Congelação de sémen em suíno II. Repercussão que teria a sua implantação

Contentor de azoto líquido, para armaze- namento de doses seminais por crioconservação

Como comentámos no nosso anterior trabalho, a utilização de inseminação artificial com sémen congelado (IAC) não logrou difundir-se no maneio reprodutivo das explorações suinícolas, devido fundamentalmente a que os resultados reprodutivos conseguidos, por agora e em geral, são inferiores aos obtidos com inseminação artificial utilizando doses refrigeradas (IAR). A diferençaa de conservação de doses seminais entre ambos sistemas (indefinida para a IAC, e de 2 a 8 dias para a IAR), confere ao sémen crioconservado uma série de vantagens que sem dúvida, uma vez resolvidos os obstáculos na técnica de congelação de sémen de varrasco, a converterão na metodologia usada de forma generalizada. Entre as alterações que podem acontecer como consequência de uma possível implantação da IAC, destacamos as seguintes:

Manequim de inseminação.

O funcionamento e estruturação dos centros de inseminação seria modificada de forma notória relativamente à organização que têm os actuais. Além da adequação à metodologia e incorporação do equipamento que requer a preparação de doses seminais congeladas, a sistemática de trabalho do centro estará mais repartida ao longo da semana, permitindo respeitar ainda mais os ritmos de recolha dos varrascos. A produção contínua de doses seminais sem receio de terminar o prazo de validade, melhorará o fornecimento dos picos de pedidos de doses que se sucedem na produção suinícola, por exemplo: o que sucede no inicio da semana devido à prática de desmamar às 5ª ou 6ª feiras, para evitar a entrada em cio aos fins de semana; o aumento de pedidos de doses que sucede nos períodos de verão (infertilidade sazonal), devido ao aumento das repetições; por problemas sanitários dos centros de IA que impedem o fornecimento às explorações suas clientes; ou também quando se iniciam novos núcleos pecuários. A estruturação dos centros de inseminação produtores de doses seminais será modificada, criando-se postos de armazenamento e distribuição das doses seminais congeladas, para facilitar a chegada das doses às explorações.

Poderá atingir-se maior rendimento dos varrascos com características produtivas mais altas. Com a congelação de sémen não existe a necessidade de utilização imediata das doses seminais, permitindo-nos inseminar as fêmeas genéticamente adequadas com o varrasco de que procedem as doses, assim, o número de doses produzidas de um ejaculado não têm problemas por caducidade, tal e como está a suceder com a IAR.

Enchedora automática de palhetas.

A diferença das doses refrigeradas onde se mantêm os seus preços muito parecidos, a utilização da IAC suporá diferenças dos mesmos segundo a sua genética e a sua produtividade. Ao poder dispor de doses de um indivíduo inclusive pós-mortem, pode-se reflectir com mais exactidão sobre as características produtivas de cada indivíduo, efectuando-se uma classificação das doses pela sua produtividade e ajustando diferentes valores económicos segundo a sua cotação.

As explorações poderão dispor durante períodos prolongados de tempo, de forma contínua, doses seminais do mesmo macho ou de linhas genéticas similares, que permitirão conseguir maior uniformidade de descendência. Isto suporá em explorações de genética oferecer reprodutores mais iguais, e em explorações de produção lotes de animais com carcaças mais homogéneas.

Seria mais fácil o comércio e tramitação sanitária de doses espermáticas entre países, já que não seriam contabilizados os tempos e distâncias de transporte.

Segundo a sua finalidade seriam criados distintos tipos de bancos de sémen de suíno, que definiriam a sua gestão e funcionamento e cada caso:

Raúl Sánchez Sánchez. Dpto. Reprodução Animal – INIA. Espanha