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17 de Dezembro de 2021
Os porcos subiram 0,03€/kg carcaça na Bolsa do Porco na primeira quinzena de Dezembro. A subida é um tónico interessante para os produtores de suínos portugueses, que estão a vender os seus porcos muito abaixo do custo de produção e a valores abaixo daquilo que recebem os produtores de outros países europeus.
Não é por esta subida que os suinicultores vão deixas de estar em margens negativas, mas é sempre melhor receber mais 3 cêntimos/kg do que a cotação ficar sem alteração.
As vendas de carne de porco em Portugal, com a aproximação do Natal, começam a aumentar a pouco e pouco, mas estão mais fracas do que em anos anteriores. Espera-se que estas aumentam substancialmente nas próximas 2 semanas.
Em toda a Europa o mercado tem comportamentos idênticos aos do mercado português. Começa a haver algum aumento nas compras de carne de porco por parte da indústria transformadora, de forma a poder ter os tradicionais produtos transformados de Natal, mas esse aumento de procura não é tão evidente como em anos anteriores e se lhe juntarmos o excesso de oferta de carne de porco existente no mercado interno da U.E., o estímulo sobre as cotações do porco é muito fraco.
Na realidade, houve alguma ligeira subida da cotação nalguns países do Norte da Europa (Alemanha, Bélgica e espera-se pela Holanda que costuma acompanhar estes movimentos de subida da Alemanha), tendo havido estabilidade em Espanha e em França. Apesar de ser habitual haver subidas da cotação dos porcos em Espanha nesta época do ano e estas ainda não terem ocorrido até agora, no país vizinho esperam que ao não ter havido subidas agora, que não haja descida em Janeiro, período em que há sempre menores vendas de carne.
Evidentemente que esta evolução dos mercados irá ocorrer em função da oferta e da procura de carne e da maior ou menor pressão que as indústrias tenham, no que a espaço de congelação diga respeito, para poderem retirar o excesso de carne do mercado colocando-o nas câmaras de frio e, assim, poderem conter uma eventual descida da cotação dos porcos em toda a Europa.
Além disso, a evolução do mercado europeu também estará dependente da evolução da pandemia de Covid-19 e das restrições que os diferentes Estados Membros aplicarem em cada um dos seus territórios. Estas restrições poderão condicionar a movimentação de pessoas e a habituais reuniões familiares o que, sem dúvida, implicará reduções nos consumos de carne.
Como se costuma dizer “o ano está feito” e espera-se um novo ano a arrancar com enormes dificuldades para os produtores de suínos pois deverão continuar as cotações baixo do custo de produção e as subidas, se as houver - e todas as indicações do mercado vão nesse sentido – ocorrerão se o mercado chinês as permitir.
Neste momento, a China compra pouco ou nada, visto que as compras de Dezembro não conseguirão chegar à China antes do Ano Novo Chinês, que será no dia 1 de Fevereiro e os chineses aguardam para virem às compras depois dessa altura. Este comportamento expectante dos chineses traz maiores dificuldades à venda do excesso de carne europeia.
As exportações para Países Terceiros estão com um bom ritmo, mas para países como o Filipinas, Japão, Coreia do Sul, Vietname. Apesar de boas vendas para estes países, a forte redução das vendas para a China e Hong Kong tem ajudado a criar todos os problemas que o mercado do porco tem atravessado nestes últimos meses de 2021.
No que diz respeito às cotações por países, em Espanha a cotação manteve-se em 1,02€/kg PV (1,36€/kg carcaça). Devido à redução de abates por causa dos feirados de 6 e 8 de Dezembro (mesmo com 2 dias feriado, os abates só se reduziram 15%), os pesos voltaram a subir e estão no seu nível mais elevado do ano. Há muita oferta de porcos para abate e há vontade e disponibilidade para os abater, mas a carne continua a ser em excesso e tem que ser vendida, maioritariamente, para os mercados dentro da U.E. onde existem enormes dificuldades de escoamento.
A Alemanha subiu a sua cotação 0,03€/kg PV para 1,23€/kg carcaça. Os matadouros deram indicação de que não iriam acompanhar esta subida e que manteriam o preço a pagar aos produtores. Veremos como irá reagir o mercado alemão a este “braço de ferro”. O peso desceu 300g para 97,3kg carcaça, e foi com base nesta descida de peso, em função do aumento dos abates, que os produtores entenderam que a cotação deveria subir.
Na Holanda manteve a cotação em 1,31€/kg carcaça e esfumou-se qualquer perspectiva de subida pré-natalícia. Os consumos internos estão muito fracos para o que é habitual nesta época do ano e a exportação também não é suficiente para trazer estímulos á cotação. Os pesos de abate estão estáveis.
Na Bélgica a cotação subiu 0,02€/kg PV para 0,77€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,13€/kg carcaça. As vendas de carne de porco são boas, mas as restrições por Covid impediram que estas fossem ainda superiores. Tal como em outros países europeus, o mercado dinamarquês esperava que o Natal pudesse ter permitido a subida da cotação dos porcos, mas isso acabou por não ocorrer porque com o aumento da procura de carne, também aumentou a sua oferta o eu acabou por equilibrar estes dois pratos da balança. Ao não haver desequilíbrios a favor da procura, a cotação não subiu.
Em França a cotação manteve-se em 1,247€/kg carcaça. Os pesos desceram 200g para os 96,3kg. O peso é 200g mais baixo que o do ano passado na mesma altura. A oferta de porcos é suficiente para as necessidades dos matadouros nesta altura do ano. Espera-se que nas semanas de Ano Novo o mercado possa animar mais um pouco já que é habitual haver promoções de carne de porco no início do ano.
Aproximando-se a época Natalícia e porque o meu próximo comentário de mercado só será feito em 2022, quero aproveitar para desejar a todos os meus leitores e suas famílias um Feliz e Santo Natal e um Próspero ano de 2022.
