16 de Setembro de 2016
Pela 8ª semana consecutiva que a cotação da Bolsa do Porco não sofre qualquer alteração, estando nos 1,826€/kg carcaça. Mas o mesmo não se passa no mercado “real”.
Com efeito, nas últimas semanas tem-se assistido a um descolar de preço entre o mercado real (negociação entre matadouros e produtores) e o preço da Bolsa. Ou seja, começa a alargar-se o tão afamado “diferencial”
Como era de esperar, com a descida das temperaturas os porcos aumentaram os pesos e isso permite que haja alguma oferta de porcos no mercado, ainda que não muito acentuada. Conjugando este dado com um aumento da quantidade de carne oriunda de Espanha, está criado o “facto” para que os matadouros possam descolar-se ainda mais do preço da Bolsa.
Em todo o caso, é de assinalar que este Setembro está a ser muito diferente de anteriores Setembros de anteriores anos, em que as descidas das cotações eram muito acentuadas. Ainda bem que em 2016 o mercado está com condições diferentes e permite oscilações de preço (no mercado real, note-se) bem menores do que as ocorridas nos anos precedentes, em que as descidas aconteciam no mercado real e na cotação da Bolsa.
Tal como já referi em anteriores comentários, a indústria tem dificuldades em valorizar a carne e vira-se para os produtores para tentar encontrar margem para poder vender mais carne aos seus clientes.
O que se prevê é que o mercado Europeu ajude o mercado português, já que se espera que a China volte às compras de carne de porco na U.E. a partir de Outubro, só que os chineses também estão à espera que o preço da carne desça para poderem comprar, já que é usual haver descidas de preço nesta altura do ano na Europa. Portanto, está tudo à espera uns dos outros. Uns (Europa) à espera que os outros (China) comprem, e os outros à espera que os uns baixem o preço da carne para comprar. Veremos que se aguenta mais tempo sem ceder.
Pelo comportamento que os restantes mercados europeus do porco têm tido, principalmente os dos países do centro-norte, parece-me que a Europa irá conseguir ter “mais força” do que a China. Mas esperemos mais um par de semanas para ver o que sucede.
Efectivamente, o mercado em Espanha, na primeira quinzena de Setembro, mostrou-se menos sólido que o mercado dos seus concorrentes do norte da Europa, principalmente a Alemanha. A cotação baixou 0,001€/kg P.V (cerca de 0,001€/kg carcaça) ficando a cotação em 1,320€/kg PV (cerca de 1,76€/kg carcaça). Os pesos em Espanha têm-se mantido mais ou menos estáveis, havendo descidas mais acentuadas nos pesos dos porcos das grandes integrações e ligeiras subidas nos porcos dos produtores independentes.
Tal como referi acima, os chineses apenas estão a carregar o que já compraram e no mercado asiático aparece a concorrência dos Estados Unidos e do Canadá com preços bastante competitivos. Há que aguardar, portanto, para ver o que os chineses irão comprar a partir de Outubro.
A Alemanha subiu ligeiramente a sua cotação na primeira quinzena de Setembro (+0,01€/kg carcaça) fixando-se a cotação nos 1,67€/kg. A procura de porcos para abate mantém-se equilibrada com a procura e os pesos tem subido ligeiramente (+200gr para os 95,5kg de carcaça). Com o fim das férias e o regresso dos alemães ao seu país (alemães e emigrantes que vivem e trabalham na Alemanha) tem havido mais procura de carne mas a indústria queixa-se que não consegue aumentar os preços de venda e com isto impede que haja subidas mais acentuadas nas cotações dos porcos.
Na primeira quinzena de Setembro a Holanda manteve a sua cotação em 1,61€/kg e a Bélgica subiu 0,01€/kg PV ficando a cotação em 1,17€/kg PV.
A Dinamarca subiu a sua cotação 0,02€/kg ficando a cotação em 1,42€/kg carcaça.
Em França a cotação subiu 0,028€/kg carcaça, fixando-se a cotação e 1,505€/kg carcaça. Para encontrar um preço no MPB acima de 1,50€ temos que recuar a Abril de 2014. Os abates continuam em bom ritmo e os pesos mantiveram-se nos 93,3kg carcaça, sinal do grande equilíbrio que há no mercado francês que também espera pelas compras chinesas (no seu mercado ou no dos seus vizinhos Espanha e Alemanha) para poder subir com maior significado as suas cotações.
Os ventos sopram de feição para o mercado europeu do porco e esperemos que não se tornem em tempestade. Veremos que nos trazem as próximas semanas para ter uma ideia do que se pode passar até final do ano.