A resposta não é fácil, os resultados de ELISA e PCR não são 100% concluentes, pelo que há que trazer mais segurança com certas práticas de maneio que são aqui descritas.
Já se passaram alguns anos desde que o PRRS chegou às explorações. Durante todo este tempo, foram tentadas diferentes estratégias para alcançar o seu controlo, concluindo que isso não é alcançado exclusivamente com o uso de vacinas, mas é sim necessário que o maneio aplicado não perpetue o vírus em nenhuma das áreas da exploração, evitando a sua reintrodução em gestações e gerando problemas reprodutivos, bem como a produção de leitões virémicos que, posteriormente, serão responsáveis por problemas nas fases de crescimento. Uma das áreas que mais chamou a atenção, devido à importância de manter essa estabilidade da gestação, é a introdução de porcas de reposição.
Quando a reposição é de origem externa, a introdução de animais negativos ao PRRS assegura que, por essa via, não vai ser introduzida uma nova estirpe de vírus que possa romper com a estabilidade conseguida, mas ao mesmo tempo, coloca o problema de conseguir a sua correcta adaptação. Quando a reposição procede da própria exploração e esta é estável, o risco está em que, com o tempo, se converta em negativa, o que aumentaría o risco de se tornar instável. A solução para estes problemas é desenhar e aplicar um programa de adaptação que, ou através do contacto com o vírus que circula na exploração ou através de vacinas ou com a combinação de ambos, consiga que as porcas nulíparas desenvolvam imunidade à doença e superem o seu estado excretor após o contacto com o vírus. Deste modo, ao introduzi-las nas gestações ou área reprodutiva da exploração não signifiquem nenhum risco para a manutenção da estabilidade. Mas, quando são aplicadas estas estratégias, as dúvidas que se colocam são sempre as mesmas: A reposição introduzida está realmente protegida? De certeza que já não estarão a eliminar vírus quando contactarem com o resto das porcas?
As técnicas disponíveis a nível de campo que indicam a produção de anticorpos (técnicas ELISA) não permitem fazer a correlação entre os resultados obtidos e o nível de protecção (López, 2007), apenas indicam que houve contacto com o vírus. A nível experimental, existem outras técnicas que permitem saber se a imunidade celular foi desenvolvida e outras ainda que nos permitem saber se os animais têm ou não a capacidade de neutralizar o vírus, mais relacionados à proteção real. Mas, infelizmente, estas técnicas são caras e complexas, pelo que não são habitualmente usadas. As técnicas de ELISA também apresentam um problema adicional e, dada a sensibilidade da técnica, pode ser encontrada uma percentagem de animais (apesar de pequena) que, apesar de terem entrado em contato com o vírus, dão um resultado negativo (falso negativo). Portanto, na prática, será realizada uma serologia utilizando um teste de ELISA sobre uma percentagem significativa das nulíparas. O que queremos verificar com isso é que o grupo é positivo. Será considerado positivo, mesmo com resultado negativo (desde que esteja dentro dos limites de sensibilidade do teste realizado).
Assegurar que as porcas já não eliminam vírus parece mais fácil, considerando que hoje temos técnicas de PCR que nos permitem detectar quantidades muito pequenas de partículas virais. No entanto, no caso de animais infectados com o vírus PRRS, a virémia ou a presença do vírus no sangue não dura mais que 4-6 semanas, na maioria dos casos, mas sabemos que animais sem vírus no sangue podem ser portadores do vírus nas amígdalas por longos períodos (Horter, et al. 2001). Para saber se o vírus está nas amígdalas, é necessário realizar uma biópsia, o que não é prático. Esta é a razão pela qual, apesar da sua limitação, continua a ser usada a PCR como uma técnica que fornece uma aproximação do estado do portador. Estas PCR podem ser realizadas a partir de amostras de sangue ou fluidos orais e, sempre, numa percentagem significativa da população que vai ser introduzida.
Na prática, é necessário que a reposição seja positiva a ELISA e negativa a PCR antes de as por em contacto com o resto das reprodutoras. Mas, conhecendo as limitações das técnicas, é necessário tentar que o maneio implementado contribua com um extra se segurança. Assim, por exemplo, são recomendadas adaptações suficientemente longas (cerca de 12 semanas) para garantir o contacto e a interrupção da excreção, além de um maneio separado das nulíparas cobertas, pelo menos durante o primeiro terço da gestação, com o objectivo de tamponamento da possível presença de uma nulípara eliminadora dentro do grupo.