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Controlo objectivo da biossegurança (2/2)

O novo sistema digital de controlo de biossegurança e a sua aplicação ao controlo objectivo de biossegurança interna e movimentos dentro da exploração.

Recentemente, vimos como controlar objectivamente a biossegurança externa, por meio do registo digital de visitas para todos os tipos de explorações, bem como sistemas de controlo de acesso, em explorações com alto nível genético ou em estruturas de negócios mais complexas. Portanto, resta responder ao controlo objectivo da biossegurança interna, que até agora só tinha sido possível por meio de inquéritos, visitas à exploração ou auditorias periódicas.

É importante definir, em primeiro lugar, que a biossegurança interna tem como objectivo prevenir que uma doença já existente na exploração se propague às diferentes zonas.

O novo sistema de controlo digital de biossegurança está voltado principalmente para o controlo de doenças de grande impacto económico, como o PRRS. Este sistema é composto por diversos transmissores bluetooth que estão instalados na exploração, permitindo saber quais as rotas de maneio criadas pelos colaboradores. Cada trabalhador recebe um pequeno transmissor portátil com tecnologia bluetooth, que deve usar durante toda a jornada de trabalho. Simultaneamente, detectores de proximidade com a mesma tecnologia são instalados em todas as entradas de cada instalação, incluindo vestiários ou zonas de troca de roupa e chuveiros.

Nas explorações é fundamental determinar quais os movimentos de risco específico, teoricamente definidos como aqueles que vão de uma área infectada para uma área livre de infecção. Estes devem ser apurados após um estudo detalhado de cada exploração, pois o sistema é flexível e dinâmico, podendo ser modificados a qualquer momento, caso o risco mude. Com o sistema em funcionamento, os aparelhos receptores permitem conhecer em tempo real os padrões de movimentação do pessoal e, após análise detalhada do pessoal técnico, é possível verificar o risco de disseminação da doença na exploração (Figura 1).

Figura 1. Análise do padrão de movimentos numa exploração com o sistema de controlo digital da biossegurança
Figura 1. Análise do padrão de movimentos numa exploração com o sistema de controlo digital da biossegurança

Com este sistema foi estabelecida a relação entre movimentos de risco e a presença de vírus de PRRS (Díaz et al., 2020). Para tal, os animais de todos os edifícios da exploração foram analisados ​​por PCR e ELISA para o vírus PRRS e, desta forma, os edifícios foram classificados em positivos para o vírus, com pelo menos um PCR positivo e edifícios negativos. Por fim, foi demonstrada a relação positiva entre movimentos de risco de pessoal e virémia de animais, concluindo que os edifícios classificados como PCR positivos tiveram em média 6,3% de movimentos de risco, enquanto nos edifícios negativos foi de apenas 2,6%.

Também foi possível controlar doenças como o PRRS (Arruda, 2020), e demonstrar a relação entre biossegurança e eficiência produtiva em explorações nos E.U.A. (dados não publicados). De acordo com este autor, em explorações positivas para PRRS, um aumento de 5 horas no tempo em que o tratador passa nas salas de parto foi associado a um aumento de um leitão desmamado para cada 10 ninhadas. Numa segunda exploração, um aumento no tempo gasto nas maternidades de aproximadamente 2 horas por trabalhador por semana aumentou o número de leitões desmamados em 1 leitão para cada 4 ninhadas. Esses resultados podem estar relacionados a um aumento nos cuidados com os animais, levando a um maior número de animais desmamados.

Ter todas essas informações facilita o controlo da biossegurança interna e oferece um sistema dinâmico, podendo ser actualizado e adaptado através do feedback que é gerado.

Parece, portanto, que a combinação de técnicas clássicas (inquéritos e auditorias) aliada ao conhecimento especializado do médico veterinário e, em conjunto com os dados objectivos obtidos automaticamente, representam a melhor combinação possível para garantir o controlo da biossegurança em qualquer tipo de exploração. O custo desses sistemas torna-os acessíveis a qualquer produtor.

Por fim, cabe destacar que, actualmente, o controlo à distância é mais cómodo e até necessário, podendo saber em tempo real e de qualquer dispositivo móvel se os protocolos estão a ser cumpridos de forma a actuar rapidamente para prevenir ou controlar danos.

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