A congelação de espermatozóides inicia-se de forma experimental com previsão de ser utilizada na inseminação artificial (IA) no ano 1949. Nesta data Polge e colaboradores, descobriram o efeito positivo do glicerol como crioprotector quando junto aos meios de congelação. Nos bovinos foi a espécie onde se conseguiram melhores resultados, a resistência ao frio dos seus espermatozóides permitiu obter partos em vacas inseminadas artificialmente com sémen descongelado (IAC). A técnica difundiu-se com facilidade devido à melhoria na descendência de produção de leite e carne, no resto das espécies não se teve esta expansão, e os modelos de congelação eram copiados dos utilizados nos bovinos.
Em suíno os espermatozóides são especialmente sensíveis ao frio, quando se submetem a temperaturas abaixo de 15ºC, começam danos na membrana plasmática e acrossómica que determinam alterações posteriores da célula; com temperaturas de congelação os danos são maiores e além das membranas deteriora-se o citoesqueleto, danifica-se o ADN, aumenta a oxidação celular e produzem-se perdas de enzimas; todas estas alterações provocam danos irreversíveis na viabilidade e funcionalidade da célula espermática. Nas primeiras congelações realizadas em suínos nas décadas 50 e 60, a qualidade seminal pós-descongelação era muito má, e não se conseguiram partos em porcas inseminadas.
Em 1970 outra vez Polge e colaboradores, obtiveram a primeira ninhada de leitões depositando sémen descongelado no oviduto com prévia intervenção cirurgica. Um ano depois três equipas distintos conseguem fertilidade em porcas com IAC: Graham et al., 1971; Pursel e Johnson, 1971; Crabo e Einarsson, 1971. Em Espanha Vicente Sarmiento da Estação Pecuária de Murcia, apresentou em 1972 no Congresso Mundial da IA e Reprodução Animal de Munique, o primeiro trabalho com resultados de fertilidade utilizando sémen de varrasco congelado em palhetas. Em 1975 são publicadas duas metodologias de congelação de sémen de varrasco que foram a base das utilizadas até ao dia de hoje: nos EUA Pursel e Johnson, 1975 que congelam em pílulas, e na Alemanha Westendorf et al., 1975 em palhetas de 5 ml. Ainda que se tenha melhorado notavelmente a qualidade do sémen pós-descongelação, os resultados conseguidos na fertilidade e tamanho da ninhada ficavam longe dos obtidos com a monta natural, pelo que não logrou expandir-se de forma rotineira como tinha acontecido nos bovinos.
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Na década de 80 conseguem-se melhorias importantes no maneio da IA com doses refrigeradas a 15ºC (IAR). As chaves do seu êxito relativamente à utilização de IAC, foram fundamentalmente: os resultados reprodutivos igualavam aos da monta natural, desenharam-se sistemas simples de produção e aplicação das doses que permitiram aproximar o seu uso dos técnicos e dos suinicultores, além do mais, o sistema não encarecia tanto a dose seminal como a congelação. A implantação é tão ampla (quadro 1%
Raúl Sánchez Sánchez. Dpto. Reprodução Animal – INIA. Espanha