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Cotação dos porcos mantém-se em Portugal na segunda quinzena de Agosto

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Na segunda metade de Agosto, a cotação dos porcos em Portugal, definida pela Bolsa do Porco, manteve-se inalterada.

3 Setembro 2021
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3 de Setembro de 2021

Na segunda metade de Agosto, a cotação dos porcos em Portugal, definida pela Bolsa do Porco, manteve-se inalterada, tal como aconteceu na primeira quinzena do mês. Em todo o caso, no mercado real houve diminuição do preço pago por alguns matadouros aos seus fornecedores.

O mercado continua com fracas vendas de carne, seja no mercado interno seja no mercado de exportação. A reduzida entrada, em Portugal, de turistas e emigrantes este Verão não permite que haja o aumento de consumo habitual neste período do ano em anos anteriores à pandemia.

Por outro lado, junta-se à redução de consumo interno, uma redução das compras de carne de porco portuguesa por parte da China o que, apesar da redução sazonal da oferta de porcos, implica um excedente de carne no mercado.

Além disso, neste mês de Agosto, em que a Bolsa do Porco definiu uma manutenção da cotação em Portugal, a cotação em Lérida baixou todas as semanas, ainda que valores relativamente pequenos e isso trouxe alguma instabilidade ao mercado nacional. Já sabemos que quando há descidas em Lérida, dificilmente não as há em Portugal, independentemente de a cotação espanhola ser bem mais elevada que a cotação portuguesa (ver cotação de Lérida mais abaixo).

Em Portugal continuam a não haver muitos porcos para abate, mas estes são suficientes para as necessidades do mercado. Os pesos não são muitos elevados, mas a tendência será de que estes subam já nas próximas semanas, pois iremos entrar em Setembro, mês em que a oferta de porcos costuma aumentar, os seus pesos também sobem e o consumo de carne diminui.

Este ano talvez não se note assim tanto a diminuição do consumo de carne de porco já que, como referi acima, há menos entrada de turistas e de emigrantes, o que quer dizer que o número de consumidores no mês que agora começa, não será muito diferente do número de consumidores existentes em Agosto.

O que na realidade é mais preocupante será o volume de compras de carne que a China poderá fazer no mercado europeu, quer em Portugal quer, principalmente, em Espanha, na Dinamarca e na Holanda. Muito do futuro do mercado do porco passa por estas negociações que deverão estar concluídas em Setembro e que firmarão negócios até final de Janeiro de 2022.

Sabemos que a China terá que continuar a comprar grandes volumes de carne de porco para satisfazer as necessidades dos seus consumidores, apesar de terem aumentado o significativamente o seu efectivo de porcas reprodutoras e, em consequência, o de porcos de abate. Todavia, não se sabe que quantidade irão comprar na Europa e a que preço, pois os chineses têm sempre a possibilidade de comprar mais ou menos quantidade em função da sua estratégia económica que os levará a preferir comprar nos Estados Unidos, no Canadá ou no Brasil em vez de o fazerem na U.E.. O que é certo é que os países referidos anteriormente não têm capacidade, por si só, de fornecer toda a quantidade de carne de porco que o mercado chinês necessita e isso deixa sempre espaço para a carne europeia.

Contudo, em Setembro a Europa terá mais porcos para abater e terá mais carne para colocar no mercado. Sabendo nós que a U.E. é excedentária na produção de carne de porco e que o mercado interno está “afogado” em carne (reduziram-se as exportações para a China e a Alemanha praticamente só vende dentro do mercado europeu e a preços baratos), temos um “grande bico d’obra” para resolver nas próximas semanas ou meses. A Espanha e a Dinamarca estão a fazer prospecção de novos clientes noutros países do Sudeste Asiático - não devemos esquecer que com o intuito de abastecer a China, os países Europeus descuraram mercados como o Japão, Taiwan, visto que estes mercados foram ocupados pelos Estados Unidos e pelo Brasil - e agora torna-se mais complicado recuperar os clientes perdidos nesses países. Independentemente do aumento das vendas europeias de carne de porco para o Vietname e para as Filipinas, este não é suficiente para tapar a redução das vendas para a China.

Em suma, ou há aumento das exportações para Países Terceiros, em quantidade suficiente e de forma sustentada para poder dar tranquilidade e margens positivas aos suinicultores e aos matadouros, ou então as cotações descem, os suinicultores europeus começam a vender porcos abaixo do custo de produção (em Portugal isto já acontecer numa grande maioria dos casos) e a solução será redução de efectivos a nível europeu para poder reduzir a oferta de porcos para abate e reequilibrar o mercado.

