Começa Setembro e, como todos os anos, parece que os mercados "se espreguiçam" após a paragem de Verão. Ainda que este ano o Verão tenha tido alguns sobressaltos (as tensões entre a Ucrânia e a Rússia terão sido algum "estica e encolhe") tudo parece mais relaxado sobre o prisma das férias.
Cereais
Comecemos pelo trigo. Nos portos chegou a cotar, durante o mês de Agosto, a 163-165 €/Tm para uma posição de Setembro a Dezembro de 2014 e à volta de 170 €/Tm para a posição Janeiro-Maio de 2015. Ao que parece, estes preços são, de momento, os do porto, subindo uns cinco euros até se situarem à volta de 170 €/Tm para a posição Setembro-Dezembro 2014. O que terá despertado o mercado são as cotações de trigo francês que chegaram a preços muito competitivos entre 172-174 €/Tm destino. O milho parece ter subido nos últimos dias para uma posição disponível, devido à falta de disponibilidade em porto, embora esta deva ser atenuada em breve com as novas chegadas. No que se refere à nova colheita, os preços no porto rondam os 164 €/Tm para a posição Novembro/2014-Janeiro/2015 e 169 €/Tm para posições Fevereiro/Maio 2015. Parece que a colheita se vai atrasar um pouco já que, na Catalunha e Aragão, o Verão foi muito pouco convencional, no sentido de pouco caloroso. Pessoalmente penso que com as coberturas que estão feitas de Novembro para a frente os fabricantes estão sossegados e à espera que comece a chegar a pressão da colheita nacional e a do milho francês (que neste ano, depois de vários anos sem ter um papel importante, parece que voltará a ser um actor principal para a zona norte de Espanha). A cevada continua pelo seu próprio caminho, cotando entre 168-171 €/Tm segundo os destinos, ficando relegada a um segundo plano quase sem consumo, ainda que com a pouca oferta vendedora que há, qualquer pequena procura parece fazer com que o preço suba.
Em resumo, o fabricante em geral tem boas coberturas de cereais até ao fim do ano e também um pouco para o início de 2015 e está tranquilo à espera que chegue a pressão de colheita de milho, aproveitando uma ou outra oferta interessante de trigo para disponível.
Proteína
Falemos agora da proteína, depois de cotar a farinha de soja a 364 €/Tm no mês de Julho, o preço não tem feito senão subir. Agosto foi uma roleta russa com mais subidas que descidas… chegou a cotar a 458 €/Tm, ainda que depois das últimas descidas o preço parece mais ou menos estável à volta de 420 €/Tm. A colheita nos Estados Unidos continua a ser excelente e cada vez está mais próxima, assim que, creio que a partir de Outubro podemos começar a notar a pressão de colheita. Não esquecer que na Argentina ainda não foi comercializado 48% da colheita. No entanto, não devemos perder de vista que no mercado nacional, no final do ano, entramos em período de paragem técnica das extractoras (paragens de manutenção que são feitas uma vez por ano), ainda que já tenham sido programadas e aos portos já tenham chegado vários barcos de farinha de soja para suprir estas paragens e continuarão a chegar barcos.
Como em todos os meses de Agosto, houve uma descida de preços da colza e muita pressão por parte dos vendedores, o preço caiu para 220 €/Tm. Actualmente, como já passou a febre vendedora na origem, o preço escalou para 232 €/Tm. O consumo manteve-se alto este mês, inclusive foram feitos contratos até ao mês de Dezembro. O girassol continua sem cotação para disponíveis, creio que teremos que esperar por finais de Outubro para que cheguem os barcos para começar a notar pressão de preços e começar a encontrar preços mais atraentes.
Definitivamente, devemos estar atentos às possíveis descidas de preço da soja devidas à pressão de colheita nos Estados Unidos para poder encerrar posições a longo prazo e assim deixar de sofrer os vaivéns do mercado do dia-a-dia.
Jordi Beascoechea
2 Setembro 2014