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Cotações estáveis apesar do aumento do peso dos porcos

Em Portugal, a Bolsa do Porco também seguiu os restantes Países Europeus e manteve a cotação na primeira quinzena do ano.

15 de Janeiro de 2021

O início do ano caracteriza-se pela estabilidade das cotações em toda a Europa. Em Portugal, a Bolsa do Porco também seguiu os restantes Países Europeus e manteve a cotação na primeira quinzena do ano. Com os atrasos dos abates devido aos feriados da Festas, os porcos meteram peso e mesmo assim não houve necessidade de baixar as cotações. As vendas de carne, no mercado nacional, continuam normais para a época do ano e seguem em bom ritmo no que diz respeito às exportações para mercados de Países Terceiros. Esperemos que 2021 continue neste registo.

Aliás, a China, que por esta altura costuma reduzir compras, acabou o ano de 2020 e iniciou o ano de 2021 a comprar enormes quantidades de carne de porco em Espanha e este facto trouxe grande alívio ao mercado do porco e da carne e derivados na Península Ibérica.

Em Espanha o mercado está bem e recomenda-se, mas o mesmo não se passa nos Países do Norte da Europa apesar de a situação ser complicada, é menos grave do que se esperava. A Alemanha tem perto de 1 milhão de porcos atrasados por abater (devido à PSA e à Covid-19 que os proíbe de exportar para Países Terceiros) e a Bélgica continua com dificuldades nos abates de todos os seus porcos. Para além disso, estes países continuam com cotações muito baixas para o porco de abate. A Holanda tem um cenário menos complicado, visto que os porcos atrasados desapareceram, apesar de se esperar reduções na venda de carne de porco que já são habituais nesta altura do ano. A Dinamarca melhor consideravelmente a sua situação no que diz respeito a porcos atrasados para abate (relembro que tiveram matadouros que não puderam exportar carne devido a problemas com infectados por Covid-19 entre os seus trabalhadores), pois “só” tem cerca de 240 mil porcos nesta situação e as vendas para mercado exteriores à U.E. estão em alta. A França, tem o mercado interno a “puxar” pela carne de porco devido às habituais promoções de início de ano, o que permite reduzir o excedente de porcos que ficaram por abater devido aos feriados de Natal e Ano Novo.

Quem tem Peste e Covid, não pode exportar. Quem não tem Peste, mas tem Covid também tem algumas dificuldades em exportar e quem não tem Peste nem tem Covid (nas suas unidades de abate e de desmancha) exporta a todo o vapor.

Em Portugal, o início de um novo confinamento geral, como o que ocorreu em Março/Abril passado, será uma incógnita para o mercado do porco em todas as suas vertentes (porcos de abate, leitões de assar e leitões para recria). O fecho dos restaurantes e de todo o canal HORECA trará novas dificuldades aos produtores de leitão de assar, mas não tanto aos produtores de porcos para abate. A carne continuará a consumir-se nos lares dos portugueses, se bem que o seu consumo global no todo nacional será inferior ao habitual, devido ao referido encerramento dos restaurantes. Ficaremos expectantes para ver em que medida será afectada toda a fileira do porco nacional.

Ao entrar no novo ano, começam a aparecer estatísticas referentes às cotações médias definidas nas negociações realizadas nas organizações de mercado (nas Bolsas) de cada um dos países e é de salientar que a cotação média em 2020 foi inferior à de 2019 na quase totalidade dos países Europeus, com excepção da Dinamarca.

Assim, as cotações foram as seguintes (fonte: MPB)

PAÍS 2019 2020 %
Holanda Vion 1,777€ 1,635€ - 7,98
Dinamarca 61% 1,484€ 1,557€ + 4,94
Alemanha AMI 57% 1,732€ 1,563€ - 9,73
Espanha Lérida PV 1,348€ 1,332€ - 1,19
MPB 56 TMP 1,496€ 1,390€ - 7,09

Como em Portugal a Bolsa do Porco não define cotação, é-nos de todo impossível apresentar uma cotação média da Bolsa e analisar a sua variação face ao ano anterior. Todavia, presumo que a cotação em Portugal, no ano 2020, também tenha sido inferior à cotação do ano anterior.

Devo salientar que os produtores na Dinamarca ainda recebem royalties no final do ano. Normalmente o valor costuma ser de cerca de 0,17€/kg carcaça. Mas como o valor costuma ser idêntico todos os anos, não haverá alteração relativamente à variação percetual da cotação entre 2019 e 2020. Em todo o caso, se juntarmos os 0,17€/kg à cotação apresentada acima, os suinicultores dinamarqueses venderam os seus porcos a em preço médio que rondará 1,73€/kg carcaça. Será quiçá o mais elevado de todos os países da U.E.

Outro dado que me parece importante analisar é o dos abates. Com dados que ainda não representam a totalidade do ano de 2020 nalguns países, devemos salientar a redução forte dos abates na Alemanha (dados para 51 semanas) que baixou 5,57% (- 600 mil porcos abatidos) e o forte aumento de 5% em Espanha (dados para 46 semanas) com mais 2,2 milhões de porcos abatido, tornando-se o país onde se abatem mais porcos em toda a U.E. Também importante é o aumento de 4,92% no número de porcos abatidos pela Dinamarca em 52 semanas (+ 800 mil porcos)

No que diz respeito às cotações

Em Espanha a cotação manteve-se na primeira quinzena de Janeiro em 1,096€/kg PV (1,461€/kg carcaça). Os pesos subiram 1,2kg no período compreendido entre o Natal e o fim da primeira quinzena de Janeiro. Espera-se que a exportações continuem em ritmo elevado para poder dar sequência à oferta de porcos.

A Alemanha manteve a sua cotação 1,19€/kg carcaça. Os pesos baixaram 200g nesta quinzena para os 98,6kg. Se nesta altura do ano já há dificuldade em conseguir abater todos os porcos que são oferecidos no mercado, este ano com os factores adicionais já referidos acima, o mercado está muito complicado quer para o abate de porcos quer para a venda de carne. Em todo o caso, e apesar de o mercado estar “pesado”, os alemãs esperam que as cotações se possam ir mantendo.

Na Holanda a cotação manteve-se em 1,32€/kg carcaça. Na Bélgica a cotação manteve-se em 0,71€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,28€/kg carcaça. O mercado vai evoluindo para reabsorver os excedentes de porcos do Natal devido a uma ligeira melhoria no consumo de carne de porco e no aumento das vendas para Países Terceiros.

Em França, a cotação manteve-se em 1,201€/kg carcaça. Os pesos subiram 400g para os 98,1kg e estão 500g acima dos pesos do ano passado na semana. O mercado está fluido e as vendas seguem em bom ritmo devido, principalmente, às promoções habituai de início do ano.

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