01 de Março de 2019
Após a subida de 0,059€/kg carcaça na primeira metade de Fevereiro, a Bolsa do Porco voltou a subir mais 0,07€ na segunda quinzena do mês. Apesar da subida total ser de 0,129€/kg carcaça, os matadouros não acompanharam este valor, tendo-se ficado aquém do mesmo. Portanto, os produtores não viram reflectido, no valor que recebem por porco, o total da subida. O mercado assim o dita.
Há menos oferta de porcos para abate, mas há bastante dificuldade na venda de carne fresca e isso impede que se possa reflectir, no preço de venda da carne, a subida da cotação dos porcos. Daí haver este desfasamento (diferencial) entre a subida definida na Bolsa do Porco e a subida das cotações reais.
As cotações subiram nalguns países (Espanha, Holanda e Bélgica) e mantiveram-se noutros (Alemanha, Dinamarca e França). Os pesos dos porcos começam a descer com algum significado e começam a estar abaixo dos pesos de 2018 para a mesma altura do ano. A oferta é menor, os pesos descem e começa a haver alguma possibilidade de valorizar algumas peças de carne. Esta valorização acontece porque há menos oferta de porcos ou porque há maior procura de carne?
Se calhar, um pouco de ambos. OS chineses começam a comprar mais alguma carne do que o fizeram há algum tempo atrás. Isto é um bom sinal para o mercado Europeu e pode ser sinal de que os abates sanitários devido à Peste Africana são elevados e reduzem a oferta de porcos para abate.
Por outro lado, e no que diz respeito ao mercado chinês, os dados apontam para que as compras de carne de porco ao exterior, em 2020, sejam muito superiores às actuais visto que o reflexo do abate de reprodutoras por problemas sanitários se fará sentir apenas no próximo ano. Em todo o caso, há que suprir a falta de carne na China correspondente a mais de 1 milhão de cabeças que já foram abatidas entre leitões, porcos gordos e reprodutoras. A Cjhina terá que comprar carne em 2019, a incógnita é a partir de quando irão procurar maiores quantidades.
No que se refere às cotações, a Espanha subiu 0,047€/kg PV (+0,063€/kg carcaça) para 1,112€/kg (1,483€/kg carcaça). Os pesos desceram 850kg nos últimos 15 dias e já estão abaixo dos pesos de 2018.
Na Alemanha, a cotação manteve-se em 1,40€/kg carcaça. O mercado continua divergente porquanto a oferta de porcos subiu, apesar de ser considerada normal, mas os abates reduziram-se porque houve menos procura de carne. Por este facto, o peso subiu 300g nesta quinzena para os 96,7kg carcaça. A oferta de porcos vai diminuindo de forma paulatina mas não há aumento da procura de carne. A carne não se consegue valorizar e isso impede a subida da cotação dos porcos. Sem aumento de preço a carne vende-se de forma, mais ou menos, normal. Se houver subida do seu preço, as vendas caem.
A Holanda subiu a sua cotação 0,04€/kg carcaça, passando a cotação para 1,43€/kg carcaça. Esta cotação é 6 cêntimos inferior à cotação da mesma semana do ano passado. As queixas são as mesmas que nos outros países: não se consegue passar a subida da cotação dos porcos para o preço da carne. Segundo os holandeses, o Carnaval irá criar perturbações no comércio da carne em toda a Europa.
A Bélgica subiu a sua cotação 0,03€/kg PV passando para 0,89€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,14€/kg carcaça. O mercado da carne está parado e esperam-se novos impulsos para que as cotações da carne e dos porcos possam dar um salto.
Em França a cotação desceu 0,004€ nesta quinzena para se situar em 1,174/kg carcaça. Os pesos baixaram 130g para os 96,49Kg e estão 770g acima do peso da mesma semana de 2018. Há muita oferta de porcos para abate e muita oferta de carne no mercado, o que não permite que haja fluidez e melhoria substancial das condições de venda, quer de porcos quer de carne.
Tal como afirmam os holandeses, o Carnaval irá trazer algumas contingências ao mercado do porco Europeu, Veremos se os países onde há feriado irão trazer alguma carga negativa às cotações do porco e da carne e se esse comportamento negativo terá impactos nos restantes países europeus.