistas. Creio que poderemos ver correcções de preço, sobretudo para o trigo e a cevada, a partir de Outubro/Dezembro, descidas motivadas pela colheita de milho. Além disso, a necessidade de espaço obrigará a vender tanto milho como trigo. Isto é válido para Espanha, mas também para França e Mar Negro.

Quanto à proteína, devemos esperar que a climatologia seja boa para a colheita nos EUA para poder ver correcções no mercado importantes a partir de Outubro 2013.

Para finalizar, duas notícias prometedoras:

  • Em primeiro lugar na Europa e em fase experimental, já se está a conseguir girassol com 40% de proteína. Se a isto se juntar o facto de que no Canadá e no norte da Europa está a ser obtida, também em fase experimental, farinha de colza com 44-46% de proteína, pode esperar-se que num futuro não muito longe a dependência da soja seja mínima.
  • Em segundo lugar, mesmo que este mercado seja incerto, é evidente que em Fevereiro deste ano se possa comprar um camião de soja ou dois de cereais pelo valor de um camião de porcos. Actualmente, com o valor de um camião de porcos podem-se comprar duas viagens de soja ou 4 ou 5 camiões de cereais. Isto também pode ser extrapolado para os frangos, ovos…. Dito de outra maneira, a necessidade de capital circulante foi sendo reduzida de maneira significativa, e com isso as necessidades financeiras, num momento em que escusado será dizer que o financiamento é muito difícil e complicado.

30 de Agosto de 2013

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