Entretanto, nesta quinzena, fruto das dificuldades em vender carne e para ganhar margem competitiva, a Alemanha desceu forte os seus porcos o que obrigou os restantes países a se reposicionarem. A Espanha acabou por ter descido, mas menos do que a Alemanha e nesta altura, a diferença da cotação entre ambos os países é de 0,223€/kg PV (Alemanha 1,01€/kg PV e Espanha 1,233€/kg PV). Portanto, num porco se 110kg PV os matadouros alemães pagam menos 24,50€/porco do que os espanhóis e isto dá grande margem de competitividade à carne alemã. Presumo que esta diferença não se possa manter por muito mais tempo e que é provável que os espanhóis tenham que descer a sua cotação para se aproximar da alemã de forma a que possam ter maior competitividade no preço da carne que terão que vender no mercado europeu.

As próximas semanas serão cruciais na definição do futuro próximo da fileira suinícola europeia.

Ainda no que toca às exportações europeias para Países Terceiros, e segundo dados do MPB francês, referentes ao 1º semestre de 2021, a U.E. teve um aumento de 16,7% no total das exportações (2 958 680 tons) para os mercados fora da U.E. em comparação com o mesmo período de 2020, sendo que a China lidera destacada com um volume de 1 693 240 tons (+6,2%), segue-se as Filipinas com um volume de 185 183 tons (+238,9%), o Japão com 169 857 tons (-12,8%), Hong Kong com 108 133 tons (+8,7%), Coreia do Sul com 111 679 tons (+2,6%), Vietname com 89 218 tons (+90,7%), EUA com 63 782 tons (+36,7%) e a Austrália com 52 073 tons (+43,7%).

Em Espanha a cotação desceu 0,038€/kg PV (+0,051/kg carcaça) para 1,233€/kg PV (1,644€/kg carcaça). A Mercolérida tem 12 semanas consecutivas de descida na cotação dos porcos e o acumulado é de 0,32€/kg PV (cerca de 0,427€/kg carcaça). Os pesos, que costumam baixar com significado nesta época do ano, têm-se mantido estáveis, mesmo com temperaturas de 40º C, o que quer dizer que os porcos não crescem com o calor, mas os abates são tão baixos que não permitem que o peso médio de abate desça. Setembro está aí e a oferta de porco para abate aumentará de certeza. Veremos como os espanhóis irão resolver o problema. A forme como os espanhóis conseguirem resolver o problema terá implicações no mercado português.,

Na Alemanha a cotação desceu 0,07€/kg carcaça fixando-se em 1,30€/kg carcaça. A oferta de porcos é abundante e as vendas de carne, quer no mercado alemão quer nos restantes países da Europa fazem-se com dificuldade, daí a necessidade de os matadouros terem voltado a descer a cotação dos porcos para terem mais competitividade na carne.

Na Holanda a cotação desceu 0,07€/kg carcaça para 1,40€/kg carcaça. Há grande oferta de carne de porco no mercado europeu e em conjunto com a forte descida da cotação na Alemanha, levou a Holanda a ajustar com força a sua cotação com o intuito de vender mais carne e conseguir escoar mais porcos, mas os matadouros alemães abatem menos porcos e, por isso, compram menos porcos na Holanda o que implica maior excedente de animais para abate na Holanda.

Na Bélgica a cotação baixou 0,03€ para 0,87€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação desceu 0,08€/kg carcaça para 1,20€/kg carcaça. A oferta de carne de porco fresca na Europa estabilizou-se, segundo os dinamarqueses pois a oferta de carne é muito superior à de há 3 meses atrás, mas a procura tem vindo a aumentar ligeiramente. A futura estabilidade do mercado dependerá do volume de abate dos próximos meses e dos volumes de venda para Países Terceiros. As vendas para o Japão estão boas, mas os chineses continuam cautelosos nas compras que vão fazendo.

Em França a cotação não sofreu qualquer alteração e ficou em 1,341€/kg carcaça. São 6 semanas e 12 sessões do MPB consecutivas sem qualquer alteração na cotação dos porcos no mercado gaulês. Os pesos desceram 300g para os 94,4kg, e estão 150g acima dos pesos do ano passado na mesma semana. O mercado em França está equilibrado, com uma procura de porcos calma, mas com a oferta sem grandes excedentes.

Comentários ao artigo

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14-Set-2021 correia.6bom artigo e muito bom escrito
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