Isto pode ser resumido muito brevemente como "começa alto e aumenta rápidamente". Um bom principio é garantir que o consumo de ração, no dia seguinte ao parto, seja retomado com a mesma quantidade dada durante os últimos 14 dias de gestação: os consumos de ração devem ser de, pelo menos, 2,5 kg, mas frequentemente vêem-se porcas a comer 3 a 4 kg por dia após o parto em situações em que a alimentação das porcas gestantes está bem controlada e as porcas se encontram em boa condição corporal (sem excesso de peso). A quantidade diária de ração oferecida deve aumentar rapidamente nos dias seguintes ao parto, pelo menos em 0,5 kg/dia, mas de preferência, de 1,0-1,5 kg/dia. A pesquisa demonstrou repetidamente que os padrões de alimentação muito restritivos durante o inicio da lactação (para evitar os problemas de congestionamento do úbere, hipogalactia, diarreias em leitões, obstipação da porca e alguma rejeição de ração) podem reduzir o consumo total de ração na lactação por duas razões:
- o consumo nas três últimas semanas de lactação não é influenciado pelo consumo no início da lactação, e
- as oportunidades perdidas de consumir maior quantidade de alimento no início da não podem ser recuperadas nas últimas etapas da lactação (Quiniou et al, 1998;. Aherne, 2001; Quiniou et al, 2000; Noblet et al, 1998).
Finalmente, estudos em grande escala têm demonstrado que cerca de 30-35% das porcas apresentam uma quebra notável no consumo de alimento durante 2-3 dias na segunda semana de lactação, embora 30% das porcas não mostrem, em absoluto, nenhuma rejeição da ração (Aherne, 2001). Portanto é melhor adaptar o nosso maneio da alimentação aos 2/3 das porcas que não mostram uma marcada diminuição no consumo e definir estratégias de gestão para aquelas que rejeitam o alimento, em vez do contrário. Se uma porca reduzir o consumo ou deixar de comer uma refeição ou num dia, há que verificar os seus sinais vitais (temperatura, estado do úbere, etc...), esvaziar o comedouro se necessário e voltar a encher o mais rápido possível com a quantidade fornecida no momento anterior à rejeição do alimento.
A quantidade de ração administrada deve ser registada diariamente em fichas de alimentação, sistemas acoplados ao comedouro ou ao distribuidor de alimento ou qualquer outro sistema que permita registar o consumo diário de alimento (Goodband et al., 2006). Isto também melhora a comunicação e coordenação entre os diferentes trabalhadores.
Às porcas deve-se deixar, sempre, tempo suficiente para comer; não há pressa, já que a cada hora dão de mamar a uma ninhada de 10-12 leitões. É preferível distribuir 2 ou 3 refeições ao dia em intervalos iguais de tempo. A alimentação em forma de papa, com a adição de água, estimula a ingestão em 3 a 12% (Quiniou et al, 1998;. Genest y D'Allaire, 1995), mas não se deve adicionar muita água o que poderia conduzir a um desperdício de ração e a uma diluição excessiva da mesma, assim como a uma possível fermentação e a problemas higiénicos. Deve haver sempre ração disponível no comedouro durante a maior parte do dia, mas os comedouros devem estar limpos. Estas práticas conhecem-se como "alimentar de acordo com o apetite", o qual deve ser o mais parecido possível com alimentar "ad libitum". Segundo KSU, se 20% dos comedouros estão vazios, em qualquer momento, ao longo da lactação, significa que as porcas estão sendo limitadas no consumo de alimento segundo a vontade do produtor (Tokach, 2002).
Conclusões
Gerir alimentação de porcas durante a lactação com sucesso poder-se-á resumir em ''maximizar a ingestão de alimento''. Em numerosas investigações e sistemas comerciais de produção observaram-se consequências positivas de maximizar os consumos na lactação das porcas de genótipo magro e prolífico, melhorando o intervalo desmame-cobrição, a taxa de partos e o tamanho da ninhada seguinte (Figura 5 e 6). Parece simples, mas na realidade é um desafio diário. Às vezes, é necessário superar algumas "crenças" que nos dificultam a mudança e aplicar a ciência para a resolução dos problemas práticos. Prestando atenção à alimentação da porca gestante, ao maneio na lactação, à temperatura ambiente, à água, ao equipamento e às pessoas, conseguiremos o êxito.
Figura 5. Relação entre o consumo em lactação e a taxa de partos (Goodband et al., 2006)
Figura 6. Relação entre o consumo em lactação e o nº de nascidos vivos na ninhada seguinte. (Goodband et al., 2006)