15 de Junho de 2015
A cotação dos porcos em Portugal subiu 0,05€/kg carcaça na primeira quinzena de Junho. A subida continua a ser escassa mas é fruto do que se passa, não apenas no mercado português mas também nos restantes mercados da Europa. Boa oferta de porcos, consumos de carne baixos e promoções da carne de porco a preços “de arrasar” na grande distribuição.
A oferta de porcos terá tendência a reduzir-se já que as temperaturas subiram e este factor tem um papel fundamental no atraso do crescimento dos porcos. Veremos quanto se reduz a oferta e quanto se reduz o peso dos porcos enviados para abate.
Por outro lado, já é recorrente esta minha referência aos preços demasiadamente baixos da carne de porco nos supermercados, mas o que se vem assistindo não “lembra ao diabo”. Numa altura em que as cotações deveriam estar a subir (e arrisco-me a afirmar que o preço dos porcos poderia estar mais alto 15-20 cêntimos em quilograma que as vendas da carne seriam exactamente iguais) encontram-se promoções de carne de porco (bifanas e costeletas) abaixo de 2,00€/kg. Como é que isto é possível? Será que há vendas abaixo do preço de custo? Havendo, andam todos os agentes da Fileira a “assobiar para o lado” e a fingir que nada se passa? Ou será que estes mesmos agentes já se queixaram e as Autoridades que devem fiscalizar e monitorizar este tipo de situações (Autoridade da Concorrência, ASAE e demais) estão quietas e sossegadas sem desempenhar o seu papel no sentido de encontrar situações passíveis de sanção?
Com preços destes a indústria não ganha dinheiro e não permite que as cotações dos porcos subam levando a que os suinicultores tenham que suportar grande parte deste “desastre” dos preços. Até quando poderá durar uma situação destas? A resiliência dos produtores e dos industriais tem limite e não sei se esse limite não estará a ser atingido.
Nesta quinzena a Espanha também subiu a cotação dos seus porcos. Neste caso a subida foi de 0,035€/kg PV (+0,047€/kg carcaça), fixando a sua cotação em 1,22€/kg PV (cerca 1,627€/kg carcaça). Os pesos voltaram a baixar cerca de 700g em carcaça nesta quinzena. Apesar da descida dos pesos desde Maio, estes continuam cerca de 1kg acima do peso dos porcos no ano passado por esta mesma altura do ano.
Se os pesos, apesar de elevados, baixam é sinal que a procura é superior à oferta. Então porque não sobe a cotação? Porque há dificuldade em vender a carne a bom preço e este é o factor limitante em Espanha, tal como em Portugal e nos restantes Países da UE.
A Alemanha também subiu ligeiramente a sua cotação nesta quinzena. A subida foi 0,03€/kg carcaça fixando-se em 1,48€/kg carcaça. Neste país os pesos mantiveram-se o que é sinal de equilíbrio mas a indústria alemã queixa-se do mesmo problema que os restantes colegas europeus: a carne não suporta valorizações e tem que ser vendida ao mesmo preço já que existe grande concorrência entre a carne alemã, espanhola, holandesa, belga, dinamarquesa e francesa.
A Holanda e a Bélgica acompanharam o mercado alemão e subiram as suas cotações: +0,05€ na Holanda ficando a cotação em 1,42€/kg carcaça e +0,01€/kg PV na Bélgica ficando a cotação em 1,01€/kg PV.
A Dinamarca manteve a cotação em 1,29€/kg carcaça esta quinzena.
A França foi o país que teve uma subida mais significativa na sua cotação esta quinzena. O valor da subida foi de 0,068€/kg carcaça fixando-se a cotação em 1,311€/kg carcaça. Os pesos vêm descendo e as ofertas reduzem-se o que é um bom sinal para o mercado e para o equilíbrio oferta/procura que começa a ter tendência favorável aos suinicultores.
Um dado interessante publicado pelo MPB francês é o relativo à média das cotações europeias do preço dos porcos nos maiores produtores da Europa relativas aos primeiros 5 meses de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014. É de assinalar que as cotações são mais baixas entre 11% (Alemanha) e 14% (Holanda) em 2015 do que o eram em 2014, passando por -12% da Espanha, -13% da Dinamarca e 13,5% da França.
Aproximam-se, a passos largos, os meses de férias. Espera-se que a entrada de turistas em Portugal e Espanha, vindos do Centro e Norte da Europa permita que se estimulem os consumos de carne de porcos e que estes levem a uma subida mais significativa das cotações.