3 de Maio de 2018
Na segunda quinzena de Abril a cotação dos porcos em Portugal voltou a manter-se. São já 7 as semanas consecutivas sem qualquer alteração da cotação na Bolsa do Porco. O mesmo sucedeu, nesta quinzena, na grande maioria dos mercados europeus do porco.
Continua a haver algum excedente de oferta de porco com peso acima do normal ainda em consequência da Páscoa mas, principalmente, fruto da estagnação das exportações de carne para a China.
E o que se passa com a China, para que esteja a comprar menos? Pois, a sua produção aumentou significativamente e o consumo de carne de porco está retraído. Com estas condicionantes de mercado, o preço interno chinês baixa e dá poucas opções de venda aos seus fornecedores habituais. Evidentemente que, de entre os fornecedores chineses, a UE se ressente nas suas exportações e, em função deste comportamento, a carne europeia não saí e impede que a cotação dos porcos suba.
Por outro lado, e no que diz respeito às exportações para Países terceiros, começa a haver forte concorrência entre o Brasil, os Estados Unidos e a U.E.. Senão vejamos, o Brasil está impedido de exportar para a Rússia, que durante muitos anos foi o seu mercado preferencial e neste momento está a pressionar para exportar para a China. Os Estados Unidos, que estão “impedidos” de exportar para a China devido à aplicação de taxas aduaneiras de entrada dos seus produtos de carne naquele mercado, pressiona para meter carne no Japão e na Coreia do Sul. Ora bem, o Japão e a Coreia do Sul têm sido os grandes mercados na Ásia que têm absorvido a oferta de carne de porco da U.E. após a redução das compras por parte da China. Com tanta concorrência é difícil ir colocando carne europeia naqueles mercados a não ser que se baixem os preços de venda e isso é contrário áquilo que os produtores de suínos pretendem para as próximas semanas. Em todo o caso, as exportações da U.E. para a Ásia subiram 1% em Janeiro-Fevereiro de 2018, quando comparadas com o mesmo período do ano passado, se bem que o valor de exportação tenha descido 5%.
Com toda esta incerteza, e como referi acima, as cotações europeias apresentaram alguma estabilidade nesta quinzena. Vejamos:
Em Espanha a cotação manteve-se em 1,156€/kg PV (1,541€/kg carcaça). Os pesos mantiveram-se em redor dos 87kg e continuam 2,5kg acima dos pesos do ano passado. Com vendas mais débeis, seria natural que as cotações dos porcos pudessem descer, mas os matadouros continuam a abater todos os camiões de porcos que lhes chegam e queixam-se que o fazem à custa de perderem margem.
A Alemanha desceu a sua cotação 0,03€/kg carcaça na segunda metade de Abril sendo esta 1,42€/kg. A oferta de porcos é suficiente para cobrir a procura. O consumo interno de carne está estabilizado e tem havido pouca exportação, principalmente de miudezas, para a China o que afecta o bom funcionamento do mercado. Os pesos em carcaça desceram 300g nesta quinzena e estão nos 96,5kg.
A Holanda manteve a sua cotação em 1,42€/kg. Os holandeses referem que a oferta de porcos é elevada e que as boas temperaturas têm sido óptimas para estimular o consumo de carne de porco, mas este aumento do consumo ainda não é suficiente para fazer subir o preço dos porcos. Por seu lado, a Bélgica baixou 0,01€/kg PV a sua cotação ficando em 0,95€/kg PV.
A Dinamarca baixou a sua cotação 0,01€/kg carcaça, sendo esta 1,19€/kg carcaça. Os dinamarqueses referem que há muita oferta de carne no mercado europeu e que esta oferta está a impedir a subidas das cotações.
A França baixou 0,006€/kg carcaça a sua cotação na segunda metade de Abril sendo a cotação 1,185€/kg carcaça. Os pesos baixaram 500g para os 95,16kg carcaça.
Os produtores esperam ansiosamente a subida das cotações dos porcos, que tardam em acontecer. Será necessário que o mercado possa evoluir positivamente para que estas subidas aconteçam. Veremos quantas mais semanas são precisas.